Fórmula 1 – Época de 2016

Red Bull e Ferrari, os “novos” intrusos

O Grande Prémio dos Estados Unidos disputa-se desde 2012 no COTA (Circuit Of The Americas), muito perto da cidade de Austin, no Texas. O COTA foi o primeiro circuito desenhado e construído “exclusivamente” para a Fórmula 1 nos Estados Unidos. Antes, houve muitas provas do mundial da categoria em terras do “Tio Sam”, mas sempre em circuitos de ocasião, usados para as categorias de veículos americanos com características, no mínimo, especiais, muitos deles sem grande capacidade para acolher este tipo de carros e equipas. Foram utilizados todos os tipos de circuitos, inclusivamente parte da pista oval e do interior do estádio de Indianápolis, que acolhe as famosas 500 milhas disputadas num outro tipo de carro, muito particularmente adaptado às condições deste circuito, único no mundo.

Nos seus quatro anos de existência o Circuito das Américas teve apenas dois vencedores. Lewis Hamilton, com três vitórias, e Sebastian Vettel, com uma. Nos últimos dois anos Rosberg ficou atrás de Hamilton no segundo lugar. O campeonato este ano é liderado por Rosberg. Se conseguir manter-se atrás de Hamilton nas quatro corridas que faltam disputar, será o campeão do mundo, com uma margem de dois pontos. Se Rosberg vencer uma prova, Hamilton terá muitas dificuldades em renovar o título. Terá que “torcer” para que o seu companheiro de equipa não se classifique acima do terceiro lugar em todas as outras corridas. Difícil? No desporto automóvel tudo pode acontecer!

Ainda temos que ter em conta outros pilotos que podem deitar tudo a perder, prejudicando mais Rosberg do que Hamilton. Para além de lutarem entre si, os dois pilotos da Mercedes têm que impedir os adversários da Red Bull (Daniel Ricciardo e Max Verstappen) e da Ferrari (Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen) de se “intrometerem” entre os Mercedes. Qualquer perda de pontos obrigará o piloto “alemão” da equipa de Estugarda a ter que vencer pelo menos mais uma corrida. Esse facto torna-se difícil, quando se sabe que Hamilton já disse que quer voltar a ser campeão, sendo que o inglês e Rosberg não são propriamente amigos…

Tendo em conta que o Campeonato de Construtores já pertence, pela terceira vez consecutiva, às “Flechas de Prata” e que os dois pilotos têm autorização para “competir” entre eles, poderemos assistir a algumas manobras “abaixo de cinto” por parte de qualquer um dos pilotos. Uma vez mais, a Red Bull está pronta a amealhar todos os pontos que, eventualmente, o duelo fratricida lhes ponha ao alcance, como aconteceu em Espanha no início do ano. E não se podem descartar nenhuma das outras equipas, que já nada têm a perder e que já mostraram que podiam ter feito melhor, não fosse a concorrência da Mercedes.

De todas as equipas a única que ainda não marcou pontos foi a Sauber. A Ferrari vem em crescendo, embora já tarde, o que pode complicar ainda mais as contas. Veremos o que o Grande Prémio dos Estados Unidos nos vai oferecer. A expectativa é muita, mesmo que seja com os actores de sempre.

Mudando um pouco o tópico, sem deixar os carros de corrida, gostaria de falar sobre um homem fantástico, que dá pelo nome de Alessandro Zanardi. Correu em Macau no início da carreira, como muitos outros pilotos. Vários desapareceram, enterrados em fórmulas secundárias, e/ou deixaram de pilotar carros de competição, evaporando-se para sempre. Alguns até eram bastante dotados e poderiam ter inscrito o seu nome no desporto automóvel. O que lhes sobejou em talento, faltou-lhes – muitas vezes – em dinheiro e patrocinadores.

Zanardi foi subindo de categoria e em 1997 e 1998 venceu o campeonato de IndyCar (CART- Championship Auto Racing Teams). Como alguns pilotos de sucesso nos “States”, Zanardi tentou regressar à Fórmula 1, onde já tinha corrido por quatro épocas, de 1991 a 1994, assim como na Fórmula 300, mas sem grande sucesso. Resultado: voltou aos Estados Unidos e à IndyCar. A 15 de Setembro de 2001, durante o American Memorial, que estranhamente foi disputado no EuroSpeedway, na cidade de Lausitz, o piloto italiano saiu da última linha do “grid” e quando liderava a prova foi atingido por outro carro. Neste acidente perdeu as duas pernas, o suficiente para muitos, quase todos, pararem de correr. Não foi o caso!

Depois de recuperar das intervenções cirúrgicas, Zanardi voltou a pilotar carros de corrida. Primeiro no Europeu e depois no Campeonato do Mundo de Carros de Turismo. Em 2005 subiu ao degrau mais alto de um pódio e em 2006 voltou a testar um carro de Fórmula 1, um Sauber BMW, especialmente adaptado.

Abandonou o desporto automóvel e dedicou-se ao ciclismo nas séries para-olímpicas, onde ganhou quatro medalhas: duas de prata e duas de ouro. Mas ainda não estava satisfeito, como se um homem como ele se possa sentir satisfeito.

No último fim de semana, uma vez mais ao volante de um BMW GT3, venceu na sua categoria, na última prova do Campeonato Italiano de Turismos, no Circuito de Mugello, em Itália.

A terminar, apenas um parêntesis: o piloto português Álvaro Parente venceu o Campeonato Americano (USA) de Turismo, de 2016, com um McLaren.

Os treinos livres para o Grande Prémio dos Estados Unidos estão assim agendados: Treinos Livres 1, sexta-feira, 10:00-11:30; Treinos Livres 2, sexta-feira, 14:00-15:30; Treinos Livres 3, sábado, 10:00-11:00; Qualificação, sábado, 13:00-14:00; Corrida, Domingo, 13:00-15:00.

Manuel dos Santos

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