Projecto Científico entre USJ e Centro de Investigação do Porto

Mangal da Taipa no combate à poluição.

A Universidade de São José (USJ) e o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), com sede no Porto, estão a dar corpo ao projecto que pretende estudar o mangal junto às Casas-Museu da Taipa.

«Juntamente com o Instituto de Ciência e Meio Ambiente [da USJ], temos o projecto que pretende estudar as plantas de mangal como bio-remediadores, para saber o seu papel na captação e retenção de poluentes, nomeadamente de pesticidas e de metais», disse a’O CLARIM a investigadora sénior do CIIMAR, Patrícia Cardoso.

«Estas plantas de mangal são típicas de ambientes tropicais. Aqui [em Macau], como existe menos informação, achámos interessante submeter esta temática ao conhecimento público», sublinhou a investigadora, acrescentando que «o projecto está agora a começar e tem a duração de três anos».

«Esperamos, realmente, salientar a importância de preservar estas plantas, porque no fundo passam por ser filtros biológicos que acabam por reter uma grande parte desses contaminantes. As plantas de mangal são muito importantes, não só nesse papel, como também noutros. No entanto, estão cada vez mais a desaparecer nesta zona», referiu, à margem da palestra “Efeitos Interactivos de Aquecimento, Acidificação e Progestinas nos Sistemas Aquáticos”, que decorreu na passada quarta-feira no auditório da USJ.

Durante a palestra, Patrícia Cardoso partilhou algumas ideias sobre os seus últimos tópicos de investigação relacionados com os efeitos combinados entre alterações climáticas e determinados níveis de poluição.

«Neste caso, são uma classe especifica de hormonas, as progestinas, que até ao momento estão muito pouco estudadas, mas são muito relevantes», explicou a investigadora, frisando que tem sido o seu «novo tema de pesquisa ao longo do último ano».

«Trata-se de hormonas que fazem parte dos contraceptivos e também são usadas ao nível das terapias hormonais de substituição, como é o caso da terapia do cancro. São moléculas sintetizadas que não são naturais e estão continuamente a ser descarregadas para os nossos sistemas aquáticos, existindo ainda muito pouca informação sobre os seus efeitos, neste caso nos organismos aquáticos», aclarou.

De igual modo, disse que as alterações climáticas – o aquecimento global e a acidificação dos oceanos – «são temas relevantes», sem esquecer «a poluição dos sistemas aquáticos e a forma como estes dois tipos de stress poderão interagir».

«Há muitos trabalhos isolados apenas relativamente a cada um deles, seja na área das alterações climáticas ou na área da poluição dos sistemas aquáticos. No entanto, ainda há uma grande lacuna na literatura sobre a interacção destes dois factores de stress», concluiu.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *