Macau celebra Natividade de Nossa Senhora

D. STEPHEN LEE PRESIDE ESTE SÁBADO A MISSA SOLENE NA IGREJA DE SÃO DOMINGOS

Macau celebra Natividade de Nossa Senhora

A igreja de São Domingos acolhe, ao final da tarde deste sábado, a Missa Solene com que a paróquia da Sé Catedral vai celebrar a Festa da Natividade da Virgem Santa Maria. Presidida pelo bispo D. Stephen Lee, a Eucaristia vai ser conduzida em Chinês e Português, antecedendo um jantar de confraternização numa unidade hoteleira da cidade.

Milhões de católicos em todo o mundo celebram na próxima segunda-feira, 8 de Setembro, a memória litúrgica da Natividade de Nossa Senhora, sendo que Macau não é excepção. Na paróquia da Sé Catedral, onde a invocação do Nascimento da Virgem Maria tem raízes seculares e contornos profundos, a comemoração desta Festa foi antecipada para amanhã, 6 de Setembro, com a celebração de missa bilíngue em Chinês e Português na igreja de São Domingos.

Com início agendado para as 17 horas e 30, a Eucaristia Solene será presidida por D. Stephen Lee. Segue-se um jantar de confraternização no Hotel Beverly Plaza, aberto a toda a comunidade de fiéis da paróquia da Sé, explicou o padre Adriano Agostinho, em declarações a’O CLARIM, a dias de regressar a Roma com o intuito de prosseguir os estudos teológicos.

Durante o jantar de confraternização, cujas senhas de participação podem ser adquiridas na secretaria paroquial da igreja da Sé, ao preço de trezentas patacas por pessoa, será efectuado um sorteio. O convívio tem início às 19 horas e 30.

O padre Adriano lembrou que a Festa da Natividade da Virgem Santa Maria é antecedida de um tríduo de oração – teve início na quarta-feira, terminando hoje: «Celebramos ainda um tríduo, entre 3 e 5 de Setembro, também na igreja de São Domingos, até porque a Sé continua encerrada. Como é habitual, o tríduo é celebrado depois das missas diárias».

UMA DEVOÇÃO SECULAR

Celebrada a 8 de Setembro, a Natividade de Nossa Senhora é uma das Festas mais antigas da Tradição Cristã. O nascimento da Virgem Maria é assinalado nove meses certos após a Solenidade da Imaculada Conceição. Estas duas festas marianas estão interligadas, uma vez que a Imaculada Conceição celebra a concepção da Virgem Maria sem o pecado original, enquanto que a Natividade comemora o seu nascimento. «Na Festa da Natividade de Nossa Senhora celebra-se o nascimento de Maria, que é a Mãe de Jesus e, por conseguinte, a mãe de Deus. Geralmente, a Igreja não celebra a data de nascimento dos santos, mas Maria é especial. Maria nasceu sem pecado original, ou seja, já santificada. Aliás, Maria não apenas nasceu sem pecado original, como também foi concebida sem pecado original. A Imaculada Conceição celebra-se a 8 de Dezembro», sublinhou o padre Adriano.

A origem da Festa da Natividade de Nossa Senhora – também celebrada pela Igreja Católica sob a invocação de Nossa Senhora da Natividade – pode estar relacionada com a edificação da Basílica de Sant’Ana, em Jerusalém. O templo, reza a tradição, está situado no local onde seria a casa dos pais da Virgem Maria, São Joaquim e Santa Ana.

Em Roma, a celebração foi assumida pelo Papa Sérgio I no início do Século VIII e adquiriu, desde logo, um carácter excepcional. A Natividade da Virgem Maria é a terceira festa da “natividade” presente no Calendário Litúrgico da Igreja Católica Apostólica Romana, a par do nascimento de São João Baptista (comemorado a 24 de Junho) e do Natal.

NOME DA SÉ CATEDRAL DE MACAU – Para a Igreja universal, celebrar a Natividade da Virgem Maria é olhar para o passado e fomentar uma renovação da fé em Cristo. Em Macau, onde a devoção mariana está profundamente enraizada e ainda hoje se manifesta sob a forma de diferentes títulos e invocações, a celebração da Natividade de Nossa Senhora remonta quase aos primórdios da presença portuguesa no território.

A igreja que é hoje a Sé Catedral de Macau começou por ser uma pequena ermida, construída em data incerta, mas já então dedicada a Nossa Senhora da Natividade. Em Fevereiro de 1564 – refere, ipsis verbis, o padre Manuel Teixeira no volume IX da obra “Macau e a sua Diocese” – o padre Francisco Perez, missionário espanhol da Companhia de Jesus, informava acerca da “Igreja principal da povoação, que tinha no altar-mor, além do Crucifixo, a imagem de Nossa Senhora. A ermida em questão foi elevada a Catedral em Janeiro de 1576, pela bula Super Especula, do Papa Gregório XIII. Já com o estatuto de Catedral, a Igreja de Nossa Senhora da Natividade foi reconstruída em taipa, um duradouro composto que agrega terra e palha. Só dois séculos mais tarde, em meados do século XIX foi construído um edifício com tijolo e pedra. Consagrado em 1850 pelo então bispo D. Jerónimo José da Mata. É desta altura que data a inscrição em latim, gravada junto à entrada principal: S.S.M.V Mariae Nascenti, que quer dizer, em português, ‘Natividade da Virgem Maria’. Pouco tempo depois, em 1874, o catastrófico tufão que afectou, em Setembro, a península de Macau danificou gravemente a Igreja, sem colocar em causa uma constatação indesmentível: o culto de Maria é tão antigo como a própria história de Macau”.

Marco Carvalho

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