«Fé não é coisa de velhos»
O Papa lamentou que a prática religiosa seja vista como um resquício do passado, sublinhando que a fé «não é coisa de velhos».
«Com humilde firmeza, demonstraremos, precisamente na nossa velhice, que acreditar não é “coisa de velhos”. Não, é coisa de vida, acreditar é o Espírito Santo, que faz novas todas as coisas», declarou, durante a audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.
A reflexão, que prosseguiu um ciclo de catequeses dedicado à velhice, abordou uma personagem bíblica, Eleazar, que recusou ceder à imposição de novas regras religiosas, mantendo a «honra da fé».
«A honra da fé, periodicamente, está sob pressão mesmo violenta, pela cultura dos dominadores, que procuram rebaixá-la, tratando-a como um achado arqueológico, uma velha superstição, um fetiche anacrónico», disse.
Francisco apontou o dedo à «hipocrisia religiosa», que separa a espiritualidade da vida quotidiana, como se a fé fosse «uma cobertura exterior que pode ser abandonada, pensando que ela pode ser preservada por dentro».
O Papa advertiu para a «heresia» da gnose, considerando que esta «anula o realismo da fé cristã».
«Em muitas tendências da nossa sociedade e na nossa cultura, a prática da fé sofre uma representação negativa, às vezes sob a forma de ironia cultural, às vezes com uma oculta marginalização», observou.
A prática da fé, acrescentou, é «considerada como uma exterioridade inútil e até prejudicial, como um resíduo antiquado, como uma superstição disfarçada».
«A pressão que esta crítica indiscriminada exerce sobre as gerações mais jovens é forte. Naturalmente, sabemos que a prática da fé pode se tornar uma exterioridade sem alma. Este é o outro perigo, o contrário, mas por si mesma não o é, de todo», sustentou Francisco.
Após a reflexão, o Papa saudou os peregrinos de vários países, incluindo os de língua portuguesa, de modo particular os alunos e professores do Colégio Horizonte, do Porto.
«Começamos há pouco o mês de Maio, que tradicionalmente chama o povo cristão a multiplicar os gestos diários de veneração à Virgem Maria. O segredo da sua paz e coragem era esta certeza: “a Deus, nada é impossível”. Precisamos de aprender isto com a Mãe de Deus; mostremo-nos agradecidos, rezando o terço todos os dias. Que Deus vos abençoe e Nossa Senhora vos proteja», declarou.
Nas saudações aos peregrinos alemães e polacos, Francisco convidou a rezar pela «paz na Europa», durante este mês de Maio, particularmente dedicado à devoção mariana, na tradição católica.
Já no final da audiência, o Papa pediu desculpa por cumprimentar as pessoas sentado, em consequência do problema que o tem afectado no joelho.
«É uma coisa passageira, esperemos que passe depressa», desejou.
In ECCLESIA