«O demónio não tem joelhos»
Vimos que a Eucaristia é (1) o SACRIFÍCIO que Jesus OFERECE e onde Ele é OFERTADO; quer dizer que é (2) um BANQUETE onde Jesus é a comida que é RECEBIDA por nós. Para além disso Jesus – disfarçado em Pão (hóstia) – encontra-se por detrás de nós no tabernáculo: a Eucaristia é também a PRESENÇA de DEUS, para ser adorado. Sendo assim, o Código de Direito Canónico usa três verbos para definir a Eucaristia: OFERTADO, RECEBIDO e CONTIDO.
No Antigo Testamento, Deus ordenou aos israelitas, por intermédio de Moisés: «Ergam-me um santuário, onde eu possa estar no seu interior (Êxodo 25:8)». Do capítulo 25 ao capítulo 27 do Êxodo, Deus descreveu como é que Ele queria que o santuário fosse construído. No capítulo 28 Deus descreve quais as roupas que os sacerdotes deviam usar (incluindo detalhes para a roupa interior!). E qual era o castigo para quem não se vestisse da acordo com as instruções de Deus?. «Eles tornar-se-iam culpados de si próprios e morreriam (Êxodo 28:43)». Naqueles tempos os sacerdotes não se podiam vestir de qualquer forma.
No entanto, a presença de Deus entre os israelitas era apenas simbólica. Mas a Sua presença entre nós, hoje em dia, é uma presença REAL. «Com efeito, que grande nação haverá que tenha um deus tão próximo de si como está próximo de nós o SENHOR, nosso Deus, sempre que o invocamos? (Deuteronómio 4:7)».
Alguns católicos têm o belíssimo hábito de passarem por uma igreja para fazerem uma rápida visita a Jesus, que «Ele… há vinte séculos que te espera» (São Josemaría Escrivá).
São João Paulo II escreveu na Dominicae coenae: «A Igreja e o Mundo têm uma grande necessidade de adorarem a Eucaristia. Jesus espera-nos neste Sacramento de Amor. Não lhe recusemos o tempo que gastamos ao encontrarmo-nos com Ele em adoração, em contemplação cheia de Fé, e abertos a oferecer reparações para todas as ofensas e crimes graves do Mundo. Que a nossa adoração nunca acabe».
São Paulo diz-nos que «ao ouvirem o nome de Jesus todos os joelhos se devem dobrar, no Paraíso e na Terra e debaixo da Terra, e todas as bocas devem confessar que Jesus Cristo é o Senhor, para a Glória de Deus Pai (Filipenses 2:6-11)». No Sagrado Sacramento nós não temos apenas uma menção a Jesus, mas o próprio Jesus. Não nos podemos esquecer de dobrar os joelhos. É um bom exercício tanto físico como espiritual!
O Papa Bento XVI, uma vez, observou que «ajoelhar não é resultado de nenhuma cultura, vem da Bíblia». Os Reis Magos ajoelharam-se (Mateus 2:11), Pedro e os Apóstolos ajoelharam-se (Lucas 5:8, Mateus 28:17), os leprosos ajoelharam-se (Lucas 8:1), os poderosos ajoelharam-se (Lucas 9:18), os gentios ajoelharam-se (15:25), homens possuídos pelo demónio ajoelharam-se (Marcos 5:6).
Jesus não se limitou a «apenas ajoelhar e rezar (Lucas 24:41)». Ele «prostrou-se de face na terra, em oração (Mateus 26:39; Marcos 14:35)».
E nós?
Existe alguém que nunca se ajoelhou. Abba Apollo, um dos Pais da Igreja que vivia no deserto, cerca de 300 DC, escreveu: «O demónio não tem joelhos; ele não se pode ajoelhar, ele não pode adorar, ele não pode rezar, ele apenas pode olhar para baixo do seu nariz com desprezo. A relutância em dobrar os joelhos ao ouvir-se o nome de Jesus é sinal da essência do mal (cf Is 45:23; Romanos 14:11)».
Alguns dizem que ao gastarmos tempo em adoração negligenciamos os nossos vizinhos. Se assim fosse, a Madre Teresa de Calcutá não teria podido servir em 517 missões em mais de cem países, até à data da sua morte, em 1996. A adoração leva-nos a amar a imagem e semelhança de Deus nos nossos vizinhos.
Um vez li este conselho: «A distância mais curta entre um problema e a sua solução, é a distância entre o chão e os teus joelhos».
«Ó, venham, vamos adorar e curvarmo-nos, vamos ajoelhar-nos perante o SENHOR, nosso Criador! Porque Ele é o nosso Deus, e nós somos as pessoas do seu rebanho, e as ovelhas das suas mãos (Salmo 95:6-7)».
Pe. José Mario Mandía