19º DOMINGO COMUM – Ano C – 10 de Agosto

19º DOMINGO COMUM – Ano C – 10 de Agosto

Cuide bem da sua fé, pois um dia dela vós ides precisar

O Evangelho deste Domingo apresenta-nos a fé como um valioso tesouro para sustentar a vida cristã. Estamos diante de um texto precioso do Evangelho de São Lucas, onde Jesus consola o Seu pequeno rebanho. Historicamente, quando ele escreveu este Evangelho, os cristãos eram poucos e perseguidos pelo Império Romano, liderado por Nero. Naquele momento, a Igreja era pequena porque ainda estava a crescer; actualmente, em muitos lugares, somos pequenos porque estamos a diminuir. Em ambos os momentos históricos, a Igreja tem-se tornado pequena e, em vários locais, os cristãos são hostilizados. Nestas situações, precisamos de segurança, e é sobre essa segurança que vamos meditar a seguir.

A segunda leitura, sobre a Carta aos Hebreus, diz que a fé é o fundamento daquilo que se espera (cf. Heb., 11, 1-2.8-19). Para nós, cristãos, a fé é inserida na alma humana quando somos baptizados, e as três Pessoas da Trindade passam a habitar dentro de nós. Nesse momento, a fé torna-se o fundamento que sustenta a vida cristã. A segurança necessária em momentos de tribulação, prometida por Jesus ao Seu pequeno rebanho, habita no coração daqueles que foram baptizados.

Enquanto existe a tendência das pessoas se agarrarem a bens materiais e tesouros humanos em momentos de desafio, Jesus pede aos Seus discípulos que não tenham medo, assegurando que Ele mesmo será a segurança do Seu rebanho. Algumas pessoas podem até afirmar que não sentem essa segurança prometida por Deus. Contudo, o único caminho para percebê-la é crescer na fé. Assim como uma pessoa pode ter dor no fígado, mesmo sem o ver, alguém pode dizer que não vê ou sente a força da fé; mas à medida que ela é exercida, torna-se a força necessária para a caminhada do cristão.

A fé é um tesouro colocado no coração humano que não pode ser corrompido pelas traças nem roubado por ladrões. Como mencionei no início, juntamente com a fé, as Pessoas da Trindade passam a habitar na vida do baptizado. Esta verdade foi experimentada por diferentes santos ao longo da História. Há poucos dias, tive a oportunidade de visitar, com um grupo de peregrinos, o pavilhão e a cela onde São Maximiliano Maria Kolbe viveu com um grupo de dez condenados antes de ser executado. O local é minúsculo, parecia do tamanho de uma casa de banho de classe média. A história conta que Maria Kolbe celebrava Missa com um pedacinho de pão e gotas de vinho nas mãos; memorizava passagens da Bíblia que repetia aos outros condenados. Dos dez condenados, foi o último a morrer. A nossa guia local, que não era cristã, disse que tal deve ter acontecido para que pudesse fortalecer os outros pelo seu exemplo. Na história de São Maximiliano Maria Kolbe, nos Santos da Igreja e nos milagres de católicos espalhados pelo mundo, podemos ver que em momentos em que foram exigidos actos heroicos foi a fé que os sustentou. Poder-se-ia escrever páginas sobre isso, mas esta verdade só será compreendida quando experimentada.

Alguns meses atrás, uma voluntária da Sé Catedral necessitou de se submeter a uma cirurgia no Hospital Conde de São Januário. Antes da cirurgia, veio pedir-me a bênção. Confesso que não recordo o que lhe disse. Porém, depois da cirurgia, afirmou ela que passou por momentos muito delicados, mas permaneceu firme e estava bem; ressalvou que estava tranquila e a recuperar bem. Então, perguntei-lhe como conseguiu manter a calma diante de uma cirurgia de risco, como a que havia realizado. Respondeu: «– Padre, eu apenas recordava e repetia as suas palavras: quem tem Deus tem tudo!». No momento em que mais precisou, sentiu-se segura, pois a sua fé sustentou-a. Não tenhamos medo e que nada perturbe o nosso coração. A promessa de Jesus não falha: Ele cuida de nós! Irmãos e irmãs, cuidem bem da vossa fé, porque um dia dela vós ides precisar.

Pe. Daniel Ribeiro, SCJ

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *