ADVENTO TAMBÉM É RENOVAÇÃO DE VIDA

ADVENTO TAMBÉM É RENOVAÇÃO DE VIDA

Retorno à normalidade possível

A viagem de regresso ao Luxemburgo já estará terminada quando esta crónica chegar às bancas, com a vida a seguir em frente. Mas também estará bem presente na nossa mente o infortúnio que nos bateu à porta e que remeteu a minha mãe para uma cama de hospital, sem grandes prognósticos de voltar a ser a mesma pessoa que sempre foi. No entanto, não nos podemos deixar ir abaixo e temos de continuar a lutar pelos nossos sonhos e objectivos, sem nunca deixar de pensar na nossa matriarca, na nossa filha e restante família e amigos. Se nos deixarmos ir abaixo será para a mãe, que sempre foi lutadora, uma enorme decepção.

No regresso, vamos tentar retomar tudo o que ficou num hiato, no último Dia de Finados, e continuar a encetar esforços para estabilizar a vida por estes lados. Muito há a fazer, desde logo, começar por encontrar uma casa onde morar, pois não se pode ficar no hotel para sempre. Se bem que a Maria nem se importava…

Encontrar casa é pois urgente, até porque tivemos de deixar o “Panda” (o nosso novo cão) em Portugal, por falta de condições para o alojar. Ficou à guarda de um tratador de cães, que se disponibilizou para o acolher o tempo que for necessário. Esperemos que a separação seja curta; é que se o Panda precisa de nós, não é menos verdade que também nós precisamos dele. A ligação e interdependência que se criou nestes poucos meses de convivência é por demais evidente. Para já, descansa-nos saber que ficou bem entregue e que será bem tratado. Muito provavelmente, na nossa próxima ida a Portugal regressará connosco ao Luxemburgo.

Acreditem que antes gostaria de vos estar aqui a escrever sobre uma qualquer igreja ou local religioso do Grão-Ducado mas, infelizmente, tal ainda não é possível. Espero que nas próximas semanas, com todas as deslocações que terei de fazer pelo País à procura de trabalho, vos possa trazer alguns dos pequenos segredos guardados nestes edifícios magníficos e centenários, carregados de história e significado.

Há um local bem perto do restaurante onde a NaE trabalha, chamado Teatro dos Capuchinhos, que irá merecer atenção da minha parte. Acontece que não havendo qualquer tipo de informação no exterior do local ou mesmo na Internet, nada consigo encontrar sobre o seu passado. Muito provavelmente, terei de encontrar alguém que me possa elucidar acerca da história anterior a ser um teatro. Até à data, consegui apenas apurar que se trata das instalações de um antigo convento da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, possivelmente construído em 1623. Durante a Revolução Francesa foi utilizado como depósito de armas; anos depois, foi entregue à população, passando a albergar o espaço actual, dedicado às artes performativas. Em 1985, após uma profunda intervenção por parte das autoridades civis, ganhou a fisionomia que hoje apresenta, estando à disposição do público. O calendário de actividades é bastante recheado ao longo do ano, tomando especial relevo a época natalícia, sobre a qual vos irei escrever nas próximas semanas.

Aliás, a época do Natal é celebrada no Luxemburgo com excepcional dedicação, embora haja grandes diferenças quando comparado com o Natal a que estamos habituados em Portugal. Claro está que tem a vantagem de irmos aprendendo todas estas nuances, que são sempre enriquecedoras. A Cidade do Luxemburgo está já transformada num grande bazar de Natal, sobretudo aos fins-de-semana. Nem o mau-tempo, com frio e chuva, tem demovido os residentes locais de saírem de casa para fazerem as compras de Natal.

Nos últimos dias que antecederam mais uma partida de Portugal, gastámos uma boa parte do nosso tempo a tentar encontrar espaço na autocaravana, a fim de conseguirmos arrumar uma série de caixotes e malas. É que antes de virmos para o Luxemburgo tivemos de guardar os utensílios de cozinha da NaE, para além de roupas, brinquedos e tudo o mais que possam imaginar. Dois adultos, uma criança e um cão não é “pêra doce” em termos de “tralha” acumulada.

Dadas as circunstâncias, decidimos regressar ao Luxemburgo por via terrestre. Inicialmente, a ideia era enviar os referidos caixotes e malas por meio de um despachante (dos inúmeros que diariamente transportam bens pessoais entre Portugal e o Luxemburgo), uma tarefa que ficou de ser feita pela mãe. Actualmente, perante a situação que a nossa família está a viver, foi necessário encontrar outra solução e o recurso à autocaravana foi a que nos pareceu mais apropriada. Aliás, caso não haja espaço para guardar tudo no novo apartamento, os caixotes e as malas podem ficar “armazenados” dentro da autocaravana.

Até já havíamos planeado vender a autocaravana mas no quadro actual iremos mantê-la por mais algum tempo. Será também útil para ir buscar o Panda e trazê-lo até à sua nova casa.

Nos próximos dias, os pais irão mostrar a cidade do Luxemburgo à Maria e retomar os contactos que ficaram suspensos. Depois é o início de um novo ciclo, já a três, sendo que há muito a tratar, como por exemplo a admissão da Maria numa escola local. Uma vez que ainda não estou a trabalhar, por enquanto vou tendo tempo para resolver todos os assuntos pendentes, o que deixará de acontecer assim que encontrar uma nova ocupação profissional.

João Santos Gomes

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