PADRE RAMON MANALO, SSP, CELEBROU 55 ANOS DE SACERDÓCIO

PADRE RAMON MANALO, SSP, CELEBROU 55 ANOS DE SACERDÓCIO

«Um missionário deve caminhar com as pessoas, partilhar as suas vidas e ouvi-las»

UMA VIDA DE SERVIÇO E MISSÃO – Durante mais de cinco décadas, o padre Ramon Abadício Manalo, SSP, percorreu o caminho do Sacerdócio com uma dedicação inabalável. Membro filipino da Sociedade de São Paulo, o ministério levou-o através de diferentes missões até ao coração dos fiéis. A 17 de Maio, a paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa, celebrou o 55.º quinto aniversário sacerdotal com Missa Solene, presidida pelo próprio padre Manalo, que foi coadjuvado pelos párocos assistentes, padre José Marques e padre Eduardo Emilio Agüero, SCJ, na presença do pároco, padre Domingos Un. A celebração continuou com um alegre almoço comunitário, em que paroquianos e clérigos se reuniram para honrar o seu serviço ao longo da vida. Enquanto sacerdote, comunicador e missionário, o padre Manalo encarna um profundo compromisso com a Igreja e um amor genuíno pelas pessoas que serve. Estivemos com ele sentados a reflectir sobre o seu percurso – de Roma para as Filipinas e depois para Macau – marcado pela fé, resiliência e um profundo sentido de cuidado pastoral.

O CLARIM – Padre Manalo, recue-nos até ao dia da sua ordenação. Como é que tudo começou?

PADRE RAMON MANALO – Fui ordenado em Roma, no Vaticano, a 29 de Maio de 1970. Foi uma experiência profundamente comovente, não só para mim, mas para muitos outros. Estavam presentes cerca de 250 diáconos de diferentes congregações, incluindo 25 da Sociedade de São Paulo. O momento tornou-se ainda mais histórico porque o prelado ordenante foi o Papa São Paulo VI, que nesse mesmo dia celebrava as suas Bodas de Ouro Sacerdotais, ou seja, cinquenta anos de Sacerdócio.

CL – Depois da ordenação, o seu ministério seguiu vários caminhos. Pode partilhar algumas dessas experiências?

P.R.M. – A minha primeira missão foi na Editora Paulinas, onde trabalhei durante catorze anos. A Comunicação Social é uma das principais formas da nossa Congregação chegar às pessoas e acreditamos firmemente no poder dos Media para difundir o Evangelho. A partir daí, trabalhei na nossa paróquia de Pasay City, nas Filipinas, durante dois anos, antes de ser enviado para Macau, a 7 de Março de 1987, com o padre Pasaporte, SSP.

CL – Macau é a vossa casa desde há muito tempo. Como foram os primeiros anos nesta cidade?

P.R.M. – Quando chegámos, o padre Albino, então director d’O CLARIM, já estava em Macau há dois anos. Muitos anos mais tarde, em 2013, quando ficou doente, acompanhei-o a Portugal. Faleceu um ano depois. Depois de chegarmos, a nossa primeira paragem foi Hong Kong, onde estudámos Cantonense na Universidade Chinesa. Como se esperava que trabalhássemos nas paróquias de Macau, a preparação linguística era crucial. A minha primeira missão em Macau foi na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, onde trabalhei durante seis anos ao lado do padre Pedro Chong, o pároco. Depois, o Bispo pediu-me inicialmente para ir para a paróquia de Nossa Senhora do Carmo, embora o número de paroquianos fosse ainda pequeno nessa altura. Por fim, fui enviado para a paróquia de São Francisco Xavier, em Coloane, onde se desenrolou verdadeiramente o meu caminho missionário.

CL – Sempre foi muito próximo das pessoas de Coloane. Pode descrever como é que essa relação cresceu?

P.R.M. – Quando cheguei, encontrei-me sozinho num lugar novo, sem saber como começar. Muitos dos residentes eram budistas, por isso decidi estabelecer contactos misturando-me com toda a gente. Juntei-me às reuniões da “Associação dos Moradores de Coloane”, onde fui muito bem recebido. Com o tempo, as amizades foram surgindo. Uma das coisas que ajudou foi a minha presença no quotidiano. Mantinha a igreja aberta durante todo o dia e, quando precisava de sair, os donos dos restaurantes das redondezas, que não eram católicos, tomavam conta dela de bom grado. Também comia num restaurante próximo, transformando-o num ponto de encontro informal onde as pessoas podiam aproximar-se de mim. Através de interações simples, aprofundei os meus laços com a comunidade. Em Coloane, continuei o trabalho que os Salesianos haviam começado. A base estava lá; eu simplesmente alimentei-a. Mais tarde, quando me mudei para a paróquia de Nossa Senhora do Carmo, tive de me adaptar novamente. A maioria dos paroquianos aqui são filipinos e, como muitos são trabalhadores temporários, a comunidade está em constante mudança. Estruturámos a Catequese com a ajuda das Irmãs Dominicanas e organizámos sessões regulares de formação bíblica com leitores e comentadores para reforçar a fé na comunidade.

CL – O Papa Leão XIV, seguindo os passos do falecido Papa Francisco, insiste que a Igreja deve ser missionária. Que mensagem daria aos fiéis de Macau sobre a vida missionária?

P.R.M. – Um missionário deve estar presente no meio do povo. Um dos desafios em Macau é que os leigos tendem a confiar muito no clero, mas temos de os capacitar para assumirem um papel activo na missão da Igreja. Na minha experiência, quando confiamos e orientamos as pessoas, elas podem surpreender-nos com o seu empenho e amor pela Igreja. Um missionário deve caminhar com as pessoas, partilhar as suas vidas e ouvi-las. Ao longo dos anos, aprendi que o verdadeiro cuidado pastoral vem da presença – estar presente ao pequeno-almoço, participar nas suas celebrações, partilhar as suas alegrias e dificuldades. Esta viagem transformou-me. Ser missionário tem a ver com amor. Amor pelas pessoas, amor por Deus e a vontade de crescer ao lado daqueles que servimos. Lembro-me de momentos em que as minhas boas intenções me levaram a agir de forma que pode ter afastado as pessoas da Igreja. Mas uma das bênçãos de envelhecer é ganhar sabedoria – a sabedoria de ouvir, de adaptar e de acompanhar humildemente os outros no seu caminho de fé.

Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ

N.d.R.: Quando a nossa conversa com o padre Manalo chegou ao fim, tornou-se claro que é mais do que um padre; é um verdadeiro missionário e um líder compassivo. O CLARIM expressa a sua sincera gratidão ao padre Manalo por ter partilhado experiências e ideias. A sua dedicação e sabedoria continuam a inspirar muitos. Que a sua missão em Macau, e não só, seja abençoada com muitos mais frutos.

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