Nunca é tarde demais para a conversão, mas é urgente!
Agora é o momento da conversão, pois quando morrermos será tarde demais para nos convertermos. Foi isso que o homem rico da parábola de Jesus, no Evangelho de hoje, aprendeu dolorosamente (cf. Lucas., 16, 19-31). A forma como vivemos agora tem consequências para toda a eternidade. Há riquezas que perduram na próxima vida e há riquezas que são apenas para agora. O homem rico da parábola aprendeu, quando morreu, que só tinha as riquezas que são para agora, enquanto o mendigo pobre, que ele ignorara, possuía as riquezas que perduram na eternidade. O homem rico aprendeu que grande parte da vida é apenas alarido, aparência e boa imagem, ou “bella figura”, como dizem os italianos, não é real. O que é real é o que está no nosso coração, onde Deus vê o nosso amor a Deus e ao próximo.
Pergunto-me se o homem rico era realmente feliz. Pergunto-me se todas aquelas festas diárias eram apenas a sua maneira de fugir da dor do vazio na sua vida. Talvez ele até soubesse que era realmente pobre por dentro – não tinha nada – e as suas festas eram apenas uma forma de se consolar, enquanto comia. Quando morreu, num instante tudo se tornou dolorosamente claro.
O pobre é o único na parábola – na verdade, o único em todas as parábolas de Jesus – a quem Jesus deu um nome. Significa isto que ele era uma pessoa realmente especial. Sabemos que, nas Escrituras, o nome é importante porque diz algo sobre a pessoa. O nome “Lázaro” é, portanto, muito importante, pois fala do amor e cuidado especiais de Deus por ele. “Lázaro” significa “Deus ajudou”; e, de facto, no momento da sua morte, vemos que estava em paz com Deus. Não teve nada durante toda a vida, excepto privações, carências e rejeição. No entanto, no meio de todo este desconforto, Deus enviou-lhe um pequeno consolo: os cães vieram e lamberam-no! Não importa o quão ruins as coisas fiquem, Deus sempre nos envia os seus consolos, para que nos lembremos! Lázaro é aquele na parábola que possui verdadeiras riquezas, mesmo não tendo nada. Como possui verdadeiras riquezas, mesmo não tendo nada, não foge do vazio ou da dor interior, nem tenta amenizá-los de forma imatura, como o homem rico. É uma pessoa feliz porque realmente tem Deus no seu coração e, por isso, vai para estar com Deus na próxima vida.
Já o homem rico chegará à conclusão que desperdiçou a própria vida e quer que os seus cinco irmãos sejam avisados para também eles não a desperdiçarem como ele o fez; porque hoje é o momento da conversão e quando morrermos será tarde demais. Mas, na próxima vida, Abraão diz ao homem rico que eles já têm Moisés e os Profetas, ou seja, já têm a Torá e os Profetas; já têm as Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus. Se não ouvirem a Torá ou os Profetas, não ouvirão alguém que ressuscita dos mortos. Jesus ressuscitou dos mortos para provar a todos aqueles que vivem como os irmãos do homem rico que há uma maneira melhor de viver e que a forma como vivemos agora tem consequências para a eternidade.
Na parábola, Abraão não enviou Lázaro para colocar nem mesmo uma gota de água na língua do homem rico. Jesus ressuscitou dos mortos porque não queria que as pessoas sofressem a sede do homem rico pela eternidade na próxima vida. Jesus ressuscitou dos mortos para que pudéssemos viver para ele, porque Jesus também estava com sede, sede de nós. Ao morrer na cruz, Jesus estava desidratado e disse: «– Tenho sede». Mas Jesus tinha uma sede mais profunda ao morrer na cruz, a sede pelas almas de todos. Lázaro estava com fome na terra, o homem rico estava com sede nas chamas da próxima vida e Jesus tem sede por ambos e tem sede por todos.
Em cada missa encontramos Jesus ressuscitado dos mortos. A maioria de nós não tem muito dinheiro e não espera ficar rica, porque, pelo resto da vida, o seu salário mensal será apenas suficiente para cobrir todas as suas necessidades, mas temos riquezas verdadeiras: a palavra de Deus e Jesus ressuscitado dos mortos. O mundo está desesperado por essas riquezas, porque o mundo tem fome e sede de Deus, mesmo que não o perceba ou não o queira admitir. Tal como o homem rico, o mundo tenta amenizar a dor da sua distância de Deus e do seu vazio com alvoroço e distracções. Assim como o homem rico, na próxima vida, pediu que Lázaro lhe fosse enviado, assim como aos seus irmãos, o mundo precisa desesperadamente das vossas verdadeiras riquezas: a palavra de Deus e Jesus ressuscitado dos mortos.
Na segunda leitura de hoje (1 Tim., 6, 11-16), Paulo, que ordenou Timóteo, lembrou-lhe as riquezas que ele havia oferecido ao mundo. Tal como Timóteo, também nós temos riquezas para oferecer ao mundo, de que ele tanto necessita. Os fiéis têm riquezas para oferecer ao mundo, lembrando ao mundo que Jesus está sedento pela alma de todos e que agora é o momento da conversão, porque quando morrermos será tarde demais para nos convertermos.
Pe. Tommy Lane