Evangelizando novos corações
Pelo segundo ano consecutivo, jovens da diocese de Macau embarcaram numa viagem plena de significado à remota ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, onde realizaram uma vibrante missão entre 2 e 14 de Julho.
A iniciativa reuniu seis jovens participantes – quatro da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, localizada na ilha da Taipa, e dois da paróquia da Sé Catedral –, os quais se juntaram aos jovens da paróquia de São João Baptista, em Porto Novo (Cabo Verde), formando assim uma comunidade dinâmica de doze pessoas, sob a orientação do respectivo pároco, padre José Pires, OFMCap, e do padre Eduardo Emilio Aguero, SCJ, vigário paroquial da igreja de Nossa Senhora do Carmo para a comunidade de língua portuguesa.
O principal objectivo da missão foi promover o intercâmbio cultural e espiritual entre os jovens de Macau – muitos deles com raízes em Moçambique, Angola e Cabo Verde – e os jovens de Santo Antão. Todos os dias começavam com um momento de oração e adoração eucarística, seguido de sessões de formação espiritual baseadas nos ensinamentos do Papa Bento XVI sobre São Paulo, o Apóstolo. À noite, os jovens missionários rezavam juntos o Rosário, enquanto caminhavam tranquilamente ao longo da costa da ilha.
Os seus esforços de evangelização estenderam-se às famílias locais, que visitaram em pequenos grupos, tendo a estas oferecido orações e companhia. A comunidade também estabeleceu contacto com membros vulneráveis da sociedade, incluindo crianças de um jardim-de-infância, gerido por frades capuchinhos; residentes de um lar infantil e de um lar para crianças e adultos com necessidades especiais; e ainda idosos que vivem numa instituição de cuidados de saúde. Com recurso à música, à narração de histórias e ao diálogo sincero, os jovens criaram laços que transcenderam a idade e a origem, oferecendo alegria, amizade e fé. As tradicionais “mornas” foram cantadas em celebração, e os momentos de oração tornaram-se experiências partilhadas de graça e cura.
A missão não só cultivou a solidariedade e o discipulado entre os participantes, como também iluminou o poder duradouro da fé, do serviço e da fraternidade intercultural.
A seguir, publicamos algumas breves impressões relatadas pelos jovens a’O CLARIM:
JOVENS DE MACAU
Kirsy
Gostei do facto de termos conseguido integrarmo-nos bem com o grupo de jovens de Porto Novo. Gostei também das visitas que fizemos ao jardim-de-infância, à casa dos portadores de deficiência e aos lares de idosos e de crianças com problemas familiares.

Hilton
A missão ajudou-me a comunicar mais com o Senhor. Tenho mais paz no coração porque consegui aproximar-me mais de Deus.
Edna
Gostei muito da missão, foi uma experiência muito boa. Nunca tive uma experiência assim. Aprendi mais a amar o próximo e a fortalecer mais a minha fé. Gostei muito da adoração eucarística e da visita às famílias.

Rafaela
As pessoas de Porto Novo foram muito acolhedoras, trataram-nos muito bem. As crianças são muito afáveis. Os jovens de Porto Novo entregam-se muito à Eucaristia e levam a sério o sentido de ser cristão. Gostei!
Tiago
Quando cheguei a Porto Novo, pensei que seria excluído de alguma forma ou que não conseguiria integrar-me nas pessoas locais, porque era o único não africano; mas não podia estar mais errado. Quando lá cheguei, conheci primeiro os padres capuchinhos que nos receberam muito bem no seu convento e falavam connosco como amigos ou pais. Tomei coragem de me aproximar dos jovens locais e agora, no final, sinto que fomos mesmo parte de uma família. Foi uma experiência espectacular que adorei viver. As pessoas fizeram-me sentir feliz.

Beatriz
Adorei visitar as crianças no jardim-de-infância e nos lares. Foi uma experiência que me ajudou a descobrir os meus dons e a minha alegria de servir os mais novos.
JOVENS DE PORTO NOVO
Eduardo
Nesta experiência aprendi que a vida não é fácil. Mesmo morando em Porto Novo não sabia acerca da precariedade das famílias em Porto Novo. Tivemos uma boa interacção com os jovens de Macau; foram bons amigos e agradeço-lhes por terem sido tão abertos connosco. A formação foi crucial para reflectirmos principalmente sobre a realidade de hoje em dia. São Paulo ensina-nos a viver como irmãos e a ajudar sempre os mais necessitados.

Ricardo
A integração dos jovens foi muito boa, pois houve uma convivência muito intensa e fomos aprendendo uns com os outros – contámos histórias, partilhámos experiências de vida, e isso gerou uma amizade intensa entre nós. Aprendi sobre a grande conversão de São Paulo no seu encontro com Jesus, quando ele perseguia os cristãos.
Laura
Gostei das visitas, adorei as crianças, mesmo que isso me tenha feito lembrar um pouco do meu passado. Tivemos uma boa convivência. Não imaginei que iria fazer amizade com todos eles. Sou um pouco tímida. Fiquei a entender mais o que São Paulo e São João nos ensinaram.

Kyury
Esta experiência ajudou a fortalecer a minha fé e o meu compromisso na Igreja como acólito.