Servo dos Servos de Deus: São Gregório I, o Grande
SÃO GREGÓRIO I
(3.IX.590 – 12.III.604)
Gregório I, o 64.º Pontífice Romano, nasceu numa família rica e poderosa. O pai era um patrício abastado, membro da antiga aristocracia romana por nascimento. A casa de família foi construída no Monte Célio (uma das sete colinas de Roma), sendo que os pais também possuíam grandes propriedades na Sicília. Mais importante ainda, Gregório I nasceu no seio de um lar com fortes raízes cristãs. A mãe, Sílvia, é venerada como santa, assim como duas das suas tias (do lado paterno).
Com cerca de trinta anos de idade, tornou-se “Praefectus urbi” (prefeito da cidade de Roma). Este era responsável por manter a lei e a ordem e supervisionar o Governo da cidade.
Acontece que Gregório ansiava por uma vida de oração, pelo que decidiu abandonar a carreira política e tornar-se monge. Utilizou as seis propriedades da família na Sicília para fundar mosteiros e transformou a casa no Monte Célio também num mosteiro. Dedicou-o ao apóstolo André.
O Papa Pelágio II pediu ajuda a Gregório para o representar junto do imperador em Constantinopla e ali foi embaixador por seis anos, após os quais recebeu autorização para voltar ao seu mosteiro. Uma vez lá chegado, foi nomeado abade.
Um dia, caminhava Gregório por um mercado romano de escravos quando viu um grupo de meninos anglo-saxões serem maltratados. Ficou comovido e comentou que «não eram anglo-saxões, mas anjos» (“Non Angli sed angeli”). Com a bênção do Papa, ainda tentou resolver o problema na origem, Inglaterra, mas as pessoas que dele gostavam não o deixaram ir. Foi somente mais tarde, já depois de se tornar Papa, que Gregório I enviou Agostinho (conhecido como Santo Agostinho de Cantuária), acompanhado por quarenta monges, em missão de evangelização da Inglaterra, naquela que foi a primeira grande missão de Roma extramuros.
Depois da morte do Papa Pelágio II em 590, Gregório foi eleito por unanimidade para o Papado. “Relutantemente, teve de trocar a vida tranquila de monge pela actividade incessante de Papa. Mas sempre ansioso por fazer a vontade de Deus, Gregório mergulhou com coragem no seu novo trabalho e preencheu catorze anos com grandes realizações” (Brusher & Borden. “Popes through the Ages”, pág. 128).
A formação e educação de Gregório prepararam-no para se tornar um administrador eficiente das propriedades da Igreja. No entanto, não o fez com o objectivo de acumular riqueza para a Igreja, mas sim para usar os bens da Igreja para resgatar prisioneiros capturados pelos invasores lombardos, atender pessoas necessitadas, especialmente vítimas da peste e da fome (incluindo judeus), e realizar muitas obras de caridade.
A experiência de Gregório como “Praefectus urbi” ajudou-o a enfrentar a ameaça dos lombardos, por um lado, e a compensar a incompetência e irresponsabilidade de Constantinopla, por outro. Naquela época, o Papa não era a mais alta autoridade civil em Itália, mas foi graças ao Papa Gregório que o País pôde desfrutar de uma paz relativa.
No que diz respeito à liturgia, Gregório I forneceu directrizes e rubricas claras para a Missa e o ano litúrgico, incluindo a ordem das orações e o ritual. Fez pequenas revisões no Cânone da Missa e mudou o “Pater Noster” (Pai Nosso) para o alinhamento actual, antes da partilha da Hóstia. Recolheu e organizou hinos para a liturgia, que acabaram por ficar conhecidos como canto gregoriano em sua honra.
Além de lidar com as tribos anglo-saxónicas, “trabalhou arduamente com São Leandro para converter os visigodos espanhóis, ainda arianos, e abriu caminho para a conversão dos lombardos” (Brusher & Borden. “Popes through the Ages”, pág. 128). Teve igualmente de lidar com os donatistas do Norte de África, que ensinavam que os padres tinham de ser irrepreensíveis por forma a administrarem os Sacramentos com validade.
A sua formação também fez de Gregório I um grande pregador e escritor, a ponto das homilias, dos diálogos e do seu cuidado pastoral terem ajudado a formar os fiéis da Alta Idade Média.
O Papa Gregório morreu em 604 e foi canonizado por aclamação popular. É um dos três Papas denominados “Grandes”, sendo os outros dois o Papa Leão I (440-463) e Nicolau I (858-867). É ainda considerado um dos Quatro Grandes Padres Ocidentais da Igreja, juntamente com São Jerónimo, Santo Agostinho e Santo Ambrósio.
Pe. José Mario Mandía

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