TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (68)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (68)

O que tem o Mistério Pascal a ver comigo?

Quando a Igreja fala da nossa fé, ouvimos sempre o termo “Mistério Pascal”. Qual o seu significado?

O ponto 112 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) explica que este termo se refere à Paixão, Morte, Ressurreição e Glorificação de Jesus, acrescentando que “o Mistério pascal de Jesus (…) está no centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo”.

E “Pascal”, o que significa?

“Pascal” ou “Passover” (Páscoa judaica) – Êxodo 12:11, em Hebreu “Pesach” – refere-se ao momento em que Deus passou sobre os primogénitos de Israel poupando-os da morte, porque havia sangue de cordeiro nas ombreiras das portas das suas casas, enquanto tirava a vida a todos os primogénitos do Egipto (Êxodo 12:11-13). Jesus é o novo Cordeiro, cujo sangue livra o povo de Deus da morte eterna.

A missão de Jesus precisava que Ele sofresse, morresse, ressuscitasse dos mortos e ascendesse aos céus. Ele sempre disse que «o filho do Homem tinha que sofrer, e ser rejeitado pelos anciãos e os sumo sacerdotes e os escribas, e ser morto, e depois de três dias ressuscitar de novo (Marcos 8:31; Lucas 9:22)». A caminho de Emaús, Jesus lembrou aos dois discípulos: «Não era imprescindível que Cristo padecesse para que entrasse na sua glória?(Lucas 24:26)».

Jesus Cristo não considerou a Sua missão terminada até que tivesse dado tudo de si. Foi apenas quando firmemente pregado na Cruz que pôde dizer: «Consummatum est» – «Está consumado!(João 19:30)». “O sacrifício pascal de Cristo, dessa forma, redime a humanidade de uma maneira que é única, perfeita, e definitiva; e abre para eles a comunhão com Deus” (CCIC nº 122).

Jesus antecipou a Paixão na Última Ceia, um momento pelo qual estava ansioso: «Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da hora do meu sofrimento!(Lucas 22:15)». “Tenho desejado” (em Grego “Epithymia”) – Epithymia (Epifania) é um substantivo que significa, literalmente, com febre ou desejo intenso. O verbo “Epethymesa” significa desejar ou cobiçar. Ambos têm as mesmas raízes e a sua repetição traduz a intensidade dos sentimentos de Cristo para com a Sua hora (João 2:4). Tal aparece cerca de 25 vezes no Evangelho de João.

“Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e realiza antecipadamente a oferta voluntária de Si mesmo: «Este é o meu corpo entregue por vós», «este é o meu sangue, que é derramado…» (Lc., 22,19-20). Ele institui assim ao mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor., 11,25) do seu sacrifício e os seus Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança” (CCIC nº 120).

O que significa para nós o Mistério Pascal? Somos seguidores de Cristo. Um seguidor de Cristo também deve passar pelo mesmo. «Ele deve experimentar o Mistério Pascal na sua própria carne. Ele deve carregar a sua cruz(Mateus 10:38; Mateus 16:24; Marcos 8:34; Lucas 9:23; Lucas 14:27)».

Não nos devemos esquecer que Jesus predisse que o Filho do homem deveria ressuscitar, e Ele o fez. Assim, também os Seus seguidores ressuscitarão em vitória. O Mistério Pascal é o pacote que garante o sucesso eterno.

Um cristão só encontrará significado e propósito na sua vida quando tiver feito a sua a própria missão de Jesus, entregando-se de corpo e alma por Deus e pelos outros. “Chamando os discípulos a «tomar a sua cruz e a segui-Lo» (Mt., 16,24), Jesus quer associar ao seu sacrifício redentor àqueles mesmos que dele sãos os primeiros beneficiários” (CCIC nº 123).

Pe. José Mario Mandía

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