VILA DE NOSSA SENHORA DE KÁ HÓ RECEBE CONCERTO DE PIANO ESTE DOMINGO

VILA DE NOSSA SENHORA DE KÁ HÓ RECEBE CONCERTO DE PIANO ESTE DOMINGO

Diocese contribui para exposição permanente sobre leprosarias

A diocese de Macau e o Instituto Cultural uniram esforços com o propósito de recuperar e salvaguardar a memória da antiga leprosaria de Ká Hó. O resultado é a exposição intitulada “Lugar de Esperança – Exposição de Documentos Históricos das Leprosarias de Macau”. Inaugurada no passado sábado, a mostra vai ficar patente, na agora requalificada Vila de Nossa Senhora de Ká Hó, de forma permanente.

A cerimónia de inauguração do novo núcleo museológico foi presidida pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao, tendo contado com a presença do bispo de Macau, D. Stephen Lee.

A exposição reúne cerca de uma centena de documentos e de outros materiais que integram as colecções dos arquivos do Instituto Cultural e da diocese de Macau. A mostra é o resultado de um levantamento sobre as estratégias de contenção e do tratamento da lepra em Macau, com particular destaque para a única antiga leprosaria que chegou aos nossos dias.

As raízes da gafaria de Ká Hó remontam a 1885, quando o Governo de Macau ordenou a construção de duas casas em tijolo para acolher pacientes com lepra. Na década de 30 do século passado, as instalações foram ampliadas, com a construção de cinco novos pavilhões e da capela de Nossa Senhora das Dores. Em 1963, a Sociedade de São Francisco de Sales incumbiu o sacerdote italiano Gaetano Nicosia de assegurar acompanhamento espiritual aos pacientes que lá se encontravam institucionalizados. A leprosaria operou durante mais de um século, até 1992, quando foi encerrada pelas autoridades do território.

A recuperação, agora concluída, da antiga Vila de Nossa Senhora de Ká Hó é sinónimo de responsabilidades acrescidas para a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), organização à qual o Instituto Cultural cedeu a gestão de quatro dos pavilhões reabilitados. «Maiores responsabilidades porque a ARTM tem mais duas casas para promover e para divulgar o trabalho que faz de apoio à reinserção social. No fundo, esperamos que a abertura deste núcleo museológico possa levar mais visitantes àquela área, o que faz com que a ARTM exija mais de si mesma para que possamos assegurar não apenas a reinserção social de toxicodependentes, mas também que as famílias que visitam Ká Hó possam usufruir de bons momentos», explicou o presidente da ARTM, Augusto Nogueira, em declarações a’O CLARIM.

A ARTM já geria uma galeria de arte e um pequeno café em dois dos pavilhões da antiga leprosaria, estando agora encarregada de outros dois – num funciona uma extensão do café “Hold On To Hope”, onde é possível encontrar livros e produtos culturais para venda, sendo que o segundo foi concebido tendo em mente as famílias de Macau. «Chamamos-lhe a “Hope Zone”. É um local onde temos semanalmente artistas locais, que vão lá ensinar as crianças a pintar ou a fazer impressões de camisolas. É um espaço voltado para as artes e orientado para as famílias, para que haja uma maior conjugação entre a criança e os seus pais. A arte pode ajudar a criar laços mais fortes entre eles», referiu o dirigente da ARTM.

Este Domingo, a pianista Vincci vai estar no local para um concerto de uma hora. A 4 de Dezembro, o projecto “Hold On To Hope” acolhe uma exposição do artista plástico Bernardino de Senna Fernandes.

M.C.

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