Pensar em grande
Em 1921 um cirurgião desconhecido, de nome Frederick Banting, bacharel em Medicina, pensou numa forma de isolar uma substância que pudesse curar a diabetes. Banting apresentou a sua ideia ao coordenador dos estudos sobre a diabetes no Canadá. Nessa altura, o professor John Macleod não deu muita importância às teorias de Banting. No entanto, este conseguiu convencer Macleod a ceder-lhe um laboratório, com um mínimo de equipamento. Banting também conseguiu ter como assistente um estudante de Medicina, chamado Charles Best. Assim, ambos começaram a trabalhar.
Em Janeiro de 1922 uma substância a que chamaram “insulina” foi testada pela primeira vez num ser humano com diabetes, um jovem de 14 anos chamado Leonard Thompson. A experiência foi um secesso.
Em 1923 Banting e Macleod foram distinguidos com o Prémio Nobel da Medicina. Banting pensou que o seu assistente, Charles Best, merecia mais mérito do que lhe deram e partilhou com ele o dinheiro do prémio.
As grandes empresas farmacêuticas ofereceram a Banting enormes somas em dinheiro, em troca da fórmula da insulina. Ofereceram-lhe o cargo de director de uma clínica de insulina, que faria chegar o medicamento a todos os que pudessem pagar.
Contudo, Banting disse que a insulina era a sua oferta à Humanidade e que seria disponibilizada gratuitamente a todos os que dela necessitassem, em vez de se tornar num produto comercial que desse lucros a alguém.
Um Grande Homem, um Grandioso Coração, uma Alma Grandiosa, um Exemplo de Magnanimidade. “Magnanimidade” tem raiz nas palavras latinas “magna” (grandioso) e “animus” (mente). A “Enciclopédia Católica” (edição revista pelo “Our Sunday Visitor”) define magnanimidade como sendo “a virtude que leva alguém a praticar acções moralmente boas de qualidade excepcional. Pessoas magnânimas estão predispostas a realizar acções de extraordinária generosidade, bondade e caridade; não com o objectivo de ganharem fama, glória ou reconhecimento público, mas simplesmente apenas para fazerem o que está correcto, bom ou é necessário”. A magnanimidade é uma característica dos santos. Os santos pensam grandiosamente.
Noah Webster descreve a magnanimidade como “grandiosidade de pensamento; essa elevação ou dignidade da alma, que faz enfrentar o perigo e os problemas com tranquilidade e firmeza, que eleva o possuidor acima da vingança, e faz com que ele tenha prazer nos seus actos de benevolência, que faz com que desdenhe a injustiça e a mesquinhes, e leva-o a sacrificar o conforto pessoal, os seus interesses e segurança, para a realização de acções e objectivos nobres”.
A magnanimidade encontra-se entre a pusilanimidade de um lado e a presunção, vanglória e ambição do outro lado.
A pusilanimidade (literalmente, “pequenês da alma”) tem mentalidade estreita, é mesquinha. Um homem pusilânime pensa constantemente em si próprio e não esta preparado para o sacrifício de se dar aos outros. Vive num mundo muito pequeno – o seu próprio pequeno e confortável mundo. Não almeja grandes coisas e chafurda na sua mediocridade. “Optou por uma reforma antecipada”, de acordo com as palavras do Papa Francisco.
Por outro lado, tornamo-nos presunçosos quando pensamos que pudemos fazer mais do que na realidade somos capazes. No “Livro da Revelação” encontramos palavras muito fortes para com os presunçosos: «Vós dizeis, eu sou rico, eu sou próspero, eu não preciso de nada: sem saberdes que sois miseráveis, lamentáveis, pobres cegos e nus (3:17)».
Somos vãos quando queremos que os outros pensem bem de nós, falem bem de nós, ouçam o que dizemos, peçam a nossa opinião, que nos admirem e nos vangloriem. Somos vãos quando pensamos que somos o centro das atenções. E quando nos parece que os outros não nos estão a dar atenção, fazemos tudo para lhes chamar a atenção.
O homem magnânimo sonha grande, mas não para si mesmo. Existe uma forma boa de ambição e outra má. De facto, os santos foram as pessoas mais ambiciosas que viveram – ambicionavam o amor de Deus.
A má forma de ambição resulta do orgulho. Apenas deseja excelência pessoal, conforme foi sugerido pela serpente: «Tu serás como Deus (Génese 3:5)».
Pe. José Mario Mandía