Faleceu o padre José Fu, “um amigo dos pobres”
O padre José Fu, antigo vigário paroquial de São Lourenço e São Lázaro, faleceu a 24 de Abril, no Centro Hospitalar Conde de São Januário. O sacerdote, nascido no território em 1934, morreu aos 91 anos de idade, vítima de doença prolongada.
Bom colega, amigo de toda a gente, em particular dos mais pobres. É assim que o padre Luís Gonzaga Lo, antigo chanceler da diocese de Macau, recorda o padre José Fu Chun.
Antigos companheiros de estudo no Seminário de São José, os dois sacerdotes foram ordenados a 26 de Junho de 1960. Depois de conferido o Sacramento da Ordem, o percurso dos dois padres diocesanos só se voltaria a cruzar no início do actual milénio, quando a diocese de Macau lhes confiou o cuidado pastoral dos fiéis de São Lázaro, paróquia onde o padre José Fu celebrou a sua última missa, a 12 de Outubro de 2014.
Dos anos partilhados no Seminário de São José, o padre Luís Gonzaga Lo guarda a memória de alguém que era estimado por todos. «O padre José Fu estudou comigo no Seminário de São José. Depois da ordenação, foi colocado nas paróquias a trabalhar, ao passo que eu ainda continuei no Seminário e, mais tarde, no Colégio. Só muito depois, por volta de 2005, voltei a trabalhar directamente com ele», lembrou, em declarações a’O CLARIM. «No Seminário, o padre José Fu era muito bom aluno, muito bom colega. Era amigo de toda a gente. Fomos ordenados no mesmo dia, a 26 de Junho de 1960. Há mais de sessenta anos, portanto», acrescentou.
Após ter sido ordenado sacerdote, o padre José Fu assumiu, em 1962, as funções de vigário paroquial na igreja de São Lourenço, para onde foi sob nomeação do bispo D. Paulo José Tavares. Na paróquia de São Lourenço trabalhou com o padre Manuel da Fonseca Moreira durante quase vinte anos, tendo-se notabilizado pelo trabalho que desenvolveu em prol dos mais pobres e vulneráveis.
«A sua morte é uma perda para a diocese de Macau, pois foi um bom sacerdote. Ajudou muito os fiéis, quer na vida espiritual, quer na vida quotidiana. Em particular, ajudou muito os mais pobres. Era muito amigo dos pobres», acentuou o padre Lo, complementando ainda: «Trabalhou com o padre Lancelote no princípio da sua vida sacerdotal e, depois, manteve-se um bom amigo do padre Lancelote durante a sua vida. Parece-me que isto é o mais importante. Muitas pessoas dizem que vão ter saudades dele, porque ajudou muito os pobres. Era como o Papa Francisco: um amigo dos pobres. Foi um homem justo e um homem recto».
Homenageado em 2020, por ocasiões dos sessenta anos da sua ordenação sacerdotal, o padre José Fu manifestou-se feliz, durante uma conversa informal com O CLARIM, por verificar que há uma nova geração de jovens receptiva à vida sacerdotal. Mais importante do que considerar uma vocação, defendeu o sacerdote, é confiar sempre em Deus. «Aderir à vocação, perseverar até ao fim e cumprir com os próprios deveres. Somos padres há tantos anos e sempre nos mantivemos fiéis ao nosso propósito. Como? Lembrando-nos sempre do propósito da nossa resposta à vocação e agarrando-nos a esse objectivo», disse na ocasião.
Marco Carvalho