Perigo regional, diz Sales Marques.
O presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, Luís Sales Marques, disse ontem a’O CLARIM que a pretensão do Primeiro-Ministro japonês, Shinzo Abe, em militarizar o Japão constitui um foco de instabilidade nesta região do globo.
«Sem dúvida que esta tentativa que está a ser feita no Japão, embora contestada por vários sectores da sociedade, é um sinal preocupante. Se calhar algumas lições do passado não foram bem assimiladas», referiu Sales Marques, à margem da cerimónia sobre a “Comemoração do 70º Aniversário da Vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Vitória Mundial contra o Fascismo”, que decorreu na Praça do Tap Seac.
Quanto ao facto do feriado nacional de ontem ter sido extensível a Macau (após aprovação da Assembleia Legislativa) e da efeméride comemorar-se com grande pompa e circunstância em Pequim, com parada militar e Chefes de Estado estrangeiros, frisou que «a China quis recordar ao mundo o contributo para a vitória sobre o Japão e, em geral, contra o fascismo», facto que «muitas vezes é esquecido».
De igual forma, sustentou «que esta comemoração, assim como o feriado, e toda a solenidade em Macau, ainda mais em Pequim, é um sinal que a China quer que o mundo reconheça o seu papel, não só no passado, como também no presente».
No seu entender, a comemoração não foi contra o Japão, mas sim contra o imperialismo japonês: «Não haja dúvida [que assim foi]. Apesar das recentes declarações dos actuais governantes do Japão para esquecer o passado, a verdade é que é um perigo esquecê-lo porque é preciso ter sempre em atenção as lições da História».
O discurso oficial da cerimónia esteve a cargo de Wong Sio Chak, na qualidade de Chefe do Executivo interino, visto Chui Sai On se encontrar em Pequim na comemoração oficial organizada pelo Poder Central.
«Temos de aproveitar este dia comemorativo para veicular, ano após ano aos nossos descendentes, as humilhações e sofrimentos a que foram submetidos há 70 anos, sendo que não nos move o ódio, mas sim a missão de lhes lembrar as lições que podemos retirar desta guerra, para que aprendam com a História e jamais permitam que tal volte a acontecer», sublinhou Wong Sio Chak.
«Devemos representar-lhes, da mesma forma, as lutas e os sacrifícios dos nossos “maiores”, não tanto para hiper-valorizar a nossa História, mas sim para que os jovens sintam o ambiente de estabilidade, paz e desenvolvimento em que vivemos, despertando a sua determinação para defender a soberania e segurança nacional, amar e proteger a paz mundial e a justiça», acrescentou.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA