Oração, confiança e o cuidado de Deus por nós

17º DOMINGO COMUM – Ano C – 27 de Julho

Oração, confiança e o cuidado de Deus por nós

O Evangelho deste Domingo é tirado de São Lucas (11, 1-13), no qual ouvimos a versão de Lucas do “Pai Nosso” e o ensinamento de Jesus sobre a oração. O Pai Nosso é certamente a fórmula mais sublime possível e contém toda a essência da oração mental mais elevada. No entanto, Jesus deu-a como uma fórmula para a oração vocal: «Quando orardes, dizei…». Isto é suficiente para nos fazer compreender o valor e a importância da oração vocal, que está ao alcance de todos, mesmo das crianças, dos incultos, dos doentes, dos cansados…

Mas devemos perceber que a oração vocal não consiste apenas na repetição de uma determinada fórmula. Se isso fosse verdade, teríamos uma recitação, mas não uma oração, pois a oração requer sempre um movimento, uma elevação da alma para Deus. Neste sentido, Jesus instruiu os Seus discípulos: «Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente. E, quando orardes, não useis de vãs repetições, como fazem os pagãos; pois imaginam que devido ao seu muito falar serão ouvidos» (Mt., 6, 6-7). É interessante notar que, em São Mateus, estas prescrições relativas às disposições exteriores e interiores necessárias para uma oração bem feita precedem imediatamente o ensinamento do Pai Nosso.

Portanto, para que a nossa oração vocal seja uma oração verdadeira, devemos primeiro recolher-nos na presença de Deus, aproximar-nos Dele e entrar em contacto com Ele. Só quando tivermos essas disposições é que as palavras que pronunciamos com os nossos lábios expressarão a nossa devoção interior e serão capazes de sustentá-la e alimentá-la. Infelizmente, inclinados como estamos a agarrar-nos à parte material das coisas em vez da espiritual, é muito fácil contentarmo-nos, na nossa oração vocal, com uma recitação mecânica, sem nos preocuparmos em dirigir o nosso coração a Deus; por isso, devemos estar sempre vigilantes e alertas. A oração vocal feita apenas com os lábios dissipa e cansa a alma, em vez de a recolher em Deus; não se pode dizer que seja um meio de nos unir mais intimamente a Ele.

Santa Teresa de Lisieux descreveu a oração como uma onda do coração. A oração é mais do que dizer palavras; é abrir-nos a Deus. Partilhamos as nossas alegrias, lutas e esperanças com Aquele que nos conhece melhor. Jesus chama-nos a dirigir-nos a Deus como Pai, um termo íntimo e amoroso. Reconhecemos a santidade de Deus e pedimos que a Sua vontade seja feita. Jesus lembra-nos que podemos levar as nossas necessidades a Deus, pedindo o pão de cada dia, misericórdia e força nos momentos difíceis. Esta oração mostra-nos que Deus se preocupa com cada parte das nossas vidas. Ela encoraja-nos a confiar que podemos falar abertamente com Deus, tal como faríamos com um pai ou um amigo íntimo. Por meio da oração, aprendemos a depender de Deus e a permanecer próximos Dele em todas as situações.

No Evangelho, Jesus exorta os seus discípulos a serem persistentes na oração. Ele diz-lhes para continuarem a pedir, a procurar e a bater à porta. Esta persistência não tem a ver com mudar a opinião de Deus, mas com construir uma ligação mais profunda com Ele. Quando não desistimos da oração, mantemos a linha de comunicação aberta. Isto permite que Deus nos guie, suavize os nossos corações ou nos ajude a ver as coisas de uma nova maneira. A oração molda-nos, ensinando-nos a ter paciência e a confiar no tempo de Deus. Através da oração persistente, abrimo-nos à presença de Deus nas nossas vidas. Mesmo quando as respostas não chegam rapidamente, continuar a orar lembra-nos de confiar em Deus. Este tipo de oração constrói a nossa fé e fortalece a nossa relação com Ele.

As leituras também destacam a misericórdia e o cuidado de Deus por todos. Na Primeira Leitura, Abraão intercede pelo povo de Sodoma, confiando na justiça e compaixão de Deus. No Evangelho, Jesus mostra que podemos pedir a Deus o que precisamos, confiantes no Seu amor por nós. A ousadia de Abraão ao falar com Deus mostra que nós também podemo-nos aproximar Dele com as nossas preocupações e esperanças. Deus ouve quando rezamos pelos outros e procura ajudar-nos de formas que nem sempre vemos. Tal faz-nos lembra de cuidar profundamente dos outros e confiar na bondade de Deus. Jesus ensina que Deus dá coisas boas aos Seus filhos. Assim como um pai ou uma mãe satisfaz as necessidades da sua família, Deus ouve as nossas orações e responde. Não significa que sempre recebemos o que pedimos, mas podemos confiar que Deus sabe o que é melhor para nós. Jesus lembra-nos de confiar no amor e na misericórdia de Deus, mesmo em tempos difíceis. Ele encoraja-nos a rezar com fé, sabendo que Deus ouve e se preocupa profundamente por nós e por aqueles que levamos a Ele em oração.

Ao reflectirmos sobre as leituras deste Domingo, somos lembrados da importância da oração em todas as etapas das nossas vidas. Jesus encoraja-nos a confiar mais plenamente em Deus, a rezar mais sinceramente e a confiar no Seu amor para nos guiar e nos fortalecer.

ORAÇÃO

Pai amoroso, nós nos aproximamos de Ti com fé, sabendo que Tu nos ouves. Ensina-nos a rezar com confiança e a buscar a Tua vontade em todas as coisas. Ajuda-nos a levar as nossas necessidades e as necessidades dos outros a Ti com o coração aberto. Guia-nos e enche-nos com o Teu amor.

Amém.

Pe. Leonard Dollentas

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