Bons restaurantes em Fátima e arredores
Fátima. Depois do procurado alimento do espírito, tempo para o necessário alimento do corpo, não faltando ao visitante propostas variadas e interessantes que serão responsáveis pela criação de momentos que constituirão um prolongamento digno da visita ao Santuário.
Esta é uma região de fronteira que junta tradições gastronómicas de várias províncias: os produtos do mar típicos da Beira Litoral e da Estremadura e os frutos do rio ribatejanos; o sempre presente porco e seus enchidos e as carnes de carneiro e cabra mais comuns no interior. Pratos como o Bacalhau assado com chícharos (uma leguminosa local), as Couves de Azeite ou a Chanfana (cabra velha ou carneiro em pedaços, cozidos lentamente no forno em recipiente de barro), produtos manufacturados como os enchidos – especialmente a morcela de arroz – o queijo fresco ou os queijos de cabra ou ovelha, alguma doçaria de inspiração conventual e, especialmente, as magníficas Fatias de Tomar (gemas cozidas em banho-maria e em recipiente próprio e cobertas com calda de açúcar), são algumas das iguarias que podem e devem ser experimentadas pelo visitante curioso e amante de boas experiências, acompanhadas pelos vinhos locais, onde se destaca o “Medieval de Ourém”, com características únicas em Portugal.
Dos inúmeros e competentes restaurantes existentes, aqui se deixa notícia de alguns dos mais característicos e afamados, tendo como critério de localização a proximidade do Santuário (menos de trinta quilómetros) e a prevalência de pratos regionais nas suas cartas.
Logo em Fátima, encontrará a casa que, no presente, é considerada a mais séria representante da gastronomia do Concelho – o Tia Alice. A Morcela de arroz como entrada é obrigatória, podendo depois optar-se entre o Bacalhau gratinado ou a Açorda de bacalhau, a Chanfana ou a Vitela assada em forno a lenha. (Preço médio: 30-35 euros)
Ainda na cidade, O Convite é outra casa para ter em consideração na hora da escolha do local de refeição. Da origem humilde (começou por ser um café) até ao presente conjunto de hotel e restaurante, eis uma história de sucesso, baseado fundamentalmente na qualidade das confecções culinárias de inspiração local que vale a pena conhecer, dos Filetes de pescada da Nazaré (porto de pesca) , ao Cabrito à Serra de Aire, do Coelho à Conde de Ourém à Cabidela de galo caseiro. Carta extensa, com pratos de bacalhau e arrozes de peixe que são, igualmente, boas opções. (Preço médio: 25-30 euros)
Um pouco mais longe, perto de Tomar, outra casa incontornável é o Chico Elias (reserva na véspera é obrigatória). Com mais de 80 anos de vida, oferece uma colecção de preparações fundadas na tradição e enriquecidas com uma inventiva pouco comum que merece ser experimentada por quem de fora vem à descoberta desta parte de Portugal. Uma vez que, com a reserva, se devem indicar os pratos escolhidos (porque algumas preparações exigem marinadas ou temperos de véspera e dado o tempo de preparação das mesmas – algumas em forno a lenha), sugere-se leitura prévia da carta. Os nomes dos pratos são apelativos, constituindo-se como pequena antevisão das combinações propostas: Bacalhau assado no forno com carne de porco, Arroz de bacalhau com cogumelos, Enguias de fricassé, Bacalhau com presunto e pão de milho, Couves à Dom Prior, Coelho na abóbora, Cachola com broa (carne do lombo e entrecosto do porco), Cabrito assado no forno, Lombo de fricassé, Danado de Bom (coelho com frango) e Pato com migas. (Preço médio: 30-35 euros)
À refeição recomenda-se juntar um passeio pela cidade, recomendando-se uma caminhada pelas ruas antigas que bordejam o rio Nabão e, especialmente, uma visita demorada ao Convento de Cristo. Uma das jóias maiores da arquitectura religiosa portuguesa, construída ao longo de vários séculos, nele se encontram peças tão relevantes quanto a Charola templária (o oratório privativo dos cavaleiros templários, em rotunda) e a famosa janela quinhentista de decoração manuelina única no seu género.
Para Oeste, já no concelho de Porto de Mós, na aldeia do Livramento, na serra d’Aire, a Tasquinha da D. Maria é igualmente uma hipótese a considerar. Implantada no espaço de uma antiga adega, aproveitou os antigos lagares de pisa do vinho para instalar as mesas e serve essencialmente preparações de grelha, do bacalhau ao carapau seco, dos bifes de vaca às várias peças do porco. Destaque para os enchidos – chouriça, morcela de arroz, alheira, farinheira – e para os queijinhos . (Preço médio: 15-20 euros)
No concelho de Leiria, em Marrazes, o Casinha Velha, igualmente a cerca de trinta quilómetros. Eis um restaurante que apresenta uma carta baseada nas confecções regionais mas que a estende a pratos que são emblemáticos de outras zonas do País, orgulhando-se igualmente da variedade de queijos e enchidos que põe à disposição do cliente.
Nas entradas, recomendam-se a morcela de arroz e a bola de carne; nos pratos de peixe, a Massa de robalo, o Arroz de tamboril, o Bacalhau assado com batata a murro e migas; nos pratos de carne, o Cabrito Assado no Forno com batata, migas e legumes e a Fritada com Açorda. Pratos especiosos que serão muito bem acompanhados por uma das inúmeras referências que a muito extensa garrafeira da casa exibe. (Preço médio: 30-35 euros)
Perto da Batalha, no Casal da Amieira, o Mosteiro do Leitão será o local indicado para aqueles que desejem conhecer um prato emblemático da região da Bairrada – o Leitão assado no forno – e que aqui é confeccionado em condições. O Cabrito no forno com batata assada e grelos e o Arroz de pato, constituem boas alternativas. (Preço médio: 15-20 euros)
Para terminar, na Batalha, um restaurante que merece uma visita pelo conceito que o fez nascer e que se centra na divulgação dos vinhos das diversas regiões do País e da sua harmonização com as diversas cozinhas regionais. Tem a direcção do hotel Villa Batalha e a sua denominação – Vinho em Qualquer Circunstância – diz tudo da importância que este assume neste projecto. (Preço médio: 30-35 euros)
Boa mesa e boa viagem!
Pedro Cruz Gomes
www.gastrossexual.pt