Guerras: Papa alerta para cenário de «barbárie»
CONFLITOS – O Papa alertou, no Vaticano, para o risco de um cenário de «barbárie» nas guerras do Médio Oriente e na Ucrânia.
«Como a guerra de hoje utiliza armas científicas de todos os tipos, a sua atrocidade ameaça conduzir os combatentes a uma barbárie muito maior do que a de tempos passados», advertiu Leão XIV, no final da Audiência Geral da última quarta-feira.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa disse que «o coração da Igreja está dilacerado pelos gritos que se elevam dos lugares de guerra, sobretudo da Ucrânia, do Irão, de Israel e de Gaza».
«Não nos devemos habituar à guerra. Pelo contrário, devemos rejeitar como tentação o fascínio das armas poderosas e sofisticadas», acrescentou.
Durante a Audiência Feral, o Santo Padre saudou os membros da delegação internacional “HOPE80” no início da peregrinação “Chama da Esperança”, que procura promover a reconciliação e a paz no 80.º aniversário do fim da II Guerra Mundial.
«Que a luz do amor divino e da fraternidade arda sempre intensamente nos corações dos homens e das mulheres da nossa única família humana», desejou.
CORPO DE DEUS – Também no encontro semanal com os peregrinos, Leão XIV convidou à celebração da Solenidade do Corpo de Deus, que se assinalou ontem, quinta-feira, em Portugal, tendo evocado o «grande mistério da Eucaristia».
«Ao aproximar-se a Festa do Corpo de Deus, reavivemos a nossa fé neste grande mistério da Eucaristia e unamos as nossas vozes aos cânticos de Acção de Graças da Igreja», pediu o Pontífice.
«Que a iminente Solenidade do Corpo de Deus renove a nossa fé no Senhor Eucarístico, verdadeiramente presente entre nós sob as espécies do pão e do vinho. Que Ele nos dê a força para vencer todo o desânimo, para que possamos fazer sempre a sua vontade», complementou.
A celebração de Corpus Christi decorreu ontem em Portugal e noutros Estados, tendo lugar este Domingo, 22 de Junho, nos países e territórios em que não foi feriado civil, como é o caso de Macau.
O Papa sublinhou que a celebração leva milhares de pessoas «em procissões pelas ruas das cidades e vilas», desejando que estes momentos «reavivem o testemunho de amor a Cristo e a total abertura ao Evangelho».
«Que a Festa do Corpo de Deus nos ofereça a oportunidade de aprofundar a nossa fé e o nosso amor pela Eucaristia», afirmou ainda Leão XIV, que no Domingo vai presidir à Missa do Corpo de Deus, na Basílica de São João de Latrão, havendo procissão pelas ruas de Roma.
A celebração litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo começou a ser assinalada há mais de sete séculos, em 1246, na cidade de Liège, na actual Bélgica; foi posteriormente alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da Bula “Transiturus”, em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.
Na origem, a Solenidade constituía uma resposta a heresias que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia. Tratou-se, assim, de um movimento de afirmação, sendo o coroar da devoção ao Santíssimo Sacramento.
A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que “onde, a juízo do bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo” (sic).
CASTEL GANDOLFO – O Papa Leão XIV vai passar um período de descanso na residência pontifícia de Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, retomando uma tradição das últimas décadas, que havia sido interrompida por Francisco.
O Vaticano anunciou, em comunicado, que o Pontífice vai deslocar-se para as Villas Pontifícias na tarde de 6 de Julho, Domingo.
Durante o mês de Julho, todas as audiências privadas, bem como as audiências gerais de quarta-feira (dias 2, 9, 16 e 23) vão ser suspensas, sendo a prática das audiências gerais retomada a partir de 30 de Julho.
O Jubileu dos Jovens, um dos maiores eventos do Ano Santo, vai decorrer de 28 de Julho a 3 de Agosto, em Roma.
Por decisão do Papa Francisco, os espaços da residência pontifícia de Castel Gandolfo, a 25 quilómetros de Roma, incluem desde 2016 um polo museológico aberto ao público, onde é oferecida a possibilidade de degustar os produtos das próprias Villas Pontifícias.
O antecessor de Leão XIV preferia passar todo o Verão na Casa Santa Marta, onde residia; em 2023 instituiu em Castel Gandolfo o “Borgo Laudato si”, para o desenvolvimento da educação ecológica, que o actual Papa visitou no final de Maio.
O Vaticano informa que Leão XVI vai voltar a Castel Gandolfo a 15 e 17 de Agosto.
A residência pontifícia de Verão é maior do que o próprio Estado da Cidade do Vaticano.
Castel Gandolfo, nas margens do lago Albano, é escolha dos Papas para o período estival desde Urbano VIII (1623-1644), num castelo que pertence à Santa Sé, com direito de extraterritorialidade.
Cada castelo da região tem o nome do senhor da fortaleza – no caso da residência pontifícia era a família Gandulfi, natural de Génova.
Cerca de 1200, os Gandulfi construíram o seu pequeno castelo, que no século seguinte passou para a família Savelli, a qual manteve a edificação até 1596; nesse ano, por causa de uma dívida que a família não conseguiu pagar ao Papa Clemente VIII (1592-1605), a propriedade passou para o Pontífice e, em 1640, foi declarada propriedade inalienável da Santa Sé.
In ECCLESIA (excertos)