Postura do Papa é exemplo de humildade
Um exemplo de humildade, mas também uma oportunidade para que os povos indígenas do Canadá se libertem das amarras negativas do passado e sigam em frente. É este o balanço que a macaense Christine Rozario faz da visita de uma semana que o Papa Francisco efectuou recentemente ao Canadá. Associada do Casa de Macau Club de Vancouver, Christine defende que a decisão do Santo Padre, de pedir perdão por erros cometidos pela Igreja Católica, foi acertada e relevante.
O périplo de “reconciliação e cura” que o Papa Francisco fez pelo Canadá na semana passada não deixou indiferente a comunidade macaense radicada no País. O Santo Padre pediu “perdão pelo mal cometido” contra os nativos do Canadá, em particular nos internatos para crianças geridos pela Igreja Católica. A remissão é vista por Christine Rozario, associada da Casa de Macau em Vancouver, como um gesto de humildade, ainda que inequivocamente necessário. «A visita do Papa Francisco foi impulsionada pelos erros cometidos com os povos indígenas. Se não fosse por isso, será que ele teria visitado o Canadá?», interroga-se a macaense da diáspora. «A forma como ele agiu vai, provavelmente, afectar a forma como o mundo vê os cidadãos canadianos. No entanto, o mundo necessita de abordar a força da fé que tem em Deus, em particular numa altura como esta», acrescenta Christine.
Invocando o que disse ser um “erro devastador”, o Papa Francisco reconheceu a responsabilidade da Igreja Católica num sistema de escolas em que as crianças “sofreram abusos físicos e verbais, psicológicos e espirituais”.
Os povos nativos do Canadá há muito que exigiam que o Papa assumisse a responsabilidade não apenas pelos abusos cometidos por padres católicos e por ordens religiosas, mas também pelo apoio à política de assimilação que foi imposta pelos poderes coloniais europeus e que tinha como alvo as populações indígenas do Novo Mundo. Para Christine Rozario, o pedido de desculpas formulado pelo Pontífice colocou a Igreja Católica no caminho da redenção: «Fomentar a paz é a coisa certa a fazer. Jesus Cristo pregou a paz e o perdão. Na minha perspectiva, as pessoas que perpetraram estas maldades terão que responder perante Deus. Não cabe ao homem julgá-las, até porque o homem tem sempre a tendência para ver o cisco no olho do outro e não ver a trave à frente do seu».
A capacidade para reconhecer as culpas do passado e de pedir perdão pelos erros cometidos, sustenta Christine, é uma das razões que fazem com que a Igreja Católica se mantenha como uma instituição relevante. «A Igreja Católica continua a ser relevante por todo o mundo. Foi fundada por Cristo e edificada tendo Pedro como sustentáculo. “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”», nota.
M.C.