Caridade e fortaleza: Sisto III

GUARDIÕES DAS CHAVES – 28

Caridade e fortaleza: Sisto III

SÃO SISTO III

(31.VII.432 – 19.VIII.440)

O 44.º Pontífice Romano, Sisto III, “era uma daquelas almas gentis que parecem existir com o propósito de curar feridas e sarar contusões. Romano, proeminente entre o clero, amigo de Santo Agostinho, Sisto era uma escolha natural para Papa. Estabeleceu para si mesmo a tarefa de consolidar a vitória sobre o pelagianismo e o nestorianismo com bondade e gentileza” (Brusher & Borden, “Popes through the Ages”, pág. 88). Recordemos que o Pelagianismo minimizava o papel da graça na salvação do homem; o Nestorianismo não aceitava Maria como “Theotokos”.

São Sisto III esforçou-se por restaurar a paz entre Cirilo (Patriarca de Alexandria) e João (Patriarca de Antioquia). Durante algum tempo, João aliou-se ao seu amigo Nestório (Patriarca de Constantinopla), mas acabou por ser reconquistado para a doutrina correcta.

O Papa Sisto combinava o seu carácter gentil com firmeza, especialmente na defesa da fé. Repetiu a condenação de Juliano de Eclanum, líder intelectual do Pelagianismo, e não permitiu que ele fosse readmitido na Igreja. O Papa foi habilmente auxiliado por um diácono chamado Leão, sobre o qual ouviremos mais.

Sisto III também aprovou os Actos do Concílio de Éfeso, que condenavam o Nestorianismo.

O Santo Padre defendeu a “jurisdição papal sobre a Ilíria contra o imperador oriental [Teodósio II], que queria que ela dependesse de Constantinopla” (Caporilli, “Os Romanos Pontífices”). A Ilíria é uma região nos Balcãs, correspondente à actual Albânia, Montenegro e partes da Croácia, Bósnia e Sérvia. O Patriarca Proclo de Constantinopla estava a invadir os assuntos eclesiásticos da região. Sisto III impôs os direitos do arcebispo de Tessalónica (Salónica) como chefe da Igreja da Ilíria. Para mostrar a supremacia papal na área, encorajou os bispos da Ilíria a buscar a ajuda e o apoio do Papa quando necessário.

O Santo Padre também fez melhorias materiais na sua diocese: restaurou e ampliou a Basílica de Santa Maria Maior para celebrar o Concílio de Éfeso e acrescentou os mosaicos do arco triunfal que confirmam o dogma definido pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.) de que Maria é a Mãe de Deus. Os mosaicos retratam a infância de Jesus e a vida de Nossa Senhora. Uma inscrição acima destes mosaicos diz “XYSTUS EPISCOPUS PLEBI DEI” (“Bispo Sisto ao Povo de Deus”). Também ampliou a Basílica de São Lourenço Fora dos Muros e obteve presentes preciosos do Imperador Valentiniano III para São Pedro e para a Basílica de Latrão. Santa Sabina, no Monte Aventino, também foi consagrada durante o seu Pontificado. O Liber Pontificalis descreve muitos detalhes sobre as melhorias que fez nos locais de culto em Roma.

Mencionámos anteriormente Leão, um diácono que auxiliou o Papa Sisto III. A sua competência também foi reconhecida pelo governo civil. “Durante o pontificado de Sisto III (422-40), Leão foi enviado à Gália pelo imperador Valentiniano III para resolver uma disputa e promover a reconciliação entre Aécio, o comandante militar chefe da província, e o magistrado chefe, Albino. Esta missão é uma prova da grande confiança depositada na corte imperial neste diácono inteligente e competente” (Kirsch, J.P. 1910. Papa São Leão I (o Grande). In “The Catholic Encyclopedia”. http://www.newadvent.org/cathen/09154b.htm).

Após a sua morte, a 19 de Agosto de 440, o Papa Sisto III foi sepultado na igreja de São Lourenço e sucedido por Leão.

Pe. José Mario Mandía

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