crise humanitária em Gaza

APÓS A RECITAÇÃO DO ÂNGELUS NO ÚLTIMO DOMINGO

Papa denunciou «gravíssima» crise humanitária em Gaza

O Papa denunciou, no Vaticano, a “gravíssima” crise humanitária em Gaza, tendo apelado a um cessar-fogo imediato e à libertação dos reféns israelitas.

«Acompanho com grande preocupação a gravíssima situação humanitária em Gaza, onde a população civil é esmagada pela fome e continua a ser exposta à violência e à morte. Renovo o meu apelo sincero ao cessar-fogo, à libertação dos reféns e ao respeito integral pelo direito humanitário», disse Leão XIV, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do Ângelus.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Pontífice sublinhou que cada pessoa «tem uma dignidade intrínseca que lhe é conferida pelo próprio Deus», acrescentando: «Exorto a negociar um futuro de paz para todos os povos e a rejeitar tudo o que possa prejudicá-lo».

Nos últimos dias, mais de uma centena de organizações internacionais e palestinianas denunciaram que a fome está a matar 2,1 milhões de pessoas na Faixa de Gaza.

Israel anunciou, entretanto, um cessar-fogo em três zonas de Gaza e os camiões com ajuda humanitária começaram a entrar no enclave palestino, pelo Egipto.

Recorde-se que o actual conflito surgiu após ataques liderados pelo movimento islamita Hamas, a 7 de Outubro de 2023, no Sul de Israel, que causaram cerca de mil mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel já fez mais de 59 mil mortos, sobretudo civis, e levou à destruição da maior parte das infraestruturas de Gaza e à deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

«O meu coração está próximo de todos aqueles que sofrem devido aos conflitos e à violência no mundo», afirmou Leão XVI, no Vaticano.

A intervenção do Papa começou por recordar «as pessoas envolvidas nos confrontos na fronteira entre a Tailândia e o Camboja, especialmente pelas crianças e famílias deslocadas» (N.d.R.: ver a última página desta edição).

«Que o Príncipe da Paz inspire todos a procurar o diálogo e a reconciliação», desejou o Santo Padre, que rezou ainda pelas «vítimas da violência no Sul da Síria».

Leão XIV deixou também uma saudação aos «jornalistas que contribuem para uma comunicação de paz e verdade».

PÁROCO DE GAZA DEIXA ALERTA

O pároco da Sagrada Família, a única paróquia católica de Gaza, na Palestina, lamenta que a «guerra continue» e que haja «mortos por toda a parte», num vídeo partilhado a 22 de Julho, na reflexão intitulada “Morrer sim, sofrer não!”.

«Só Deus sabe se a guerra vai parar ou não. Esperemos que pare, que pare em breve, que ouçam os apelos do Santo Padre, o Papa Leão, que vem pedindo um cessar-fogo imediato», diz frei Gabriel Romanelli.

A igreja da Sagrada Família foi atingida por militares israelitas no dia 17 Julho – três pessoas morreram e várias outras ficaram feridas, incluindo o pároco.

O sacerdote argentino, há mais de 27 anos no Médio Oriente, assinala que «o sofrimento da população é extremo», no vídeo diário que publicou na sua conta no canal Youtube, e lembra que «as bombas não discriminam, a guerra não discrimina, não distingue e mata um após outro».

A Cáritas Internacional divulgou que os mortos no ataque dos militares israelitas foram o zelador da Paróquia, Saad Salameh, de sessenta anos de idade; uma senhora de nome Fumayya Ayyad, de 84 anos, que recebia apoio numa tenda psico-social da Cáritas; e Najwa Abu Daoud, de 69 anos, que estava sentada perto de Fumayya Ayyad.

O padre Gabriel Romanelli, do Instituto do Verbo Encarnado, partilha que «dois jovens feridos estão melhores», sendo que Sohel e Najib vão ter de «ser pacientes» na recuperação, mas que as suas «vidas estão fora de perigo».

«Continuemos a rezar pelo fim desta guerra. Agradeço a todos mais uma vez a proximidade, as orações e a ajuda, e que Deus vos abençoe de Gaza», pede, agradecendo de seguida a uma série de personalidades: bispos, cardeais, padres, freiras, leigos, cristãos, pessoas de outras religiões – judeus e muçulmanos –, e até pessoas sem religião que o contactaram.

A reflexão do padre Romanelli partiu da frase “Morrer sim, sofrer não!”, que leu num livro sobre a história de vida do padre espanhol Manuel Díaz Martínez, que morreu jovem e tinha a «saudável obsessão» de «oferecer tudo pela santificação e pelos padres e seminaristas».

«No mundo de hoje é incompreensível que alguém possa estar disposto a sofrer e querer sofrer quando Deus pede; seria mais fácil estar disposto a morrer, e, no entanto, Nosso Senhor Jesus Cristo mostrou-nos que o sofrimento é o que prepara o acto supremo de entrega, a morte», acentua, concluindo que como missionário em Gaza quer continuar a «servir a Cristo», bem como «todas as pessoas» que necessitem de auxílio.

In ECCLESIA – texto editado

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