PADRE ROBERT FRANCIS PREVOST ESTEVE NA ÍNDIA POR DUAS OCASIÕES

PADRE ROBERT FRANCIS PREVOST ESTEVE NA ÍNDIA POR DUAS OCASIÕES

Um testemunho de oração e simplicidade

Em declarações a um jornalista da agência noticiosa FIDES, o padre Stephen Alathara, secretário-geral adjunto da Conferência dos Bispos de Rito Latino da Índia e director e fundador da “Communio” – iniciativa do Episcopado Latino da Índia (CCBI) para apoiar dioceses e congregações religiosas em zonas rurais –, recorda a actividade pastoral do padre Robert Francis Prevost, agora Papa Leão XIV, na Índia. Na qualidade de superior-geral dos padres agostinhos, o clérigo norte-americano visitou por duas ocasiões a gigantesca nação asiática, onde ainda hoje é recordado como “um homem simples” que se soube adaptar ao contexto local “com uma atitude de escuta e diálogo”, sem nunca descurar “a sua espiritualidade enraizada numa intensa vida de oração”.

Em 2004 e 2006, o padre Prevost visitou várias comunidades agostinianas em Kerala e Tamil Nadu, deixando em todas uma impressão de profunda espiritualidade e proximidade. Na sua primeira visita, em 2004, passou mais de uma semana nas casas agostinianas de Mariyapuram, na arquidiocese de Verapoly, e de Edakochi, na diocese de Cochim, ambas no Estado de Kerala, no Sul da Índia. Recordam-se ainda os fiéis da Eucaristia que celebrou na paróquia de Maria Rainha Auxiliadora, em Mariyapuram, e no Santuário de Santo António, em Edakochi. Foram celebrações vividas com grande fervor e esperança. Em particular, a de 22 de Abril de 2004, quando o padre Prevost concelebrou com o então arcebispo de Verapoly, D. Daniel Acharuparambil, a missa de ordenação de seis diáconos agostinhos na igreja de São Francisco Xavier em Kathrikadavu (Kaloor).

“Os seus gestos de acolhimento e de caridade fraterna para com os novos sacerdotes ficarão para sempre gravados nos nossos corações”, sublinha o padre Alathara.

A segunda visita ocorreu em Outubro de 2006, quando regressou à casa agostiniana de Mariyapuram para participar no encontro da Ásia-Pacífico, organizado pela Ordem de Santo Agostinho. Durante esta viagem, apesar de ter de tratar de assuntos importantes na região, o padre Prevost arranjou tempo para visitar a escola Shenbagam, em Pollachi (Tamil Nadu), dirigida pelos padres agostinhos da diocese de Coimbatore, onde se encontrou com crianças e jovens. Celebrou também Missa na paróquia de São Tomás, em Thalappuzha, na arquidiocese de Calecute (Kerala).

“Estes gestos revelam a sua sensibilidade humana e o seu coração pastoral”, lembra o padre Alathara. E conclui: “[O padre] Prevost sempre quis estar em contacto com a realidade concreta e com as pessoas das comunidades: é assim que o recordamos e esperamos poder recebê-lo de volta à Índia, agora como Papa Leão XIV”.

Os agostinhos indianos, seus confrades, também o lembram com carinho. “Quando ele aqui esteve, conhecíamo-lo como uma pessoa extraordinariamente simples, realista, sempre pronta para enfrentar as dificuldades da vida quotidiana”, observa o padre Jacob Mullassery, OSA, que o acompanhou em ambas as visitas. O agora Papa nunca pediu privilégios, viajava com os demais companheiros e aceitava alojamento em quartos muito modestos. A sua humildade impressionou-os profundamente.

O padre Metro Xavier, OSA, que teve vários encontros pessoais com o superior-geral, descreve-o como “um homem profundamente espiritual”. E acrescenta: “Antes de cada encontro ou actividade pastoral, passava muito tempo em silenciosa adoração eucarística. Demonstrava um profundo amor pela Igreja e total reverência pelo magistério que desempenhava. A sua vida espiritual dava-nos um testemunho de oração e simplicidade”.

Por sua vez, o padre Wilson Injerappu, OSA, vigário regional da Ordem de Santo Agostinho na Índia, expressa com alegria: “Estamos repletos de imensa gratidão. Ter um irmão agostiniano como Papa é uma grande bênção. É também um lembrete da nossa responsabilidade: devemos rezar constantemente por ele e apoiar a sua missão com a nossa oração diária”.

Graças ao Padroado Português do Oriente, a Ordem de Santo Agostinho está presente no subcontinente indiano desde 1572. Inicialmente na Costa de Malabar – em Cochim e em Goa –, e posteriormente na região do Golfo de Bengala (Hugli), extravasando depois a sua actividade para – a Leste – o Ceilão, Malaca, Macau e – a Oeste – Isfaão (Pérsia), Muscate, Sindh, Basorá e Geórgia, além de uma verdadeira “lança em África”: Mombaça. Em 1834, a supressão portuguesa das ordens religiosas levou à ausência dos agostinhos durante mais de um século. Os católicos locais teriam de esperar até 1968, quando o padre Augustine Trape, num Capítulo Geral realizado nos Estados Unidos, propôs que a Ordem regressasse à Índia. Em 1969, contactaram os bispos do Estado de Kerala, local da antiga missão de evangelização do Oriente. Em 1970, a Província Agostiniana do Santíssimo Nome de Jesus nas Filipinas aprovou o estabelecimento de uma nova delegação em Fort Cochim. A inauguração solene do edifício destinado aos seminaristas teve lugar no dia 4 de Fevereiro de 1982, no 425.º aniversário da fundação da diocese de Cochim (4 de Fevereiro de 1557).

Nos anos seguintes, seria aberto um Seminário mais pequeno, filiado na paróquia de Santo António de Pádua, em Edakochi. Em 1996, a propriedade paroquial foi doada pela Diocese à Ordem religiosa, que construiu uma nova igreja que é hoje a paróquia-sede da Delegação Agostiniana na Índia.

Joaquim Magalhães de Castro

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