Cheques de saúde salvam vidas
A introdução dos “cheques saúde”, pelo Governo de Macau, que permitem gastar 600 patacas por ano em médicos privados, levou a uma redução de 24% nas mortes por doenças cardiovasculares, concluiu um estudo.
Zhang Jing Hua, docente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, disse ontem à agência Lusa que verificou uma «robusta ligação entre a data de implementação do programa de cheques de saúde e uma diminuição significativa da mortalidade por doenças do sistema circulatório em Macau».
A investigadora analisou a taxa de mortalidade destas doenças ao longo de 144 meses (entre 2001 e 2012), observando a partir de 2010, quando os cheques foram introduzidos, uma descida significativa. «A taxa anual de mortalidade por doenças do sistema circulatório registou uma descida significativa de 24%, comparando com o período entre 2001 e 2009, o que equivale a evitar 123 mortes por ano», referia o estudo.
Para estabelecer esta ligação, a equipa de Zhang também analisou as chamadas “variáveis de confusão”, como a evolução do número de médicos e enfermeiros disponíveis, rácio de camas nos hospitais por número de população, taxa de envelhecimento ou atividades de promoção da saúde. De igual forma, optou-se por estudar o efeito da medida nas doenças cardiovasculares, pois estas funcionam como um “indicador” do estado de saúde da população.
«Para este tipo de doença a prevenção é muito importante. É uma boa forma de medir o sistema de saúde», referiu, acrescentando que o “cheque saúde” serve de incentivo à realização de exames e consultas de rotina, que de outra forma não seriam feitas. «O cheque é gratuito. [Se não o usarem] as pessoas sentem que estão a perder dinheiro. Mesmo quando se sentem bem, vão [ao médico]», sublinhou Zhang Jing Hua.
«Encorajo o Governo a dar mais aos que precisam, como os idosos, as pessoas com doenças crónicas, as que sofrem de obesidade», exemplificou a investigadora, sugerindo ainda que o cheque deixe de ser apenas para residentes permanentes e possa ser alargado a todos os trabalhadores do território. «Se Macau quiser ser mais progressista devia atribuir [os cheques] a todos os trabalhadores, para que tenha uma população activa saudável», concluiu.
Lusa – texto editado