Fé impressa nos corações
Trata-se de uma Congregação religiosa católica de mulheres consagradas a Deus, empenhadas na evangelização através dos Meios de Comunicação Social. Presentes nos cinco continentes, as Filhas de São Paulo têm como múnus fundamental anunciar o Evangelho, seguindo as pisadas do apóstolo Paulo, inspiração da denominação e do tipo de missão.
As Filhas de São Paulo (também conhecidas como Irmãs Paulinas, Daughters of St. Paul ou Media Nuns) são uma Congregação de vida apostólica, fundada no ano de 1915, em Alba (Piemonte – Itália), pelo Beato Tiago Alberione, com a colaboração de Teresa Merlo (depois Madre Tecla Merlo).
As Filhas de São Paulo tiveram, na verdade, um início humilde e difícil em Itália. Tiago Alberione convidou Madre Tecla Merlo a ele se juntar na sua visão de fundar uma comunidade religiosa para comunicar o Evangelho por meio do “Apostolado da Boa Imprensa”. Para tal, foi fundada a Pia Sociedade de São Paulo (Societas Sancti Pauli, SSP) – os comumente designados “Padres Paulistas” – a 20 de Agosto de 1914 (em Alba, claro está!), tendo a aprovação oficial da Santa Sé sido emitida a 27 de Junho de 1949, depois de uma aprovação extra-oficial em 10 de Maio de 1941.
Acontece que o padre Alberione desejava também uma Congregação feminina vocacionada para a missão com recurso à Imprensa, pelo que logo um ano depois inaugura as Filhas de São Paulo. Em 15 de Junho de 1915 arranca um pequeno “laboratório feminino” de tipografia e costura, destinado a jovens mulheres que seriam formadas para o “Apostolado da Boa Imprensa” e para a Catequese. É desta iniciativa que nasce formalmente a Pia Sociedade das Filhas de São Paulo. Teresa Merlo, mais tarde Madre Tecla, é chamada a assumir a condução do grupo e torna-se co-fundadora e primeira Superiora Geral. A seu cargo tem a organização da vida comunitária, as actividades de formação e o trabalho apostólico.
Nos anos seguintes, as Irmãs assumiriam pequenas oficinas gráficas, publicando folhas paroquiais, folhetos catequéticos e livros. Começam a abrir novas casas noutras dioceses italianas, onde difundem e vendem as publicações em livrarias, bancas e porta-a-porta.
O carisma paulino das Irmãs nasce em íntima ligação com a Sociedade de São Paulo, partilhando a mesma inspiração missionária centrada em São Paulo apóstolo e no uso dos “modernos púlpitos” da Comunicação. Começam por anunciar o Evangelho com recurso à Imprensa escrita, progredindo para rádio, cinema, televisão, edição e, mais recentemente, para a Internet e novas tecnologias.
O zelo missionário das jovens irmãs levou-as cedo para fora de Itália. Foi um salto decisivo o que deram em 1931, com o seu estabelecimento no Brasil e na Argentina. Depois, escolheram uma terceira fundação improvável no estrangeiro: os Estados Unidos da América, em plena crise económica e social, decorrente da Grande Depressão. Após a fase de fundação e dos primeiros anos (1915-1931), deu-se a efectiva expansão internacional e a consolidação da Congregação (1930-1953). A América Latina foi a sua primeira fronteira missionária.
Entre 1930 e 1940, novas fundações sucedem-se na Europa, nas Américas e, um pouco mais tarde, noutros continentes, com tipografias próprias, revistas, colecções de livros, filmes e programas radiofónicos, sempre com o foco na difusão bíblica, catequética e espiritual.
Em 1953, a Pia Sociedade das Filhas de São Paulo foi reconhecida canonicamente pela Santa Sé como Instituto Religioso de Direito Pontifício, o que consolidou juridicamente a Congregação e a inseriu de forma estável no quadro da vida consagrada na Igreja.
Entretanto, dá-se o Concílio Vaticano II (1962-1965), que vem sublinhar a importância dos Meios de Comunicação Social para a evangelização, o que confirma e encoraja o carisma específico das Paulinas. Consequentemente, a Congregação actualizou as próprias Constituições e Práticas, aprofundando a Teologia da Comunicação, diversificando as linguagens (infantil, juvenil, formação de adultos, materiais litúrgicos, música e audiovisual) e investindo em centros editoriais e multimédia em vários países. A Missão Paulina passa progressivamente a incluir, a par da edição e distribuição de livros e revistas, a produção de programas radiofónicos e televisivos, bem como de vídeos, sites e de plataformas ou redes sociais. É igualmente promovida a formação em comunicação de leigos, catequistas e agentes pastorais.
No que respeita à identidade espiritual e apostólica, espiritual, portanto, as Filhas de São Paulo inspiram‑se no apóstolo São Paulo (zelo missionário universal), centram-se na Palavra de Deus e na Eucaristia, e alimentam uma forte ligação a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tema caro ao padre Alberione. Vivem em comunidade e seguem votos religiosos (pobreza, castidade, obediência), integrados no “voto apostólico” de colocar todos os dons ao serviço do anúncio através dos Meios de Comunicação Social.
A figura de Madre Tecla Merlo é tida como modelo de governo da Congregação, de prudência e de audácia missionária, ao dirigir a expansão internacional e ao encorajar a formação humana, espiritual e profissional das Irmãs.
No contexto da diocese de Macau, sabe-se que as Filhas de São Paulo – localmente mais conhecidas por Irmãs Paulinas – estão presentes no território desde 1969, dedicando-se ao Apostolado dos Meios de Comunicação Social. A Imprensa diocesana e os serviços de comunicação da Igreja em Macau reconhecem o papel das Irmãs Paulinas na animação bíblica, catequética e litúrgica.
Em 2019, a comunidade em Macau comemorou cinquenta anos de presença, ocasião em que foi recordada a história da chegada das Irmãs, da abertura de uma casa religiosa e de um centro de difusão de livros. Desde então, sempre colaboraram de forma estreita com a Diocese, nas áreas da Comunicação, Formação e Cultura Cristã.
A missão em Macau insere-se numa realidade multilinguística (Chinês, Português, Inglês e Tagalo) e multicultural, o que reforça a dimensão do diálogo intercultural e da mediação entre tradições que caracteriza o carisma paulino.
Em contextos como o Brasil, Portugal (presentes desde 1950), Macau e muitos outros países de língua portuguesa, o nome “Paulinas” tornou-se praticamente sinónimo de edição religiosa de confiança, combinando rigor doutrinal, sensibilidade pastoral e atenção às questões do mundo contemporâneo.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa

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