SÃO MARTINHO I

GUARDIÕES DAS CHAVES – 43

Firmes como uma rocha: Martinho I e Eugénio I

SÃO MARTINHO I

(5.VII.649 – FALECIDO: 16.IX.655)

Experiente, virtuoso e erudito, o Papa Martinho serviu (tal como Sabiniano e Bonifácio) como embaixador em Constantinopla antes de se tornar Papa.

O 74.º Bispo de Roma herdou o problema do monotelismo (uma única vontade em Cristo) e a desunião no Império Oriental. Como vimos da última vez, dois imperadores apoiaram oficialmente o monotelismo: Heráclio, que publicou a Ecthesis (exposição da fé), e Constâncio II, o Typos. São Martinho I convocou um dos Concílios de Latrão. A reunião magna censurou os documentos imperiais e condenou Paulo, Patriarca de Constantinopla, e os seus dois antecessores. Estes contavam com o apoio do imperador.

Para forçar o Papa a aceitar o monotelismo, o imperador Constâncio II enviou primeiro um novo exarca (governador regional) chamado Olímpio – planeava assassinar o Papa, mas o Santo Padre foi milagrosamente poupado. Olímpio arrependeu-se e partiu para a Sicília para combater os invasores muçulmanos.

Constâncio II enviou então outro exarca, Teodoro Calíope, com instruções para levar o Papa Martinho a Constantinopla. Perante a ordem, não resistiu!

“A terrível viagem durou mais de um ano. O papa, já doente, estava reduzido à miséria total quando o navio atracou. Estava tão fraco que não conseguia ficar de pé sem apoio. (…) Martinho foi acusado perante o tribunal imperial de crimes que iam desde a intriga contra o imperador, até à falta de fé em relação à Mãe de Deus! Fraco como estava e em perigo extremo, Martinho só podia rir das acusações absurdas. (…) E, de facto, as testemunhas apresentadas contra ele eram tão contraditórias que o bondoso papa implorou que fossem dispensadas de testemunhar sob juramento, para que não acrescentassem perjúrio ao falso testemunho” (Brusher & Borden, “Popes through the Ages”, pág. 148).

Martinho I foi condenado à morte, mas o povo não aprovou o veredicto. O Patriarca Paulo, que também se havia arrependido e estava doente, intercedeu igualmente pelo Papa. Acabou por ser preso, torturado e exilado em Kherson (actual Crimeia), onde morreu como mártir a 16 de Setembro de 655. Milagres foram obtidos sob o seu túmulo. É o último dos primeiros Papas a ser venerado como mártir, não apenas pela Igreja Romana, mas também pelas Igrejas Grega e Russa.

Caporilli observa que durante o tempo do Papa Martinho, a Igreja começou a celebrar “a festa da Virgem Imaculada” (“Os Pontífices Romanos”).

SANTO EUGÉNIO I

(10.VIII.654 – 2.VI.657)

Depois que o exarca Teodoro Calíope enviou o Papa Martinho I ao imperador em Constantinopla, iniciou logo de seguida a eleição de um novo Papa. Apesar da resistência dos romanos, parece tê-los convencido. Assim, em 10 de Agosto de 654, um ano antes da morte de Martinho I, o Papa Eugénio I foi instalado. Presume-se que o Papa Martinho I tenha reconhecido a sua eleição, uma vez que Eugénio I era conhecido por ser uma pessoa que se recusava a ceder à pressão imperial e, portanto, manteria a fé. Caporilli diz: “Opôs-se veementemente às intrigas do imperador e informou os outros países da Europa do triste fim do seu predecessor” (“Os Pontífices Romanos”).

O Papa Eugénio I enviou legados para informar Constâncio II. O imperador sabia que Eugénio também era firme no ensino das duas vontades em Cristo. No entanto, nessa época, o Islão tinha avançado pelo império. A batalha manteve Constâncio II ocupado e não mais interferiu no Pontificado.

Eugénio I era conhecido por ser um homem gentil e santo, sendo que demonstrava grande amor pelos pobres. “Decretou a observância da castidade para todos os padres” (“Os Pontífices Romanos”).

Pe. José Mario Mandía

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