Louvado sejas meu Senhor, pelo dom de S. Francisco à Igreja e ao mundo!
Paz e Bem a todos quantos nos lerem!
Estimados leitores, dentro de pouco tempo, vamos celebrar o santo mais parecido com Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado. Nele, em S. Francisco de Assis, foram impressas as 5 chagas, tais como as de Jesus, nas mãos, nos pés e no lado.
O próximo dia 4 de Outubro, festa de S. Francisco de Assis, é uma grande solenidade para todas as Ordens Franciscanas.
As Irmãs Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, associadas as todas as religiosas franciscanas, têm a alegria de festejar o seu Padroeiro, com uma Eucaristia solene, presidida pelo Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, Dom Stephen Lee, às 18h:45m, na Sé Catedral de Macau.
Para esse dia, convidam, também, todas as outras congregações religiosas femininas e masculinas desta diocese, bem como todos os fiéis que quiserem e puderem associar-se.
Como preparação para tão importante acontecimento, gostaríamos de registar/deixar uma pequena reflexão que pode ser útil para o espírito, além de contribuir para o enriquecimento de todos os que lerem este artigo.
Porque usamos a saudação “Paz e Bem!”
Paz
Habitual saudação de S. Francisco aos seus contemporâneos. Tinha o grande desejo de que, tanto ele como os seus irmãos, transbordassem em tais obras pelas quais Deus fosse louvado, que lhes dizia: “Assim como proclamais a paz com a boca, assim em maior medida a tenhais nos vossos corações. Ninguém, por meio de vós, seja provocado à ira ou ao escândalo, mas todos sejam provocados pela vossa mansidão à paz, à benignidade e à concórdia” (Legenda dos Três Companheiros, n.º 58, 4).
S. Francisco exorta os seus frades a testemunhar a paz com doçura. Este é o único meio eficaz de comunicação para atrair todos os homens para a verdadeira paz, a bondade e o entendimento mútuos.
Bem
S. Francisco, no seu bilhete a Frei Leão, traçou duas mensagens inesquecíveis: Louvores a Deus Altíssimo e a Bênção.
Nos louvores, dizia, entre outros:
“Vós sois santo, Senhor Deus único, que fazeis maravilhas;
Vós sois forte, Vós sois grande, Vós sois altíssimo, Vós sois omnipotente, Vós, ó Pai santo, o rei do Céu e da terra;
Vós sois trino e uno, Senhor Deus dos deuses, Vós sois o bem, todo o bem, o sumo bem, Senhor Deus vivo e verdadeiro” (Fontes, em Louvores a Deus Altíssimo e bênção).
A saudação franciscana de “Paz e Bem” é um programa de vida, uma forma evangélica de viver o espírito das bem-aventuranças. Nestas duas “pequenas” palavras esconde-se um dinamismo e uma provocação: saudar alguém com “Paz e Bem” é o mesmo que dizer: o amor de Deus que trago em mim é a mesma pessoa que quero reconhecer nos outros e no mundo e, por causa d’Ele, queremos viver a caridade – o Bem – entre nós.
É este o sentido da resposta humana, a da conversão ao Bem, ao “Sumo Bem”: aceitar Deus como centro absoluto da própria existência, e inserir-se no seu projecto, tornando-se seu colaborador. É desta experiência que nasce a “doçura”, que enche a vida de Francisco, a sua necessidade de entregar tudo a Deus, de render-lhe graças e louvá-lo sem cessar, sabendo que Deus nunca o deixará desamparado.
Paz e Bem!
Gostaríamos, ainda, de reflectir sobre o significado do TAU.
A última letra do alfabeto hebraico é usado com valor simbólico, que já vem do A.T.: “O Senhor disse: vai pela cidade, atravessa Jerusalém e marca uma cruz na fronte dos homens que gemem e se lamentam por causa das abominações que nela se praticam” (Ez. 9, 4). O Tau, a cruz, salvou os povos de Israel do extermínio.
Foi adoptado pelos cristãos pelos seguintes motivos:
Como última letra do alfabeto hebraico, era uma profecia do último dia e a sua função era a da letra grega Omega, como nos relata o Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Omega, o primeiro e o último, o princípio e o fim. Ao que tiver sede, eu darei, gratuitamente, da nascente da água da vida. Eu sou o Alfa e o Omega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Ap. 21, 6. 22, 13).
Os cristãos usavam o Tau, porque se assemelhava à cruz sobre a qual Cristo morreu para salvar o mundo. É um sinal de reconhecimento e devoção cristã, mas, sobretudo, sinal de seguimento de Cristo pobre e crucificado. É usado para sentir a protecção de Deus na vida, porque se é filho amado e precioso para Ele, porque é a Cruz de Cristo.
Para S. Francisco, o Tau era tido como a Cruz de Jesus, pois a Cruz ocupou, para ele, um lugar muito importante: revelava-lhe a convicção espiritual forte e profunda de que somente na Cruz de Cristo está a salvação de cada homem. Por isso, lhe era tão querido. Foi acolhido por ele pelo seu valor espiritual intenso e de tal modo que se tornou, ele próprio, por meio dos estigmas na sua carne, aquele “Tau” vivo que tanto contemplou e amou até às últimas consequências.
É apresentado em madeira, porque a madeira é um material muito simples e os filhos de Deus são chamados a viver de maneira simples e em pobreza de espírito (Mt. 5,3). Também é um material fácil de trabalhar e o cristão baptizado precisa de se deixar modelar na vida de todos os dias, pela Palavra de Deus e ser voluntário do Seu Evangelho.
Que S. Francisco a todos nós conceda a graça de amarmos e vivermos o dom da paz e do bem com todas as pessoas com quem nos cruzamos, e que a Cruz de Jesus Cristo, também representada no Tau, ilumine as trevas do nosso coração para O seguirmos e servirmos como Ele merece, até a fim.
Irmã Maria Lúcia Fonseca (FMNS)