Dóci Papiaçám faz reviver tradição coral natalícia

GRUPO ACTUOU NO LARGO DA SÉ E ABRILHANTOU MISSA EM SÃO DOMINGOS

Dóci Papiaçám faz reviver tradição coral natalícia

O Coro Dóci Papiaçám di Macau voltou a encantar o público no passado sábado, com actuações no Largo da Sé e na igreja de São Domingos. Realizada pela terceira vez, no espaço de cinco anos, a iniciativa combina o poder da fé e a salvaguarda das tradições culturais e linguísticas macaenses.

O Coro Dóci Papiaçám di Macau voltou, no dia 13 de Dezembro, a marcar presença no Bazar de Natal da Paróquia da Sé e a acompanhar a celebração da Missa antecipada na igreja de São Domingos. A iniciativa reafirma o papel da música como instrumento de exaltação da fé e de salvaguarda da herança cultural macaense.

Apesar das baixas temperaturas que se fazem sentir no território, o grupo apresentou-se ao início da tarde de sábado no Largo da Sé, tendo interpretado músicas natalícias em Patuá. A apresentação musical atraiu curiosos, turistas e membros da comunidade local, reforçando o ambiente festivo da feira de Natal da paróquia da Sé.

Organizado pela primeira vez há quatro anos, o Bazar voltou a disponibilizar produtos de cariz religioso, iguarias e actividades lúdicas, bem como a promover a solidariedade e o espírito natalício entre as diferentes comunidades de paroquianos da Sé Catedral. Foi, aliás, uma mensagem de partilha e comunhão que o Coro Dóci Papiaçám de Macau procurou transmitir, tanto no Largo da Sé como na igreja de São Domingos.

«Cantar em Patuá para o público, nesta altura do ano, é sempre algo que diz muito à comunidade macaense. É sempre uma experiência fantástica, é sempre um pretexto para podermos conviver», admitiu Miguel de Senna Fernandes. «O contexto no Largo da Sé é muito mais festivo, muito mais popular. Estamos no meio do povo. Na igreja de São Domingos há características bem mais específicas. Estamos a cantar na Casa de Deus e, como tal, há uma certa deferência. Para mim, pessoalmente, é sempre um prazer cantar em ambas as situações. Gosto de cantar na Igreja, é algo que me comove», explicou o advogado e dramaturgo, em declarações a’O CLARIM.

Também na missa cantada em São Domingos, a música litúrgica foi entoada em Patuá. O momento revestiu-se de um significado especial, ao combinar a dimensão sacrificial e cerimonial da Eucaristia com a valorização do “falar doce” de Macau. «O Natal é festa, é uma quadra festiva, mas é sobretudo a quadra em que se celebra o nascimento de Jesus. Celebramos Jesus, Nossa Senhora e São José. Para mim, isso é que é verdadeiramente o Natal. Cantar no Largo da Sé é animado, mas na igreja de São Domingos é bem mais solene», disse José Basto da Silva, a quem foi confiada a missão de conduzir o coro. «Iniciamos os ensaios sensivelmente a um mês e meio do Natal. O nosso objectivo é animar as pessoas, mas também ajudar a divulgar o Patuá e chamar a atenção das novas gerações para a importância da língua, lembrando-as que o Patuá está vivo. Esperamos que os mais jovens se entusiasmem e possam dar seguimento a este projecto, para que o Patuá não desapareça», assumiu.

Marco Carvalho

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