Pondo ordem nos nossos pensamentos
Era o primeiro dia de aulas, no Outono de 1917, em Logroño (Espanha). Enquanto os estudante de D. Rafael Escriche entravam para a sala de aula, um laboratório de química, sujo e desarrumado, deu-lhes as boas vindas. O professor, não querendo perder tempo, dizia aos estudantes para se ocuparem apenas com os tubos de ensaio, ampulhetas e frascos, de que precisassem em cada aula; que os limpassem cuidadosamente, antes e depois de usados, e que os colocassem correctamente nos seus devidos lugares. Desta forma, depois de algumas aulas, todas as peças do equipamento escolar estavam limpas e guardadas correctamente.
Um dos seus estudantes, São Josemaría, relembrou esta lição prática durante toda a sua vida, e aplicava-a sempre que se deparava com uma situação semelhante. Mais tarde viria a escrever: “Uma ‘Grande’ santidade consiste em preencher as ‘pequenas obrigações’ de cada momento” (O Caminho, ponto nº 817).
Já vimos anteriormente que Deus trabalha de forma ordenada e que nos convida a vivermos uma vida ordeira, com um claro sentido das prioridades: Deus, Família, as outras pessoas, trabalho. E só então – no fim de tudo – nós próprios. Quando não seguimos esta hierarquia (o que acontece quando o Facebook se sobrepõe ao Santo Rosário, ou a visita à Disneylândia ocupa o tempo da Missa Sagrada, ou ainda quando um novo carro substitui um possível terceiro filho…) descaímos para o caos (“entropia”). O pecado é basicamente uma quebra na ordem instituída, sendo assim uma desordem.
Há muitos aspectos da nossa vida onde temos que observar a Ordem: nas nossas coisas, na gestão do nosso tempo, no nosso coração, nos nossos pensamentos.
Mas podemos dizer que tudo começa por pormos ordem nos nossos pensamentos? Se os meus pensamentos estiverem desordenados, se a minha mente estiver obscurecida, a minha fala ou a minha escrita farão pouco ou nenhum sentido, as minhas acções, provavelmente, também serão inconsistentes ou erráticas. É por essa razão que nós precisamos de formar e disciplinar a mente.
Assim, a “Grande Aprendizagem” (Great Learning), do qual reproduzimos algumas passagens na semana passada, continua e diz: “As coisas foram investigadas, o conhecimento tornou-se completo. Com o seu conhecimento agora completo, os seus pensamentos tornaram-se sinceros. Sendo os seus pensamentos sinceros, os seus corações foram assim corrigidos (melhorados). Com os seus corações corrigidos, as pessoas foram educadas. Tendo educado as pessoas, as suas famílias foram regulamentadas. Com as suas famílias regulamentadas, os Domínios (territórios, distritos, Estados) passaram a ser governados correctamente. Com os seus domínios correctamente governados, todo o Reino ficou em paz e feliz”.
Mas que coisas podemos nós investigar para completar o nosso conhecimento? Uma maneira importante de o fazer é lendo livros com conteúdos de interesse. Se forem escolhidos correctamente, os livros aumentam os nossos conhecimentos da realidade que nos rodeia, fornecem-nos uma nova visão, ajudam-nos a organizar as nossas ideias de uma forma lógica, treinam-nos no uso do pensamento crítico. Tornam-nos em “anões aos ombros de gigantes”; as pessoas crescem (engrandecem) com os conhecimentos dos sábios do passado.
Este facto é ainda mais importante para os católicos. Um dos maiores inimigos da Fé é a ignorância. Devemos ter um tempo, regular, para lermos diariamente um livro de cariz espiritual. Digamos, dez a quinze minutos por dia. Consulte-se com o seu guia espiritual sobre os livros que são melhores para si.
Não tem um guia espiritual? Então comece a procurar um… já!
Pe. José Mario Mandía