Organizar Roma e combater o Arianismo: Marcos e Júlio I
SÃO MARCOS
(18.I.336 – 7.X.336)
O Papa São Marcos, o 34.º Pontífice Romano, iniciou o uso do pálio (do Latim “manto” ou “capa”). Trata-se de uma faixa de lã branca com cinco centímetros de largura, com pingentes e cruzes, usada sobre a casula. É feita de lã de cordeiro. O cordeiro representa Cristo. O pálio é usado pelo Papa como um sinal de que ele é o pastor do rebanho de Cristo, que é a Igreja. O Papa também confere o pálio aos arcebispos, que o usam como um sinal da sua participação na autoridade papal. O Papa Marcos conferiu o pálio ao bispo de Óstia e decretou que um novo Papa fosse consagrado por este bispo.
O que há de especial na diocese de Óstia? É uma das sete dioceses suburbicárias (do Latim sub, “sob ou pertencente a”; urbs, “cidade”) da cidade de Roma. A partir de 1150, o seu bispo também foi designado decano do Colégio Cardinalício. O decano preside ao Colégio Cardinalício da Igreja Católica, servindo como “primus inter pares” (“primeiro entre iguais”). Em ordem de precedência, ele vem depois do próprio Papa. Nos tempos modernos, quando o Papa morre ou renuncia, é o decano que comunica a “notícia ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé e aos Chefes das respectivas Nações” (João Paulo II, Universi Dominici Gregis, art. 19). Ele é a face pública da Santa Sé até que o novo Papa seja escolhido. O decano é quem convoca o Conclave para eleger o novo Papa e preside às reuniões do Colégio Cardinalício em preparação para o Conclave.
Durante o Pontificado de São Marcos, foi elaborado o primeiro calendário de festas religiosas (cf. Caporilli, Os Pontífices Romanos).
Também durante o Pontificado do Papa Marcos, o imperador Constantino doou duas basílicas à Igreja, juntamente com as propriedades necessárias para a sua manutenção. Uma delas é a Basílica de São Marcos Evangelista, na Piazza di San Marco, ao lado da Piazza Venezia, em Roma. A basílica foi reconstruída e restaurada várias vezes. As relíquias do Papa São Marcos estão aqui guardadas. O imperador também doou outra igreja na Catacumba de Balbina.
SÃO JÚLIO I
(6.II.337 – 12.IV.352)
Quando Constantino, o Grande, morreu em 337, os seus três filhos, Constantino II, Constâncio e Constante, declararam-se Augustos (imperadores seniores) e dividiram o Império Romano entre si. Constantino II ficou com a Gália, a Grã-Bretanha e a Espanha; Constâncio II ficou com as províncias orientais (Ásia Menor, Egipto, Síria, etc.); e Constante governou a Itália, África e Ilíria.
Vimos que o Édito de Milão deu mais espaço para o desenvolvimento da Doutrina, mas também se tornou uma ocasião para o surgimento da heresia ariana em Alexandria, o que levou à convocação do Concílio de Nicéia (cf. GUARDIÕES DAS CHAVES n.º 21). Apesar do Concílio, Constâncio, que governava o Oriente, caiu no Arianismo. Constante, que governava o Ocidente, felizmente não caiu na heresia. Atanásio, bispo de Alexandria, foi banido da sua diocese e ficou no exílio por dezassete anos.
O Santo Padre tentou resolver a questão, mas os arianos não cooperaram. Atanásio permaneceu no exílio até a morte do bispo ariano. Quando Atanásio voltou a Alexandria, o Papa Júlio escreveu uma carta de felicitações ao povo de Alexandria.
O Liber Pontificalis diz que devido à queda de Constâncio na heresia o Papa “passou por muitas tribulações e ficou no exílio por dez meses e, após a morte deste Constantino, retornou em glória ao trono do abençoado Pedro, o apóstolo”.
O Papa Júlio “construiu duas novas basílicas e três igrejas-cemitério. A estadia de Santo Atanásio em Roma ajudou a popularizar o monaquismo egípcio e deu um impulso à vida religiosa” (Brusher & Borden, “Popes through the Ages”, pág. 70).
O Papa também “ordenou que a Igreja Oriental celebrasse o Natal a 25 de Dezembro, em vez de o unir à Epifania a 6 de Janeiro”. Ao Papa Júlio é atribuída a fundação dos “Arquivos da Santa Sé, uma vez que ordenou que todos os actos oficiais fossem preservados” pelos notários (cf. Caporilli, Os Pontífices Romanos).
O Papa Júlio morreu em 325 e foi sepultado no Cemitério de Calepódio.
Pe. José Mario Mandía