Condições, ocasiões e causas para a grandiosidade
Na semana passada falámos de quatro conceitos importantes. Princípio, causa, condição e ocasião. Dissemos que é importante saber a diferença entre estas noções, especialmente quando analisamos os problemas que se nos deparam na nossa vida quotidiana.
Para além disso, há algo que nos devemos lembrar quando falamos sobre actos humanos (por “actos humanos” queremos dizer actos conscientes, livres e/ou voluntários do ser humano). Nos actos humanos a causa é a vontade humana. No entanto, não podemos actuar sem o intelecto que fornece a informação necessária para se tomar uma decisão informada. Por conseguinte, precisamos tanto da inteligência como da vontade para efectuar um acto humano. A vontade humana, com escolha livre, usando a informação fornecida pelo intelecto, é a causa dos actos humanos. Existem outros factores relacionados com um acto humano, que podem ser condições ou ocasiões para a acção, mas não são causas.
Porque é que isto é importante? Porque por vezes tal acontece quando temos um mau desempenho ou falhamos numa tarefa; culpamos muitas circunstâncias (condições ou ocasiões circunjacentes à acção), mas esquecemo-nos que as nossas acções são causadas pelas nossas próprias escolhas.
Deixem-nos fazer a abordagem a esta matéria de um outro ângulo. Quando uma pessoa aparenta não ter as condições ideais para conseguir seja o que for, ou não tem oportunidades de sucesso, devemos lamentá-la ou desprezá-la e pensarmos que já não há esperança para essa pessoa? A história mostra-nos como um homem ou uma mulher pode “ir contra a maré” e ultrapassar as condições e ocasiões que a vida lhe impôs.
Helen Keller era cega e surda, mas mesmo assim conseguiu obter um grau de bacharel em arte, e tornou-se numa activista proeminente na questão do sufrágio feminino.
O fundador da empresa Alibaba, Jack Ma, foi rejeitado dez vezes pela Universidade de Harvard e até foi rejeitado em todos os empregos para os quais se candidatou, mesmo para a KFC (Kentucky Fried Chicken).
Disseram a Walt Disney que ele não tinha criatividade.
Steve Jobs foi despedido da sua própria empresa.
O primeiro volume da saga Harry Potter, da escritora J.K. Rowling, foi rejeitado por doze dos mais conhecidos editores.
Os professores de Thomas Edison disseram-lhe que era demasiado estúpido para poder aprender fosse o que fosse. Mas depois de mais de dez mil tentativas conseguiu produzir uma lâmpada que seria um sucesso de vendas.
Steven Spielberg foi rejeitado três vezes quando se candidatou à Escola de Arte Cinematográfica da Universidade do Sul da Califórnia.
Muitas das pessoas que conseguiram alcançar a grandiosidade não se demoveram com a falta de condições ou ocasiões para o sucesso. Meteram mãos à obra, pensando e conquistando um objectivo de cada vez. Sabiam que era importante terem em conta as condições e identificarem as oportunidades, mas no fim o resultado dependia deles. Eram a causa dos seus sucessos.
Devemos aplicar o mesmo pensamento na Vida Cristã. Muitos pensam que uma pessoa só pode ser santa com certas condições e dada a ocasião certa. Mas é parte da nossa Fé Cristã que qualquer condição pode ser transformada em ocasião de amar a Deus, servindo os outros, em qualquer lugar e a qualquer momento. A nossa Fé ensina-nos que todos nós podemos ser santos. Tudo depende de como cada um usa a graça que Deus nos concede abundante e constantemente de um momento para o outro.
Pe. José Mario Mandía