CENTRO DO BOM PASTOR QUER CUMPRIR ÚLTIMA VONTADE DA IRMÃ JULIANA DEVOY

CENTRO DO BOM PASTOR QUER CUMPRIR ÚLTIMA VONTADE DA IRMÃ JULIANA DEVOY

Dar uma família a quem não tem

O Centro do Bom Pastor quer que todas as crianças de Macau tenham direito a crescer com saúde e amor no seio de uma família e vai continuar a trabalhar para que o recurso, por parte do Instituto de Acção Social, a famílias de acolhimento se torne uma prática enraizada. A garantia foi dada por Debbie Lai, em entrevista concedida à edição em Chinês d’O CLARIM.

A actual directora do Centro do Bom Pastor recorda que depois da aprovação da Lei da Violência Doméstica, em 2016, a irmã Juliana Devoy direccionou a atenção para a flexibilização do processo de adopção de crianças, naquele que foi o seu último grande “cavalo de batalha”. A missionária da Congregação das Irmãs do Bom Pastor defendia, acima de tudo, que as crianças pudessem crescer integradas numa família, nem que essa família fosse, pura e simplesmente, uma família de acolhimento.

A irmã Juliana Devoy faleceu em Dezembro último, mas o Centro do Bom Pastor continua apostado em fazer da última vontade da sua antiga directora uma realidade. «A experiência da adopção é uma experiência dolorosa, quer seja para os pais biológicos da criança, quer seja para os pais que querem adoptar (…)Uma vez que há leis em Macau que regulam o processo, o Centro nunca se pode envolver muito e até ao momento ainda não conseguimos desenvolver muito trabalho nesta área», reconhece Debbie Lai. «Com a personalidade que tinha, a irmã Juliana tomava a iniciativa de se debruçar sobre as questões que mais ninguém abordava. Ela mostrou um grande interesse em promover os serviços das famílias de acolhimento ao longo dos últimos anos. Agora cabe-nos a nós continuar o seu trabalho, até porque cada criança deve ter o privilégio de crescer com saúde e amor no seio de uma família», defende a responsável.

Depois de ter tido um papel fundamental na discussão, há cinco anos, da Lei da Violência Doméstica, o organismo considera que o esforço que empreendeu atingiu os frutos desejados e vai, por isso, canalizar os seus recursos para outras áreas que continuam a ser em grande medida negligenciadas. «Depois da Coligação Contra a Violência Doméstica ter sido criada, o Governo da Região Administrativa Especial começou a atribuir subsídios a várias organizações para aumentar a consciência pública sobre esta matéria e nós acabámos por conseguir reduzir o nosso envolvimento nesta área», esclarece Debbie Lai. «A nossa residência ainda mantém as portas abertas às vítimas da violência doméstica, mas vamos reduzir os recursos que direccionamos para esta questão para outros domínios que são actualmente negligenciados ou que não atraem tanta atenção», conclui.

Marco Carvalho

com Jasmin Yiu

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *