GUARDIÕES DAS CHAVES – 25

GUARDIÕES DAS CHAVES – 25

Escutando os bispos africanos: Zósimo

SÃO ZÓSIMO

(18.III.417 – 26.XII.418)

O Papa Zósimo, 41.º Pontífice Romano, era de ascendência grega e um homem de carácter forte. Esta característica pessoal criaria problemas entre ele e os bispos da Gália e também com os bispos de África. No entanto, era homem prudente o suficiente para considerar cuidadosamente as questões e humilde para admitir os próprios erros e mudar de posição, quando necessário.

Vimos da última vez que a heresia pelagiana foi condenada no Concílio, ou Sínodo, de Cartago, em 418. Este foi convocado pelo arcebispo Aurélio de Cartago durante o Pontificado de Zósimo.

Após a morte de Inocêncio I (o Papa anterior), Celéstio, um seguidor de Pelágio, foi a Roma para defender a sua causa, tentando convencer todos, especialmente o Papa Zósimo, de que ele e Pelágio estavam a tentar ser fiéis à Doutrina da Igreja. O próprio Pelágio enviou uma profissão de fé cuidadosamente redigida ao Papa, fazendo o Santo Padre acreditar que eles não estavam a ensinar qualquer erro. Influenciado por Celéstio e Pelágio, o Papa Zósimo enviou uma carta com palavras fortes aos bispos africanos a repreendê-los pela precipitada condenação que haviam feito. “O arcebispo Aurélio de Cartago rapidamente convocou um sínodo, que enviou uma carta a Zósimo na qual se provava que o Papa havia sido enganado pelos hereges. Na sua resposta, Zósimo declarou que não tinha decidido nada definitivamente e que não desejava decidir nada sem consultar os bispos africanos. Após a nova carta sinodal do concílio africano de 1 de Maio de 418 ao Papa e após as medidas tomadas pelo imperador Honório contra os pelagianos, Zósimo reconheceu o verdadeiro carácter dos hereges” (Kirsch, J.P. 1912. Papa São Zósimo. In “The Catholic Encyclopedia”. http://www.newadvent.org/cathen/15764c.htm).

Vale a pena explicar os pontos doutrinários deste Sínodo.

Cânone I: Adão não foi criado sujeito à morte [o dom da imortalidade].

Cânone II: As crianças devem ser baptizadas para a remissão dos pecados.

Cânone III: A graça não só concede a remissão dos pecados, mas também ajuda a não pecar de novo.

Cânone IV: A graça concede conhecimento, inspiração e desejo de cumprir o dever exigido.

Cânone V: Sem a graça de Deus, não podemos fazer nada de bom.

Cânone VI: A afirmação “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos” não deve ser dita por humildade, mas porque é verdade.

Cânone VII: Na Oração do Senhor, os santos rezam “Perdoai as nossas ofensas” não só pelos outros, mas também por si mesmos.

Cânone VIII: Os santos rezam “Perdoai as nossas ofensas” não por humildade, mas porque pecaram. (“Os Cânones do Concílio de Cartago – ano 417 ou 418 – sobre o pecado e a graça” e “Textos da Igreja Primitiva”, https://www.earlychurchtexts.com/public/carthage_canons_on_sin_and_grace.htm).

O próprio Papa examinou o comentário de Pelágio sobre a Carta aos Romanos e ficou horrorizado com o que lá encontrou. Zósimo finalmente emitiu uma carta encíclica – Epistola tractaria – por meio da qual excomungou Celéstio e Pelágio e condenou o pelagianismo em termos duros e clarividentes. Os bispos da África, incluindo Santo Agostinho, ficaram aliviados e encantados com o documento.

Em matéria de moralidade e disciplina, Zósimo era bastante rigoroso, tendo decretado que “os filhos ilegítimos não podiam ser elevados ao sacerdócio” (Caporilli, “Os Pontífices Romanos”) e que “os clérigos não deviam beber em tabernas” (Brusher & Borden, “Popes through the Ages”).

Após a sua morte, o Papa Zósimo “foi sepultado na igreja do cemitério de São Lourenço, em Agro Verano” (Brusher & Borden, “Popes through the Ages”).

Pe. José Mario Mandía

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