Cáritas distribuiu mil cabazes em dia de aniversário

CAMPANHA DO GELMAC RENDEU MAIS DE 2.200 QUILOS DE ALIMENTOS

Cáritas distribuiu mil cabazes em dia de aniversário

Arroz, leite, cereais. Os escuteiros católicos de Macau recolheram no passado fim-de-semana mais de dois mil e 200 quilogramas de produtos alimentares que foram integralmente entregues à Cáritas. No dia em que cumpriu 69 anos, a organização dirigida por Paul Pun distribuiu cerca de um milhar de cabazes por outras tantas pessoas a quem a pandemia do Covid-19 trocou as voltas. O contributo do GELMac foi essencial.

O Grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau (GELMac) recolheu no passado sábado dois mil 250 quilogramas de géneros alimentícios e bens de primeira necessidade. Os produtos, que foram angariados ao longo de pouco mais de sete horas em dois supermercados de Macau e quatro da Taipa, foram canalizados integralmente para a Cáritas, que os fez chegar na terça-feira a cerca de um milhar de trabalhadores não-residentes que perderam o emprego devido ao impacto do Covid-19 e estão, por isso, em situação de grande precariedade económica.

A organização liderada por Paul Pun assinalou na terça-feira – dia da festividade da Imaculada Conceição – o seu 69.º aniversário com a distribuição de cabazes alimentares por cerca de um milhar de pessoas, mas a iniciativa está longe de ser a única com a qual a Cáritas se propõe partilhar o conforto e alegria do Natal com os que menos têm, numa quadra que é propícia à partilha. «Na terça-feira, dia da Imaculada Conceição, promovemos uma actividade em que distribuímos leite, arroz e outros produtos alimentares pelas pessoas que se encontram desempregadas. Oferecemos esta pequena ajuda tanto a residentes, como a não residentes», explicou o secretário-geral da Cáritas, em declarações a’O CLARIM. «A Cáritas Macau celebrou o seu 69.º aniversário na terça-feira e, em vez de organizarmos festas e jantares festivos, decidimos que a melhor forma de assinalar a efeméride seria a de promover esta iniciativa com quem realmente necessita. Quisemos mostrar a nossa gratidão para com aqueles que ao longo dos anos deram o seu melhor a Macau. No total, distribuímos esta pequena ajuda por cerca de um milhar de pessoas», acrescentou Paul Pun.

Para o sucesso da iniciativa contribuiu em muito o auxílio dado pelo Grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau, ainda que o volume total de produtos distribuídos na terça-feira tenha superado as mais de duas toneladas angariadas, em seis superfícies comerciais, pelos escuteiros católicos. O secretário-geral da Cáritas sublinhou que, não obstante as dificuldades com que a pandemia do Covid-19 brindou Macau, a solidariedade continua em alta e as pessoas continuam disponíveis para ajudar. «A 5 de Dezembro os escuteiros lusófonos fizeram-nos chegar arroz e mais uma série de coisas. No total, eles partilharam connosco cerca de dois mil 250 quilogramas de produtos alimentares. Na terça-feira fizemos chegar esses donativos a quem perdeu o emprego. É claro que também recebemos doações de outras pessoas; o leite e outros alimentos também nos foram oferecidos por outras pessoas e são todos esses produtos que fizemos chegar a quem necessita. E há muitas crianças e muitas mães com crianças recém-nascidas entre elas. Vieram até nós para receber fraldas, leite em pó e outro tipo de material nutricional», contou Paul Pun. «Em Macau há pessoas que têm noção das dificuldades em que se encontram os trabalhadores não-residentes que perderam o emprego. Essas pessoas expressam a sua preocupação com o apoio que fazem chegar à Cáritas e que a Cáritas, posteriormente, canaliza para as pessoas que enfrentam maiores dificuldades. Neste momento, a nossa base de dados já conta com mais de um milhar de pessoas que se dirigem regularmente às nossas instalações para receberem alguma ajuda», quantificou.

ACTO DE GRATIDÃO

A distribuição de cabazes alimentares é apenas uma das iniciativas com que a organização de solidariedade social afiliada à diocese de Macau se propõe facultar o conforto possível a quem perdeu o emprego e as perspectivas de futuro devido ao Covid-19. A Cáritas vai promover ainda, ao longo dos próximos dias, uma série de almoços com trabalhadores não-residentes que estão na iminência de abandonar Macau depois de terem sido despedidos pelas respectivas entidades empregadoras. Um novo grupo de imigrantes filipinos deve regressar a casa antes ainda do Natal (ver caixa), mas a organização liderada por Paul Pun quer proporcionar-lhes um pequeno momento de convívio e transmitir-lhes votos de agradecimento pelo trabalho que desenvolveram em prol da sociedade local. «Durante todo o mês de Novembro realizámos diferentes actividades destinadas tanto a trabalhadores não-residentes, como a residentes de Macau. No que diz respeito aos trabalhadores não-residentes, convidámo-los para almoçar. Este convite foi endereçado aos que estão desempregados e a alguns que vão deixar Macau brevemente. Algumas destas pessoas vão ser repatriados em Dezembro», referiu o dirigente. «A razão pela qual convidamos estas pessoas que já têm o regresso agendado a casa, por um lado, é porque queremos manifestar a nossa gratidão por aquilo que eles fizeram; alguns serviram a sociedade de Macau durante vastos anos. Por outro lado, quero que sintam que são nossos convidados e quem é convidado merece ser tratado com respeito. Esta é a razão pela qual os convidamos para almoçar. Não se trata de uma festa. É uma refeição partilhada, porque sei que este tipo de gesto é importante para eles. Na semana passada já convidámos alguns para almoçar e nos próximos dias vamos convidar outros», concluiu Paul Pun.

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Voo leva filipinos a tempo de Natal em família

O consulado-geral das Filipinas em Macau deve promover um novo voo de repatriamento dos cidadãos do arquipélago que se encontram retidos no território antes ainda do Natal. A informação foi avançada a’O CLARIM pelo secretário-geral da Cáritas, organização que ao longo dos últimos meses tem estado na linha da frente da assistência humanitária aos trabalhadores não-residentes que se viram privados de um meio de sustento devido à pandemia do Covid-19.

Desde o início da crise de saúde pública, Macau perdeu mais de doze mil trabalhadores não-residentes e até ao final do mês deve perder mais algumas centenas. O último voo a ligar o território a Manila está previsto para 21 de Dezembro. «Foi-me dito pelo consulado-geral que há um voo a 21 de Dezembro. Tem havido um voo de repatriação todos os meses, mas este mês o Consulado já organizou um. Descolou a 5 de Dezembro e há um outro a 21, por isso não me parece que possa haver outro depois do dia 21», explicou Paul Pun.

No início de Novembro um voo fretado pelas autoridades filipinas repatriou 197 pessoas, entre as quais duas crianças. Os filipinos são a segunda maior comunidade entre os trabalhadores não-residentes radicados no território, cuja permanência está dependente da existência de um contrato de trabalho válido.

Marco Carvalho

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