TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (98)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (98)

O que acontece quando morremos?

A morte é certa. É um facto. A vida é curta: «De manhã ela floresce e rejuvenesce, e à noite ela enfraquece e murcha (Salmo 90:6)». Todos sabem disso. Mas nós, cristãos, temos uma vantagem: a nossa fé diz-nos o que acontece depois da morte.

“Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, enquanto a alma, que é imortal, vai ao encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando este, transformado, ressuscitar no regresso do Senhor” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 205).

Para uma pessoa sem fé a morte é incerta, mais se parecendo a sua própria extinção. Para nós, que temos fé, a morte é a porta de algo infinitamente melhor do que “este vale de lágrimas” (Salve Sagrada Rainha). “A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um por um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo final” (CCIC nº 207).

VIVENDO NO PRESENTE

O ponto 1007 do Catecismo da Igreja Católica refere que “a lembrança da nossa condição de mortais também serve para nos lembrar de que temos um tempo limitado para realizar a nossa vida”.

Dado que não sabemos qual o momento da nossa morte, temos que fazer bom uso do tempo presente – devemos valorizá-lo e não desperdiçá-lo. Quando rezamos o “Pai Nosso”, dizemos: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Pois não pedimos o pão nosso de amanhã ou da próxima semana, mas sim o de hoje. A graça que Deus nos concede é sempre para o tempo presente, tal como com o maná, onde Deus instruiu o Povo de Israel para «colher a porção de cada dia, a fim de que Eu o ponha à prova para ver se anda ou não na minha lei(Êxodo 16:4)». Deus julgar-nos-á pelo modo como usarmos a graça que nos foi concedida.

Na oração da “Avé Maria”, pedimos à Virgem Maria para rezar “por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte”.

“Agora (hoje)” e “a hora da morte” são os dois momentos mais importantes da nossa vida, sendo que jamais poderão coincidir. Algumas pessoas vivem cristalizadas nos triunfos e fracassos do passado, outras vivem demasiado focadas no futuro. Qualquer uma destes filosofias de vida é contraproducente. O passado é aquilo que o próprio termo indica: “passado”; o futuro, esse, ainda está para vir. O único momento que temos como garantido é o presente, o actual.

Nosso Senhor disse aos Seus discípulos: «Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. É suficiente o mal que cada dia traz em si mesmo (Mateus 6:34)».

PODER, PRAZER, E POSSES

O facto de um dia termos obrigatoriamente de deixar para trás o poder, o prazer e as posses fazem-nos verificar quão fútil é colocarmos o nosso coração nas coisas perecíveis. Tudo o que é material tem uma data de validade. A longo prazo, tudo é vão e vazio (Eclesiastes 1:2). Termos bem ciente de que a morte é uma inevitabilidade ajuda-nos a desenvolver um espírito de desapego em relação a tudo o que é material. «Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam. Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração (Mateus 6:19-21)».

TUDO NAS MÃOS DE DEUS

Além do mais, sabendo que um dia iremos morrer, aprendemos que não somos auto-suficientes, e que devemos confiar a nossa vida a Deus, procurando agradá-lo em tudo.

São Tiago, no quarto capítulo da sua carta, adverte: «Agora, prestai atenção, vós que aclamais: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá nos estabeleceremos por um ano, negociaremos e obteremos grande lucro”. Contudo, vós não tendes o poder de saber o que acontecerá no dia de amanhã. Que é a vossa vida? Sois, simplesmente, como a neblina que aparece por algum tempo e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis afirmar: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”(Tiago 4: 13-15)». Daí que reza assim o Salmo 90:12: «Ensina-nos a contar os nossos dias para que possamos ter um coração de sabedoria».

Pe. José Mario Mandía

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