TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (165)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (165)

E quanto às pessoas que permanecem solteiras?

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica refere no ponto 342: “O Matrimónio não é uma obrigação para todos. Deus chama alguns homens e mulheres a seguir o Senhor Jesus na vida da virgindade ou do celibato pelo Reino dos céus, renunciando ao grande bem do Matrimónio para se preocuparem com as coisas do Senhor e para procurar agradar-Lhe, tornando-se assim sinal do absoluto primado do amor de Cristo e da ardente esperança da sua vinda gloriosa”.

O celibato é uma condição que pode assumir uma de três formas: “(1) Primeiro, daqueles que ainda não são casados, mas pretendem casar-se e por isso tentam activamente conhecer pessoas do sexo oposto. (2) Em segundo lugar, é também a condição de quem um dia pensou em casar-se, mas por variadas circunstâncias (como a dedicação absorvente ao trabalho, a necessidade de cuidar dos familiares etc.) continuam solteiros. (3) Finalmente, o celibato é a condição daqueles que por alguma razão particular (normalmente relacionada a crenças religiosas) consciente e voluntariamente assumem o compromisso de permanecerem solteiros” (Laurent Touze, em “Celibato”).

De onde vem a terceira forma de celibato? Há dois textos-chave que o explicam:

(1) Mateus 19:12: «Pois há alguns eunucos que nasceram assim do ventre de suas mães; outros foram privados de seus órgãos reprodutores pelos homens; e há outros ainda que a si mesmos se fizeram celibatários, por causa do Reino dos céus. Quem for capaz de aceitar esse conceito, que o receba».

(2) 1 Coríntios 7:32-35: «O que desejo de facto é que estejais livres de preocupações. Quem não é casado pode-se entregar aos assuntos do Senhor, em como mais poderá agradar ao Senhor. Entretanto, quem é casado preocupa-se com os negócios deste mundo, em como irá agradar sua esposa; e fica dividido. A mulher que não é casada e a virgem se ocupam dos assuntos do Senhor para serem santas, tanto no corpo como no espírito. A mulher casada, no entanto, preocupa-se com os negócios do mundo e de como irá agradar seu marido. Estou dizendo isso para o vosso maior benefício, não para restringir vossa liberdade, mas para que possais viver de maneira honrada, em plena consagração ao Senhor».

Desde os tempos dos apóstolos, o celibato “por causa do Reino dos céus” tem sido praticado por homens e mulheres.

Surge, no entanto, a questão de como tal se encaixa no ensinamento de São João Paulo II sobre o significado nupcial do corpo – o corpo é feito para a união conjugal. O próprio Papa explicou que o celibato é uma forma de cumprir o significado nupcial do corpo, porque o significado último do corpo é fazer dom (uso) de nós mesmos a Deus. E é precisamente o que a pessoa celibatária faz de bom grado.

Em “Teologia do Corpo”, da autoria de João Paulo II, lê-se: “Em definitivo, a natureza de um e outro amor [casamento e celibato] é ‘esponsal’, ou seja expressa mediante o dom total de si. Um amor e outro tendem a exprimir aquele significado esponsal do corpo, que ‘desde o princípio’ está inscrito na mesma estrutura pessoal do homem e da mulher”.

Mais: “o amor esponsal que encontra a sua expressão na continência ‘por amor do Reino dos céus’, deve levar no seu regular desenvolvimento à ‘paternidade’ ou ‘maternidade’ em sentido espiritual (ou seja precisamente àquela ‘fecundidade do Espírito Santo’), de modo análogo ao amor conjugal queamadurece na paternidade e maternidade físicae nela se confirma exactamente como amor esponsal”.

E o Papa continua ainda: “Por seu lado, também a geração (procriação) física corresponde plenamente ao seu significado, apenas se é completada pela paternidade e maternidade no espírito, cuja expressão e cujo fruto são toda a obra educadora dos pais para com os filhos, nascidos da sua união conjugal corpórea” (Excerto de “Teologia do Corpo”, lido pela primeira vez pelo Santo Padre na Audiência Geral do dia 14 de Abril de 1982).

Pe. José Mario Mandía

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