OS CARMELITAS NA ILHA DAS FLORES

OS CARMELITAS NA ILHA DAS FLORES

Inspirados pelos mártires Dionísio e Redentor

A Congregação carmelita continua a expandir-se no Leste da Indonésia, com particular destaque na ilha das Flores, pois no passado dia 25 de Março, aquando das celebrações da Festa da Anunciação, foi noticiada a criação de uma nova província naquela região, denominada Nusa Tenggara. Foi escolhido como padroeiro São Tito Brandsma, clérigo holandês assassinado no campo de extermínio nazi de Dachau, em 1942.

Recorde-se que os primeiros religiosos carmelitas chegaram às Flores em 1969, com o propósito claro de missionação, e com o passar do tempo a sua presença foi-se consolidando através da criação de casas de formação para os candidatos à vida religiosa. Com a fundação da nova província, essa presença atingiu um novo nível de institucionalização, tendo por isso, o Conselho Geral da Ordem do Carmo, sedeado em Roma, nomeado frei Marselinus Barus como o seu primeiro Superior.

«Com esta nova província, esperamos que a Missão Carmelita no Leste da Indonésia continue a crescer. O meu desejo é que os carmelitas aqui, ancorados em Cristo, continuem a construir fraternidade e cooperação», disse frei Barus à Radio Vaticana.

O impacto da presença carmelita na Indonésia é evidente em três áreas: Educação, Cuidado Pastoral e Acompanhamento Espiritual. No campo da Educação, os carmelitas procuram não só a formação intelectual, mas também a “formação do coração e o crescimento espiritual”. Por isso, as escolas carmelitas são profundamente marcadas pela espiritualidade da Ordem. Actualmente, os carmelitas gerem duas escolas em Java, duas nas Flores e uma em Sumba, para além de sete escolas-dormitório distribuídas por estas regiões.

No âmbito pastoral, os religiosos estão presentes em inúmeras paróquias e dioceses, onde “o seu carisma contemplativo enriquece a obra de evangelização”. Para além de pregarem a Palavra de Deus, os carmelitas fomentam a vida fraterna e promovem um compromisso concreto com a justiça. A sua presença é valorizada em dioceses como Medan, Padang, Palembang, Jacarta, Bandung, Malang, Surabaia, Denpasar, Maumere, Ende, Ruteng, Weetebula, Pontianak, Palangkaraya, Banjarmasin, Macassar e Sorong Manokwari.

No âmbito espiritual, os carmelitas são reconhecidos como mestres da oração e guias no acompanhamento espiritual dos fiéis. Organizam retiros, cursos de formação, dias de estudo e seminários sobre a espiritualidade cristã, muitas vezes em colaboração com o Instituto Carmelita Indonésio (IKI).

Os carmelitas estenderam também o seu trabalho aos campos da Cultura e da Comunicação. Graças à sua própria editora, “Karmelindo”, publicam livros, revistas, boletins, reflexões bíblicas e textos teológicos, com o objectivo de fortalecer a Catequese e a formação espiritual. Mais recentemente têm vindo a promover projectos multimédia, tais como a “Visão Carmelitana” e a “Rádio Carmelo”, plataformas através das quais produzem conteúdos audiovisuais e informativos para evangelizar e divulgar a espiritualidade carmelita.

Por fim, no seu compromisso com os mais vulneráveis, a Província Carmelita da Indonésia fundou a ONG “Darma Laksana”, que promove projectos de assistência e cooperação para os pobres e desamparados, levando uma mensagem de esperança e salvação aos mais necessitados.

A presença dos carmelitas no arquipélago remonta ao Século XVII, quando os beatos Dionísio da Natividade e Redentor da Cruz sofreram o martírio em Samatra.

Nascido Tomás Rodrigues da Cunha, em Paredes de Coura, Portugal, em 1598, Redentor da Cruz serviu como soldado no Exército Português na Índia, antes de se juntar aos carmelitas em Goa como irmão leigo em 1615. Integrou, juntamente com o seu confrade Dionísio da Natividade, uma missão diplomática portuguesa ao sultão de Aceh, liderada por Dom Francisco Sousa de Castro. Porém, por instigação das autoridades holandesas sediadas em Jacarta, todos os membros dessa comitiva foram capturados. Submetidos à tortura, ambos os carmelitas recusaram negar a sua fé. Redentor da Cruz foi cravado por flechas antes de lhe cortarem a garganta. Dionísio, com um crucifixo nas mãos, teve o crânio despedaçado por um golpe de cimitarra. Nascido Pierre Berthelot, em França, Dionísio foi piloto-chefe ao serviço do Rei de Portugal. Ganhou alguma fama como cartógrafo, e o seu mapa do arquipélago de Samatra encontra-se hoje no Museu Britânico. Embora fosse promissora a carreira na Marinha Portuguesa, o francês optou por ingressar na Ordem dos Carmelitas Descalços em Goa em 1635, assumindo o nome Dionísio da Natividade.

A Ordem do Carmo ou Ordem dos Carmelitas, originalmente chamada Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, é uma ordem religiosa católica que surgiu no final do Século XI, na região do Monte Carmelo (uma cadeia de colinas, próxima à actual cidade de Haifa, antiga Porfíria, no actual Estado de Israel), onde existe, desde 1892, o Mosteiro de Nossa Senhora do Monte Carmelo.

Joaquim Magalhães de Castro

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