IGREJA DE SÃO DOMINGOS ACOLHE ADORAÇÃO EUCARÍSTICA DA SÉ CATEDRAL

IGREJA DE SÃO DOMINGOS ACOLHE ADORAÇÃO EUCARÍSTICA DA SÉ CATEDRAL

O Pão vivo que desce dos Céus

Para além de agora receber os fiéis e as actividades pastorais da igreja da Sé Catedral, a igreja de São Domingos viu-se “obrigada” a efectuar algumas mudanças no seu interior. Falamos, nomeadamente, da divisória instalada perto do altar-mor que pretende recriar um espaço de Adoração Eucarística e louvor. Esta “capela” de adoração vem dar continuidade e oportunidade aos féis que se dirigiam diariamente à Sé Catedral, onde num altar lateral junto à sacristia, o bispo de Macau, D. Stephen Lee, havia criado um espaço de Adoração ao Santíssimo Sacramento; encaminhando deste modo os crentes a um encontro pessoal com Jesus Eucarístico, o centro e foco da fé católica.

Para nos inteirarmos de como decorre a exposição do Santíssimo na igreja de São Domingos,O CLARIMfoi ao encontro do vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa, padre Daniel Ribeiro. O sacerdote começou por referir que «o Santíssimo é exposto às sete horas da manhã pelo bispo – quando os seminaristas rezam as Laudes – e retirado antes da missa em língua portuguesa das seis da tarde; é coberto e volta para o sacrário». No que diz respeito à Eucaristia diariamente exposta, ao período da sua presença, o padre Daniel explicou: «Todas as segundas-feiras dá-se a reposição de uma nova partícula consagrada. Nas laterais desta “capela” de Adoração ao Santíssimo temos dois confessionários, permitindo aos fiéis recorrerem à confissão dentro dos horários ali afixados». Da mesma forma como decorria na igreja da Sé Catedral, o Santíssimo só não está exposto aos Domingos.

Enquanto estiverem em curso as obras na Sé Catedral, a “pequena” igreja de São Domingos irá dando resposta às iniciativas e práticas pastorais solicitadas pela paróquia da Sé, até que volte a abrir as suas portas no próximo ano.

A EUCARISTIA – MISTÉRIO REVELADO E INSTITUÍDO PELO PRÓPRIO CRISTO – Como ponto de partida, para uma pequena reflexão sobre a Eucaristia e a instituição da Santa Missa, iniciamos esta a partir dos Evangelhos, citando passagens das Escrituras deixadas por Jesus e narradas pelos Evangelistas. O Senhor, antes de ter celebrado a Páscoa com os Seus apóstolos, já tinha dado o prenúncio do mistério vindouro – da Sua verdadeira presença no pão e vinho transubstanciado, o Seu sacrifício perpétuo e verdadeira entrega que se repete em cada Missa. No Evangelho de São João, Jesus deixa claro que Ele é o verdadeiro alimento que dá vida – «Eu sou o pão da vida: quem vem a mim jamais terá fome…» (João, 6:35). Na continuação deste capítulo 6, enfatiza: «Os vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que quem dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu: se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que Eu darei é a minha carne pela vida do mundo» (João, 6:48-51). Em seguida reforça a Sua mensagem, dizendo: «Amem, amem vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeiro alimento, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e Eu nele. Assim como o Pai que vive me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também quem me come viverá por mim» (João, 6:53-57).

O Evangelho de São Lucas narra a Ceia do Senhor, onde Ele institui a Celebração Eucarística: «Quando chegou a hora, reclinou-se à mesa e os apóstolos com Ele. E disse-lhes: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de padecer; pois digo-vos que não mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus”. E, recebendo um cálice, depois de dar graças, disse: “Tomai isto e reparti entre vós, pois digo-vos que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus”. E, tomando um pão, depois de dar graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Este é o meu corpo dado em favor de vós. Fazei isto em minha memória”. Depois de cear, fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós”» (Lucas, 22:14-20).

Ainda debruçados nos Evangelhos, lembramos a bela passagem que nos leva a Jesus Eucarístico após a Sua Ressurreição. Trata-se da revelação aos discípulos de Emaús. Jesus, indo ao encontro destes discípulos, caminhou com eles mas estes não se aperceberam que era o Senhor. Dizem apenas tê-Lo reconhecido, quando já em casa Se reclinou com eles à mesa, e tomando o pão pronunciou a bênção e, partindo-o, deu-lhes. São Lucas narra que após a fração do pão «abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no, mas Ele deixou de lhes ser visível» (Lucas, 24:31).

O MISTÉRIO ABRAÇADO DESDE A IGREJA PRIMITIVA – De enorme importância para o conhecimento da liturgia celebrada na Igreja dos primeiros séculos, a par do Didaqué (documento do primeiro século conhecido por “Doutrina dos Doze Apóstolos”), são os documentos sobre a organização da Igreja primitiva. Tratando-se da celebração da Ceia do Senhor, é feita a distinção entre “pão bento” (em Grego, “eulogia”) e “pão eucarístico” (em Grego, “eukaristia”), insistindo-se no cuidado que se deve ter para com este último.

Santo Inácio de Antioquia é uma das testemunhas mais importantes da Igreja pós-apostólica. Nascido na Síria, por volta do ano 50, foi mártir em Roma entre os anos 98 e 117. Foi o terceiro Bispo de Antioquia, logo após o apóstolo Pedro e Evódio. Recebeu a doutrina evangélica da boca dos sucessores imediatos dos Apóstolos, sendo que alguns afirmam que foi discípulo directo de São João Evangelista. Conservam-se várias cartas que escreveu às jovens igrejas enquanto era conduzido a Roma para ser martirizado. A ele se deve a mais antiga aplicação da palavra “Eucaristia” à celebração da Ceia do Senhor. Santo Inácio disse sobre a Eucaristia: «Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a Eucaristia de Deus e o seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões, são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz o seu malefício por vossa união na fé. Nada há melhor do que a paz, pela qual cessa a guerra das potências celestes e terrestres» (Carta aos Efésios).

O SURGIMENTO DOS CONGRESSOS EUCARÍSTICOS INTERNACIONAIS – Os Congressos Eucarísticos nasceram na segunda metade do Século XIX em França. Foi uma mulher de nome Emilie Tamisier (1834-1910), inspirada por São Pedro Julião Eymard (1811-1868), chamado o “Apóstolo da Eucaristia”, que tomou a iniciativa de organizar, com a ajuda de outros leigos, sacerdotes e bispos e com a bênção do Papa Leão XIII, o primeiro Congresso Eucarístico Internacional em Lille, com o tema: “A Eucaristia salva o mundo”.

Com o pontificado de Pio XI, os Congressos Eucarísticos começaram a ser celebrados rotativamente em todos os continentes, adquirindo uma dimensão missionária e de “re-evangelização”.

São Pedro Eymard dizia: «Na Sagrada Hóstia, Jesus não está escondido, mas apenas velado. Uma coisa escondida não se sabe onde está… Jesus está na Eucaristia porque sabia que coisa alguma poderia substituir a sua Pessoa».

Miguel Augusto

com vatican.va, Veritatis Splendor e Filipe Aquino

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