Papa João Paulo I morreu

FOI HÁ 44 ANOS

33 dias?

Ao fim de 33 dias de pontificado, justamente há 44 anos, no dia 29 de Setembro de 1978, o Papa João Paulo I morreu. O dia 28 decorrera intensamente. Levantara-se às cinco horas da manhã, como habitualmente, para rezar; celebrara a Eucaristia; recebera muitas pessoas; interviera em muitas decisões; fizera algumas pausas para rezar na capela e aproveitara o corredor comprido para caminhar um pouco, de um lado para o outro. Depois, imprevistamente, durante a noite, sofreu um ataque cardíaco fulminante e morreu.

É verdade que tinha uma saúde frágil e problemas cardíacos, mas o ritmo intenso de trabalho não fazia pensar num desfecho tão próximo. O periódico italiano Il Sabatopublicou uma entrevista com um irmão do Papa, em que revela que ele tinha estado em Portugal com a Irmã Lúcia e ela o teria prevenido de que seria eleito Papa e morreria pouco depois. É difícil confirmar esta informação e, seja como for, não é importante.

O mundo inteiro assistira com surpresa à eleição de João Paulo I, porque os jornais tinham profetizado, cheios de convicção, a possível eleição de vários cardeais, mas não tinham reparado no Cardeal D. Luciani. As primeiras homilias do novo Papa, as suas catequeses em diálogo com as crianças, as histórias encantadoras que lhes contava, causaram impressão, mesmo em ambientes afastados da Igreja. Depois do pontificado de Paulo VI, cada vez mais doloroso, corroído pela persistente crise religiosa e por uma cruel oposição à Igreja, o povo simples correspondeu ao sorriso descontraído e aberto de João Paulo I com uma adesão calorosa e espontânea.

Muitos começaram a ler os livros que o Cardeal D. Luciani tinha escrito, em particular aquela colecção de artigos muito originais intitulada “Ilustríssimos Senhores”, de cartas ficcionadas a personagens da história e da literatura. Nesse formato divertido, percebia-se a profundidade e a cultura do novo Papa.

Em poucas semanas, algumas sacristias bafientas começaram a reagir. Com veneno e maledicência, atribuíam a humildade de João Paulo I à falta de preparação intelectual. «O que é que ele terá para dizer, quando se acabarem as suas histórias para crianças?».

Evidentemente, era impossível reformar a Igreja em 33 dias. No entanto, foi isso que aconteceu, porque Deus intervém na história, para além das possibilidades humanas. Em 33 dias, deu-se uma surpreendente conversão dos corações. Gente que parecia empedernida, abriu-se à graça. Nunca se saberá bem porquê.

José Maria C.S. André 

Excertos

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