N.d.R.: O CLARIM publica uma carta ao director de um leitor residente na comunidade autónoma espanhola da Galiza. Num Português, com laivos galegos, Bento fala do desejo antigo de conhecer Macau e outras paragens na Ásia-Pacífico, agradecendo poder alimentar o seu imaginário por meio das páginas do Semanário Católico de Macau.

Caros Sres:

Escrevo desde um lugar bem longínquo, parte dessa velha Gallaccia na qual está a raiz antiga da nossa Língua e cultura.

Foi uma agradável surpresa saber de vocês através da internet; é bom saber que ainda há uma candeia acesa em Macau que procura conservar e transmitir o acervo legado por Portugal. Oxalá que assim possa continuar a ser por muitos anos!

Alguém falou alguma vez de “o mundo que o português criou”… quando um dia foi conhecendo esse mundo, sentiu uma especial atracção pelas terras mais longínquas desta Galiza em que moro: Goa, Macau, Timor… naqueles sonhos da juventude sonhava com visitar algum deles algum dia; porém, como dizia o poeta: “a vida é sonho e os sonhos sonhos são”.

Provavelmente, nem chegarei nunca a conversar com alguém natural de aquelas terras.

Porém, as décadas passaram sem que o meu interesse e afecto por essas terras tenha diminuído.

Acompanho com os meus melhores sentimentos um postal da pequena vila em que moro, um lugar relativamente isolado no interior de Galiza, a uns 70 Km da fronteira Portuguesa [em concreto, da cidade de Chaves]… decerto que é um lugar muito diferente de Macau; porém, ao igual que ocorre aí, ainda nas suas ruas se pode ouvir esta língua na qual se escreveram as “Cantigas de Santa Maria”.

Um cordial e caloroso abraço desde esta enorme distância,

Bento

13-06-2025

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