As portas da China abrir-se-ão mais um pouco
O Papa Francisco visita o Iraque no próximo ano, naquela que será a primeira viagem apostólica que realiza desde que a pandemia do Covid-19 se alastrou pelo mundo no início de 2020.
Entre 5 e 8 de Março de 2021, o Papa irá deslocar-se à capital iraquiana, Bagdade, à região de Ur e às cidades de Erbil, Mossul e Qaraqosh.
A viagem terá lugar mais de um ano após o Presidente do Iraque, Barham Salih, ter visitado Francisco no Vaticano, em Janeiro.
Desde que foi eleito para a Cátedra de Pedro, o Papa tem vindo a prestar especial atenção ao continente asiático, tendo-se já deslocado ao Médio Oriente, ao Sudeste Asiático e ao Extremo Oriente.
Embora neste momento a China continue a ser um sonho adiado, alguns passos significativos foram dados nos últimos anos. Recordamos, por exemplo, que no passado mês de Outubro a Santa Sé e o Governo de Pequim renovaram o acordo para a nomeação de bispos, documento que os dois Estados firmaram pela primeira vez em Setembro de 2018.
Claro está que a prudência leva-nos a não fazer análises geopolíticas – apesar da tentação ser grande… –, pois qualquer leitura que se faça carece de fundamento. No entanto, não deixa de ser significativo que a Santa Sé vá alastrando ou reforçando a sua presença diplomática junto de países vizinhos da China, com quem esta mantém fortes ligações económicas e comerciais.
Já se sabe que em diplomacia nem sempre 2+2 são 4, mas ainda assim não será descabido pensar que no dia em que o Papa pisar solo de um país asiático de matriz política idêntica à da China, como o Vietname, por exemplo, as portas do Império do Meio abrir-se-ão mais um pouco.
José Miguel Encarnação