USJ inaugurou Centro Bispo Domingos Lam para a Investigação em Educação
O bispo de Macau, D. Stephen Lee, apadrinhou no passado sábado o lançamento do Centro Bispo Domingos Lam para a Investigação em Educação, organismo que reúne académicos de Macau e de paragens tão distintas como a Austrália ou o Reino Unido, e que se propõe conduzir pesquisas nos domínios da Pedagogia e da Educação.
Baptizado com o nome de D. Domingos Lam Ka Tseung, primeiro bispo chinês a assumir a cadeira episcopal de Macau, o novo Centro vai procurar dar resposta aos desafios com que se deparam os professores e os estabelecimentos de ensino da RAEM, quer aplicando localmente dados e conclusões alcançados por estudos internacionais, quer conduzindo estudos independentes, direccionados para domínios como os métodos pedagógicos, a inclusividade ou o recurso às novas tecnologias da informação.
Dirigido por Keith Morrison, vice-reitor da Universidade de São José, o Centro Bispo Domingos Lam para a Investigação em Educação propõe-se impulsionar a promoção da investigação científica no domínio da Educação, de modo a contribuir para a adopção de novos métodos pedagógicos e de uma mudança de paradigma na forma como o conhecimento é transmitido nas escolas do território.
«O Centro tem vários objectivos: conduzir investigação em Macau, disseminar as conclusões dos processos de investigação conduzidos à escala internacional e garantir que uma tal investigação tem relevância prática, em termos imediatos, para Macau», explicou Keith Morisson. «A posição que defendi na minha apresentação é a de que o Centro deve servir sobretudo para conduzir investigação localmente, tendo por base as escolas de Macau. Há a tendência para se olhar para a Educação como aquilo que é feito em qualquer outro lado e a investigação em pedagogia é normalmente vista como algo que se importa. Como fiz questão de sublinhar, esta opção suscita várias problemas. Problemas de transferência de conhecimentos, por exemplo», referiu o docente.
Numa fase inicial, o Centro Bispo Domingos Lam para a Investigação em Educação vai direccionar recursos para oito domínios bem definidos. A Educação Inclusiva, as Novas Tecnologias de Informação e a Pedagogia são algumas das questões a que o organismo liderado por Keith Morrison deverá prestar particular atenção. «Vamos conduzir investigação no campo da Educação promovida por instituições católicas, no domínio da Educação Inclusiva, da Pedagogia, da Educação através das novas tecnologias, do desenvolvimento de currículos e de toda uma série de questões», listou o académico, acrescentado que «a Educação Inclusiva não só é algo que tem sido negligenciado em Macau, como também é uma das questões centrais a abordar pelo Centro para a Investigação em Educação».
Os responsáveis pelo novo organismo – resultado de um avultado investimento feito pela diocese de Macau no domínio da Educação – querem sobretudo que o Centro se afirme como um veículo para a disseminação de novas práticas pedagógicas. Para além de conduzir investigação nos oito domínios em que se propõe fazer a diferença, o Centro Bispo Domingos Lam para a Investigação em Educação vai promover conferências e acções de formação com o propósito de disseminar os conhecimentos e as conclusões decorrentes dos projectos de investigação conduzidos. «O Centro vai organizar conferências e dinamizar acções de formação. Vais sobretudo investir na disseminação de novos conhecimentos. Vai conduzir investigação e depois diligenciar formas de fazer com que as conclusões obtidas se traduzam por algo prático», sublinhou Keith Morrison. «Vamos pegar em investigação que foi publicada noutra parte do mundo e procurar perceber de que forma é que se adapta ao contexto de Macau, o que podemos utilizar e o que não podemos utilizar. Vamos procurar perceber o que pode ser importado para Macau. O Centro vai funcionar como um veículo de desenvolvimento, mas também como um veículo para disseminação», acentuou.
OS OLHOS NA GRANDE BAÍA
Para o padre Peter Stilwell, reitor da Universidade de São José, o novo organismo é um complemento necessário ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Escola de Educação da USJ. O Centro Bispo Domingos Lam para a Investigação em Educação, defendeu o responsável, pode vir a dar um contributo importante para acelerar a integração do território no espaço da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. «Temos pessoas a fazer doutoramentos e mestrados; professores a fazer investigação, algo que faz parte das suas obrigações, mas até agora isto era feito tudo de forma muito dispersa, cada um com aquilo que estudaram nos seus próprios países», disse o sacerdote. «Agora precisávamos de concentrar esses esforços sobre algumas linhas que são importantes para o desenvolvimento de Macau e a Educação em Macau, como sabe, é importante para que Macau consiga enfrentar esse grande desafio que é integrar-se na Grande Baía. E também corresponder aos desafios lançados pela China continental, que é a de ser esta plataforma de encontro com os países lusófonos. Para isso, é preciso que haja talentos, que haja criatividade, capacidade de pensar os problemas e de arranjar soluções; e isso passa muito pela Educação», defendeu o reitor.
O trabalho desenvolvido pelo novo Centro deverá ainda dar um contributo importante, no entender do padre Peter Stilwell, para a uniformização do ensino num território caracterizado por uma pluralidade de vozes e de métodos educacionais. «Há aqui vários tipos de pedagogia, várias escolas de diversas origens e isso pode servir um pouco de laboratório para os nossos estudantes. Eles fazem os seus estágios nessas escolas e os professores acompanham-nos nos estágios. Se as escolas se abrirem para que nós façamos essa recolha de dados, sobre o que se passa no interior das escolas, teremos a oportunidade de contribuir para que algo mude. É preciso, no entanto, vencer algum receio que esses dados possam expor, fragilidades», alertou. «Temos de dar garantias às escolas que são respeitadas na sua dignidade e naquilo que é a confidencialidade dos dados, de forma a que as escolas possam depois beneficiar da investigação que é feita para perceber exactamente onde estão as fragilidades, mas também as potencialidades que cada uma delas têm. Isso só é possível olhando a realidade ela própria e não vivendo simplesmente ao nível das teorias», concluiu o padre Peter Stilwell.
Marco Carvalho