Compaixão, Estudo e Fé
A comunidade católica da aldeia de Hòn Tre remonta à década de 1960, quando várias famílias de fiéis se instalaram em Hai Tac, a “Ilha dos Piratas”, para ali conseguir uma vida mais digna. Mais tarde, por iniciativa destes paroquianos, liderados pelo padre Michael Le Tan Cong, seriam construídas uma igreja, uma escola e um posto médico.
Situada a 28 quilómetros do continente, no ponto mais a sul do País, a única forma de chegar a Hai Tac é em lancha rápida, numa viagem com a duração de uma hora.
Ao longo dos anos a comunidade católica local passou longos períodos sem sacerdotes, pelo que todas as actividades religiosas – novenas, catecismo, etc. – foram efectuadas pelos paroquianos. Ouvida pelo repórter da agência noticiosa FIDES, Andrew Doan Thanh Phong, a senhora Anna Nguyen Thi Hong, de 75 anos, “testemunha dos altos e baixos da Paróquia”, recorda: «Em tempos, o padre celebrava Missa apenas uma vez por mês. E durante a época dos tufões a espera era de dois meses. Só nos restava abraçar a imagem da Virgem Maria e rezar para que o sacerdote chegasse à ilha em segurança. A vida dos pescadores era em si uma incerteza, porém, sem as orações e a Missa achávamos que ela era ainda mais precária do que um barco à deriva no meio do oceano à noite».
Actualmente, são diárias as missas na ilha de Hòn Tre, e também na vizinha Hon Giang, a sete quilómetros de distância. A vida católica mudou aqui completamente graças ao especial empenho da Diocese e das ordens religiosas, e sobretudo à presença regular do padre Vincent Nguyen Minh Phung. Para garantir que a fé não seja interrompida, este faz a travessia de barco, de Hòn Tre para Hon Giang, para celebrar Missa quatro dias por semana. A este respeito, diz a paroquiana Nguyen Thi Suong: «Agora, não só temos missas regulares, como também as nossas crianças recebem uma educação de excelência, graças ao trabalho das freiras. Para nós, a igreja não é apenas um lugar de oração, mas também um farol que sustenta a alma dos habitantes da ilha. Ela ajuda-nos a viver com compaixão, a estudar mais e a manter a fé no meio das dificuldades da vida, como o nosso padre e o bispo da Diocese costumavam ensinar».
A designação de “Ilha dos Piratas” foi dada a este arquipélago em particular devido aos flibusteiros que ali se estabeleceram entre o final do Século XVII e o início do Século XVIII, com o intuito de atacar os navios mercantes que passavam por aquela região marítima. Composto por dezasseis ilhas, de diferentes dimensões, sendo Hòn Tre a mais populosa, onde se situa a igreja e onde vivem mais de 220 paroquianos, as pessoas vivem maioritariamente da pesca. Apesar das dificuldades, mantêm a sua vida religiosa com o maior fervor e sinceridade, participando regularmente nas missas diárias e na organização das cerimónias litúrgicas, como a Semana Santa. A educação dos filhos dos pescadores é uma questão problemática, não só devido à falta de escolas e de professores, mas sobretudo devido à pobreza e à falta de motivação para estudar por parte das crianças e até dos próprios pais.
Graças à presença das Irmãs de Nossa Senhora da Missão neste arquipélago, que acompanham as famílias dos pescadores, incentivando os seus filhos a frequentarem a escola e ensinando-os directamente, as crianças têm-se desenvolvido de forma abrangente e participam activamente nas acções da escola e da igreja.
«Hoje, sentimo-nos acolhidos pela Igreja Católica. A presença de um padre e das freiras faz-nos sentir felizes, como se estivéssemos ligados ao continente. A igreja não é apenas um lugar de oração, mas também um farol que mantém a nossa fé firme no meio das tempestades da vida em alto mar», reforça Maria Tran Thi Be, paroquiana de longa data na ilha, que está integrada na diocese de Long Xuyen, no Sul do Vietname.
Noutra ilha remota, Ly Son, as sementes da fé não foram lançadas por missionários, mas sim por um médico de medicina tradicional, de seu nome Duong Minh Giang, que para aquelas paragens foi destacado em 1959. Após ter alugado um quarto na casa de um pescador, pediu-lhe que erguesse um altar a Jesus Cristo. Como consequência, toda a família se converteu ao Catolicismo, pois o dono da casa ficou impressionado com as orações que o médico fazia e com o seu comportamento moral diário. Assim, pouco tempo depois, Ly Son tornou-se local de missão, com uma pequena capela onde actualmente se ergue uma igreja. Em 1966, o padre Peter Nguyen Hoang Diep, o primeiro sacerdote para ali destacado, contribuiu significativamente para o ensino das crianças da ilha, independentemente da sua religião.
Após o fim da guerra em 1975, a vida religiosa em Ly Son enfrentou grandes dificuldades. Todas as instalações da Paróquia foram requisitadas pelo Governo como propriedades estatais e utilizadas para ensino, alojamento militar e armazenamento de alimentos, etc., sendo depois abandonadas. Durante este período de catorze anos, não houve sacerdotes, nem celebrações de missas ou sacramentos religiosos; os paroquianos tiveram de se haver sozinhos para manter a fé em Cristo. Felizmente, a igreja de Ly Son foi devolvida aos fiéis a 16 de Dezembro de 1993, após um longo período de insistentes pedidos. Até 1995, Ly Son teve como primeiro pároco o padre Michael Truong Van Hanh. Para além de construir as instalações da Paróquia, o padre Michael dedicou-se também à educação dos filhos de pescadores pobres. Actualmente, a paróquia de Ly Son conta com 521 paroquianos, situada numa zona insular pobre e isolada.
Joaquim Magalhães de Castro

	
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