Um mal ou um bem do Mundo, onde a abundância é cada vez mais desigual

Violam as criptomoedas o Catecismo da Igreja Católica?

Os defensores das criptomoedas apregoam um sem número de vantagens no seu uso, como por exemplo o lucro fácil. Há também quem as veja com grande reserva por fomentarem as actividades criminosas. São as criptomoedas um mal ou um bem do mundo, onde a abundância é cada vez mais desigual?

«Uma das vantagens do uso das moedas criptografadas reside na possibilidade de evitar gastos duplicados com terceiros. Na verdade, não existe uma autoridade central que controle os “bitcoins”: não há nenhum banco, organização ou empresa que administre os seus fluxos ou valor. Significa isto que não há comissões [a pagar], como há por exemplo com o uso de cartões de crédito.

No entanto, a outra consequência é que, desta forma, as criptomoedas são atractivas para as trocas de natureza criminosa: as identidades dos usuários são, de facto, ocultas», escreve Cristian Martini Grimaldi na edição online do L’Osservatore Romano do passado dia 6 de Fevereiro.

As criptomoedas foram tema de debate no último Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça). No encontro, que reuniu a elite da economia mundial em Janeiro deste ano, ficou estabelecido que apesar de serem um investimento interessante as criptomoedas não podem ser consideradas “moeda”.

«Os bancos centrais fomentaram o sistema [financeiro] durante séculos. Temos um bom sistema a funcionar», disse o prémio Nobel da Economia Robert Shiller, em declarações reproduzidas pel’O Globo. Já a Primeira-Ministra britânica, Theresa May, referiu à Bloomberg que o seu Governo leva «muito a sério» a criptografia, «devido à maneira como é usada, particularmente por criminosos».

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) sustenta que “cada um tem o direito de iniciativa económica”, sendo que “usará legitimamente os seus talentos para contribuir para uma abundância que seja de proveito para todos e para colher os justos frutos dos seus esforços”. Porém, cada um “cuidará de seguir as prescrições emanadas pelas autoridades legítimas, tendo em vista o bem comum”.

Sobre os “fins da economia”, o CIC sublinha que “o desenvolvimento das actividades económicas e o crescimento da produção estão destinados a servir as necessidades dos seres humanos”, dado que “a vida económica não visa somente multiplicar os bens produzidos e aumentar o lucro ou o poder; antes de tudo, está ordenada ao serviço das pessoas, do homem na sua totalidade e de toda a comunidade humana”.

Em jeito de conselho, o CIC adverte: “Conduzida segundo métodos próprios, a actividade económica deve ser exercida dentro dos limites da ordem moral, segundo a justiça social, a fim de corresponder ao plano de Deus sobre o homem”.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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