As invasões lombardas: João III, Bento I, Pelágio II
JOÃO III
(17.VII.561 – 13.VII.574)
Quando o 61.º Pontífice Romano assumiu o Papado, os cemitérios dos mártires estavam abandonados, pois novos locais de sepultamento surgiram. O Papa João III “amava e restaurou os cemitérios dos santos mártires. Ordenou que pão consagrado e jarros de vinho fossem fornecidos e que luzes fossem acesas nesses cemitérios, todos os Domingos, pelos padres de Latrão. Terminou a igreja dos apóstolos Filipe e Tiago e a dedicou” (Liber Pontificalis, pág. 163).
Vimos que os generais Belisário e Narses, do Império Bizantino, conseguiram tirar os ostrogodos do poder em Itália. O povo, porém, não estava feliz nem em paz. Além disso, os sucessores dos dois generais não foram tão eficazes em impedir uma nova invasão de uma tribo germânica mais destrutiva – os lombardos. Estes invadiram Itália em 568 e a sua chegada levou ao surgimento de cidades-Estado independentes. Roma entrou em declínio e o Senado Romano desapareceu da história, o que obrigou os Papas a assumirem a responsabilidade política. Isto explica por que razão o Papa João III foi capaz de reunir todos os italianos para defender a sua terra contra os invasores lombardos. O caos trazido pelos novos invasores bárbaros também pode ser a razão pela qual não temos muitas informações sobre o Papa João III.
A invasão lombarda também levou o Papa João III a se mudar para as catacumbas de Praetextatus por alguns meses, até que pudesse voltar em segurança ao Palácio Laterano. A sua estadia nas catacumbas fez com que percebesse a necessidade de as preservar e restaurar.
BENTO I
(2.VI.575 – 30.VII.579)
Como mencionado anteriormente, a invasão dos lombardos levou à divisão de Itália e ao surgimento de Estados independentes. Este episódio histórico deu-se quando Alboino, o chefe dos lombardos, morreu. Não havendo um líder unificador, “os lombardos logo se dividiram em bandos liderados por duques. Embora esta falta de unidade tenha salvado várias cidades do império, aumentou o sofrimento do povo. Sem qualquer controlo central, os grupos guerreiros lombardos devastaram toda a península. Este período de dez anos, de 574 a 584, a década dos duques, foi o mais miserável das invasões lombardas” (Brusher & Borden. “Popes through the Ages”, pág. 124). O imperador bizantino também não pôde ajudar, pois estava a lutar contra os persas.
A fome e as inundações também ameaçavam Roma. Felizmente, o imperador conseguiu enviar cereais do Egipto, o que salvou o povo da morte por inanição.
Bento I não conseguiu restaurar a ordem. Morreu enquanto os lombardos atacavam Roma.
PELÁGIO II
(26.XI.579 – 7.II.590)
O Papa Pelágio II foi eleito enquanto Roma estava a ser bloqueada pelos lombardos. Por isso, não conseguiu garantir a confirmação da sua eleição pelo imperador bizantino, que a exigia após o império ter recuperado Roma. Quatro meses após a eleição do Papa, foi assim consagrado sem a confirmação imperial. Entretanto, Pelágio II conseguiu convencer os lombardos a desistirem de atacar Roma e enviou emissários para informar o imperador da sua eleição e também para pedir ajuda. Mas o imperador Maurício só pôde nomear um exarca que agia em nome do imperador e tratava tanto dos assuntos governamentais como dos militares.
Quando Pelágio II percebeu que o império não era de grande ajuda, recorreu aos francos para pedir ajuda. Os francos tentaram expulsar os lombardos, mas foram repelidos.
Pelágio II teve ainda de enfrentar o cisma no Norte de Itália, que surgiu em 553 a partir da controvérsia sobre os “Três Capítulos”. Apesar dos seus esforços, o cisma prolongar-se-ia até 715.
Entre outras decisões, o Pontífice tornou obrigatória a recitação diária do Ofício Divino para todos os padres, promoveu o celibato e decorou as basílicas de São Pedro e São Lourenço.
Em 589, Roma foi devastada por uma inundação com o transbordamento do rio Tibre. Seguiu-se uma peste. Pelágio II transformou a sua própria casa num hospital. Ele próprio foi vítima da peste e morreu a 7 de Fevereiro de 590.
Pe. José Mario Mandía
LEGENDA: Papa Bento I

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