Filipinas: Duplo atentado faz 21 mortos e mais de cem feridos

Igreja pede união de católicos e muçulmanos contra o extremismo.

A liderança da Igreja Católica nas Filipinas exortou católicos e muçulmanos a unirem esforços contra o extremismo religioso na região de Mindanao (sul do País), na sequência do duplo atentado que no Domingo teve como alvo a catedral de Nossa Senhora do Monte Carmelo, na cidade de Jolo.

A explosão de dois engenhos explosivos com quinze segundos de intervalo vitimou 21 pessoas e deixou mais de uma centena de outras feridas. O duplo atentado, que foi reivindicado pelo Estado Islâmico, ocorreu durante a Eucaristia Dominical. Entre as vítimas estão vários soldados que se encontravam no local a fim de garantirem a segurança do perímetro da catedral.

Reunida em Manila, a Conferência Episcopal das Filipinas condenou o atentado e deixou um apelo aos fiéis das diferentes denominações religiosas presentes no arquipélago. D. Romulo Valles, arcebispo de Davao e presidente da Conferência Episcopal das Filipinas, pediu a todas «as religiões de paz» que juntem as mãos e se unam na luta contra o terrorismo. «Pedimos aos nossos irmãos na fé que dêem as mãos aos muçulmanos que advogam a paz e às comunidades indígenas, e se juntem no combate ao extremismo e à violência», disse, citado num comunicado a que O CLARIMteve acesso. «Que as nossas religiões, norteadas pela paz, nos guiem na demanda de um futuro mais brilhante para os povos de Mindanao», acrescentou D. Romulo Valles.

O presidente da Conferência Episcopal das Filipinas fez chegar ainda os votos de condolências da Igreja Católica no País às famílias das vítimas, condenando ao mesmo tempo a investida terrorista, alegadamente conduzida por dois bombistas suicidas: «Estendemos os nossos votos de condolências às famílias dos vários soldados e dos civis que foram mortos nas explosões. De um mesmo modo, condenamos este acto de terrorismo que se materializou escassos dias depois do plesbicito sobre a Lei Orgânica de Bangsamoro».

O ataque de Domingo ocorreu uma semana depois de mais de dois milhões de filipinos da comunidade de maioria muçulmana no Sul do País, onde se inclui a cidade de Jolo, terem sido chamados a participar num referendo para tornar a região mais autónoma, numa esforço para acabar com cinco décadas de conflito. Sulu, a província à qual Jolo pertence, votou contra a ratificação da Lei Orgânica de Bangsamoro no referendo organizado em meados do mês.

O duplo atentado materializou-se também a escassos dias do novo administrador apostólico de Jolo assumir funções. Nomeado para o posto pelo Papa Francisco no início de Janeiro, o padre Romeo Saniel chorou a morte de alguns dos seus amigos e pediu justiça para as vítimas dos rebentamentos. «Muitos dos que morreram permaneceram em Jolo não obstante as ameaças e a insegurança a que estavam expostos. Na minha perspectiva, eles morreram pela fé cristã», defendeu Saniel, num comunicado igualmente emitido pela Conferência Episcopal das Filipinas. «Não há palavras para descrever a dor e a tristeza que todos sentimos por estes dias. Que os que morreram possam obter justiça no reino de Deus», acrescentou o novo administrador apostólico.

O atentado foi de imediato condenado pelo Papa Francisco, que rezou pela conversão dos autores da investida. O Sumo Pontífice, que se encontrava no Panamá para as Jornadas Mundiais da Juventude, expressou a sua «firme condenação» de um acto de violência que enlutou a comunidade católica. «Rezo pelos que morreram e pelos que ficaram feridos. Que o Senhor, príncipe da paz, converta os corações de quem vive sob o signo da violência», disse o Papa Francisco, citado pelas agências internacionais.

Marco Carvalho

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