6. FÉ EM JESUS
Fé significa acreditar em Deus e acreditar com Deus, isto é, naquilo que Deus nos revelou por meio dos profetas e, acima de tudo, através do Profeta, Jesus Cristo, Deus e homem: «Há muito tempo, Deus falou aos nossos antepassados de muitas e diversas maneiras através dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos através do seu Filho» (Hb., 1, 1-2), que nos revela quem é Deus (cf. Jo., 1, 18), que é o Verbo Encarnado, o Mediador entre Deus e os homens, o Redentor da humanidade, a imagem do Deus invisível (cf. Rm., 8, 29; LG n.º 2).
Confessemos: “Creio… em Jesus Cristo, nosso Senhor, que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria…” (cf. Credo Apostólico). Jesus Cristo é o Fundador da Igreja, o seu único fundamento (cf. 1 Cor., 3, 11) e pedra angular (cf. Ef., 2, 20) – e o Cordeiro de Deus sem mancha, que deu a Sua vida pelos nossos pecados. Acreditamos que Maria é a Mãe de Jesus Cristo, Deus e homem.
No Antigo Testamento, a fé em Deus inclui acreditar Nele e nas suas palavras – nas verdades reveladas. No Novo Testamento, a fé em Jesus centra-se em acreditar que Ele é aquele que foi enviado por Deus, em aceitar o seu testemunho, em confessá-lo como Filho de Deus, em aceitar o seu ensinamento e Nele permanecer. Ninguém pode vir a mim, a menos que seja atraído pelo Pai que me enviou (cf. Jo., 6, 44).
Através do seu Filho Jesus, Deus falou-nos (cf. Hb., 1, 1-2). O Pai ama o Filho e “colocou todas as coisas nas suas mãos”. Que maravilha: “Como era vontade do Filho de Deus que os homens participassem da sua divindade, Ele assumiu a nossa natureza para que, tornando-se homem, pudesse torná-los deuses” (Santo Tomás de Aquino, In Opusculum, 57).
A fé em Deus implica a fé no seu Filho Unigénito, Jesus Cristo (cf. Jo., 8, 24), o Verbo Encarnado e Mediador. A justificação vem de Jesus. Pela lei de Jesus, e não pelas obras da Lei (cf. Rm., 3, 26-28). Na Última Ceia, Jesus diz aos Apóstolos: «Credes em Deus, crede também em mim» (Jo., 14, 1). A fé é algo mais do que uma palavra, uma ideia. Implica entrar em comunhão com Jesus Cristo e, através dele, com o Pai (cf. Bento XVI, “Jesus de Nazaré, Parte II”).
Acreditar é, essencialmente, acreditar em Jesus: “Quem acredita [em mim] tem a vida eterna” (cf. Jo., 6, 47; 3, 36); «Acreditem em mim: eu estou no Pai e o Pai está em mim» (Jo., 14, 11). Acreditar em Jesus Cristo como Filho de Deus: «Quem é que pode vencer o mundo? Somente a pessoa que crê que Jesus é o Filho de Deus» (1 Jo., 5, 5). E acreditar em Jesus Cristo como o Filho de Maria: «Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a lei» (Gal., 4, 4). “E nós acreditamos em Cristo Jesus, para que sejamos justificados em Cristo, e não pelas obras da lei, porque ninguém será justificado pelas obras da lei” (cf. Gal., 2, 16). Em verdadeiro sentido, Jesus tomou o lugar da lei do Antigo Testamento.
A fé é um encontro com Cristo. Santo Inácio de Antioquia: “Só há uma coisa importante na vida: encontrar Cristo para a vida verdadeira. No Novo Testamento, há a chamada conversão cristológica da fé: um encontro com Jesus e confiança total nele – como a confiança de uma criança na sua mãe. A fé implica a aceitação total da pessoa e da mensagem de Jesus”. Portanto, o conteúdo central da fé é Deus, que liberta o homem através de Cristo (G. Ortega).
A fé está centrada em Jesus Cristo como único caminho de salvação (cf. Jo., 3, 17-18): a Sua vida, a Sua morte na cruz e a Sua ressurreição “merecem que acreditemos em Cristo incondicionalmente”. Pedro confessa: «nós temos crido e reconhecido que Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo» (Jo., 6, 69). Ser cristão não é o resultado de uma escolha ética ou de uma ideia elevada, mas o encontro com um acontecimento, com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e uma direcção decisiva (cf. Deus caritas est n.º 1).
A nossa fé cristã está centrada em Jesus, o Senhor crucificado e ressuscitado; em particular, na fé da sua ressurreição – e na nossa. Jesus vive. Nós vimo-Lo em várias formas e acontecimentos. Jesus a Marta, após a morte do seu irmão Lázaro: «“Eu Sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Tu crês nisso?”. “Sim, Senhor!”». (Jo., 11, 25-27). E nós também acreditamos.
Jesus continua, hoje, a dizer aos Seus discípulos: Eu sou o pão da vida; eu sou o pão vivo (cf. Jo., 6, 35 e 6, 51). O que isso significa? «Aquele que vem a mim jamais terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede» (Jo., 6, 35). O pão da vida é a fé em Jesus e nas suas palavras. Jesus é o nosso pão vivo, ou seja, o pão para a nossa vida, o pão que nos fortalece na nossa jornada ou peregrinação para o céu – para a vida eterna.
E para terminar, quatro características da nossa fé cristã: “A prova da autenticidade da nossa fé cristã é, em primeiro lugar, ter uma relação pessoal com Jesus Cristo, de um para um, em que Cristo é alguém para mim, e não algo. Em segundo lugar, que essa relação tenha um impacto real na minha vida, que eu me sinta transformado, mesmo que minimamente. Em terceiro lugar, que eu viva a minha relação com Cristo em comunidade, não sozinho. E, em quarto lugar, que na minha vida haja um compromisso com os marginalizados” (Raúl Berzosa, Bispo de Ciudad Rodrigo, 2018).
Um texto para recordar: Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? (cf. 1 Jo., 5, 4-5).
Pe. Fausto Gomez, OP