Há dias o Papa Francisco pediu aos bispos italianos que rezassem pelos católicos chineses, para que estes possam viver em comunhão com o Papa, durante uma actividade promovida pela Conferência Episcopal Italiana. Ao mesmo tempo, na China, num encontro com a Frente Unida, o Presidente Xi Jinping afirmava, grosso modo, que as religiões devem respeitar os ditames do Governo Central.
À primeira vista, poder-se-á pensar que o esforço feito até ao momento pelos dois líderes mundiais no sentido de reaproximar o Vaticano e a República Popular da China sofreu um revés. Nada disso!
Uma leitura mais cuidada ao que ambos disseram permite concluir que não houve qualquer ataque velado, nem qualquer mensagem de aviso. O recado foi interno, dirigido aos interlocutores do momento. Na realidade, nem o Papa disse que os católicos chineses são perseguidos – embora a intervenção tenha sido produzida nesse contexto – nem Xi Jinping mencionou a Igreja Católica, referindo-se às religiões em geral.
Pode então colocar-se a pergunta do porquê das declarações. A resposta é simples: primeiro, porque a 24 de Maio os católicos chineses reúnem no Santuário de Sheshan, em Xangai, e o Papa não pode ignorar a ocasião. E segundo, porque Xi Jinping e aqueles que o venham a suceder jamais poderão demonstrar fraqueza perante quem, de facto, supervisiona a acção das religiões na China.
Como bons líderes que já demonstraram ser, Francisco e Xi Jinping sabem que o futuro das relações entre a Santa Sé e Pequim passa pelo consentimento da Cúria Romana e do Governo Central – leia-se, membros da Associação Patriótica. Daí a necessidade de uma vez por outra irem ao encontro do pensamento cristalizado dos seus pares, por forma a garantirem o seu apoio quando dele necessitarem.
O primeiro “resort”
A abertura da segunda fase do complexo Galaxy marcou a semana, não só pelo glamour do acontecimento como também por se tratar do início de uma nova era no turismo de Macau. É verdade que a expansão já estava contratualizada com o Governo, mas o seu conteúdo, a filosofia do projecto, podia perfeitamente ser mais do mesmo, sem qualquer ganho qualitativo para a RAEM. Pois assim não é, e ainda bem!
Do que foi sendo dado a conhecer ao longo da semana à Comunicação Social – confirmando-se depois no dia da abertura – a segunda fase do Galaxy está direccionada para o turismo de massas ou familiar, oferecendo uma panóplia de escolhas sem igual em Macau. Os hotéis, os restaurantes e o centro comercial primam pela variedade e qualidade, estando o elemento Jogo longe da vista. Ao contrário de outros complexos, este oferece soluções para todas as idades, podendo afirmar-se como o primeiro “resort” familiar de Macau, até porque já a primeira fase há muito que vem cativando pais e filhos, seja pelo cinema, seja pela organização de alguns eventos para crianças.
Com as receitas do Jogo em queda, muito por culpa do sector VIP, a aposta do grupo Galaxy acontece no momento certo, pois ao diversificar consegue cativar outros mercados, tornando-se, quiçá, o novo marco, a nova referência, da indústria turística de Macau.
José Miguel Encarnação
jme888@gmail.com