O PODER DAS SAGRADAS ESCRITURAS

O PODER DAS SAGRADAS ESCRITURAS

Aumento de conversões no mundo malaio

Na Malásia, o Evangelho tem vindo a atrair cada mais jovens e adultos, que após a leitura dos textos sagrados procuram o Baptismo, abraçando desta forma o Cristianismo. Vários comunicados oficiais da Igreja local dão-nos conta que a comunidade católica do universo malaio recebeu – só na Vigília Pascal de 2025, celebrada na noite de 19 de Abril – mais de dois mil novos fiéis: mil e 47 na Malásia Peninsular e um número equivalente nas províncias malaias do Bornéu.

Durante a Quaresma, os catecúmenos celebraram o Rito da Eleição (ou da Inscrição do Nome) – acto litúrgico que assinala a recepção formal dos catecúmenos na Igreja – enquanto os fiéis se uniam em oração. Em Kajang, na arquidiocese de Kuala Lumpur, por exemplo, o rito decorreu na igreja da Sagrada Família e reuniu 549 catecúmenos. O arcebispo D. Julian Leow, que presidiu à Eucaristia, evocou o tema do Ano Jubilar, “Peregrinos da Esperança”, tendo convidado os catecúmenos a crescerem na Santidade: «Todos nós fomos “eleitos”, escolhidos por Deus, para fazer parte do Seu Povo», recordou.

Já na diocese de Malaca-Johore, mais de 281 catecúmenos de dezassete paróquias reuniram-se na Catedral do Sagrado Coração de Jesus para similar cerimónia. Dirigindo-se a eles, o bispo D. Bernard Paul enfatizou a importância do «imprescindível percurso» de preparação para o Baptismo e exortou-os a ouvir atentamente a voz de Deus, e a nunca se distraírem. «A Sua voz é bondosa, acolhedora e encorajadora. O sonho de Deus é que estejamos unidos a Ele, que sejamos um n’Ele, como um só povo», afirmou. Por sua vez, na diocese de Penang – ainda na Malásia peninsular – o Rito da Eleição incluiu 156 catecúmenos dos decanatos do Norte e ilhas vizinhas, e outros 61 jovens catecúmenos do decanato de Perak, que foram recebidos como “eleitos” na igreja de São Miguel, em Ipoh. O cardeal D. Sebastian Francis presidiu a ambas as celebrações, encorajando todos a «abraçar a alegria da esperança», inspirados por figuras como a do beato Carlo Acutis.

No Bornéu malaio, mil 125 catecúmenos de várias paróquias da arquidiocese de Kota Kinabalu receberam o Baptismo nesta Páscoa. Durante o Rito da Eleição, que marcou a conclusão do período do Catecumenado, o arcebispo D. John Wong acolheu-os na sua intenção «de se juntarem à Igreja Católica» e declarou-os prontos para completar «o período de purificação e iluminação», uma fase final e intensa de preparação para receber os três primeiros sacramentos (Baptismo, Comunhão e Crisma) na noite de Páscoa.

“Fundar a Fé na Palavra de Deus”: foi com este espírito que a comunidade cristã de Sarawak, região do Bornéu malaio, celebrou o lançamento de duas novas edições da Bíblia em língua malaia, neste ano do Jubileu. O “Alkitab Kudus Malaysia” e o “Alkitab Berita Baik Edisi Studi” – obras publicadas pela Sociedade Bíblica da Malásia em colaboração com a Associação de Igrejas em Sarawak (um organismo ecuménico) – pretendem enriquecer a vida espiritual dos cristãos de todo o País, especialmente os que habitam a região do Bornéu. Num anúncio prévio destas publicações, aquando a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, no passado dia 21 de Janeiro, em Kuching, o reverendo Datuk Danald Jute, secretário-geral da Associação de Igrejas em Sarawak, disse: «As traduções da Bíblia recordam-nos o facto de Deus falar e compreender todas as línguas. Ou seja, o Bahasa Malaio não é só o nosso idioma materno, mas também a língua sagrada através da qual Deus fala connosco. E aos cristãos compete-lhes usar essas Bíblias como ferramentas para se aproximarem de Deus e partilhar a Sua mensagem».

Graças aos novos avanços tecnológicos e aos novos “softwares” que ajudaram os investigadores, o trabalho de tradução foi concluído em treze anos, em vez dos vinte estimados. Qualquer tradução da Bíblia requere anos de estudo e muita dedicação.

A edição “Alkitab Kudus Malaysia” resulta de um redobrado esforço de tradução iniciado pela Sociedade Bíblica em 2011, com vista a satisfazer a crescente procura das igrejas de língua malaia por “uma tradução formal mais próxima dos textos originais da Bíblia”. Contrariamente à edição “Alkitab Berita Baik Edisi Studi” – uma adaptação da Bíblia que utiliza uma abordagem de “equivalência dinâmica” para a tradução –, o “Alkitab Kudus Malaysia” segue uma abordagem de “equivalência formal”, o que o torna ideal para a investigação académica e para os estudos da terminologia aramaica e grega. Este projecto, aliás, exigiu considerações linguísticas, teológicas e culturais meticulosas para criar o que é hoje considerada uma Bíblia totalmente malaia.

O “Alkitab Kudus Malaysia” é agora “um testemunho do compromisso da igreja malaia” em compreender a Palavra de Deus em toda a sua profundidade. «Esta Bíblia não é apenas uma tradução, é um presente para a Igreja na Malásia. Permite um envolvimento mais profundo e preciso com as Escrituras Sagradas, tendo em vista o estudo, a oração e a adoração», esclareceu, a propósito, o secretário-geral da Sociedade Bíblica, padre Mathew Punnoose.

Por outro lado, a edição “Alkitab Berita Baik Edisi Studi” contempla comentários, referências e explicações, e tem como objectivo permitir que os não especialistas, ou seja, todas as pessoas baptizadas (sem excepção), tenham uma compreensão mais profunda das Sagradas Escrituras.

Joaquim Magalhães de Castro

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