Em que medida a Eucaristia é diferente de qualquer outro alimento?
A Sagrada Eucaristia não é apenas sacrifício. Também é um banquete – “o banquete pascal, porque Cristo, pela realização sacramental da sua Páscoa, nos dá o seu Corpo e o seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e nos une a si e entre nós no seu sacrifício” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 287).
O altar representa Cristo e desempenha dois outros papéis (além de Ser o Ofertante ou Sacerdote): é (1) vítima sacrificial oferecida a Deus em nome do homem; e (2) alimento oferecido aos homens em nome de Deus – “O altar é o símbolo do próprio Cristo, presente como vítima sacrificial (altar-sacrifício da cruz) e como alimento celeste que se nos dá (altar-mesa eucarística)” (CCIC nº 288).
Este banquete é muito diferente das nossas “refeições terrenas”, digamos assim. Quando comemos, engolimos, assimilamos e transformamos a comida; a comida passa a ser parte de nós. Já na Eucaristia, é Cristo que nos assimila. Une-nos a Ele e uns aos outros.
E porque a Eucaristia nos transforma, somos obrigados a recebê-la, pelo menos uma vez por ano, durante o Tempo Pascal – “a Igreja recomenda aos fiéis que participam na santa Missa que também recebam, com as devidas disposições, a sagrada Comunhão, prescrevendo a obrigação de a receber ao menos pela Páscoa” (CCIC nº 290).
Que benefícios temos, ao receber Jesus Cristo? Quando recebemos Cristo, isto é, a Sagrada Eucaristia, “aumenta a nossa união com Cristo e com a sua Igreja, conserva e renova a vida da graça recebida no Baptismo e no Crisma, e faz-nos crescer no amor para com o próximo. Fortalecendo-nos na caridade, perdoa os pecados veniais e preserva-nos dos pecados mortais, no futuro” (CCIC nº 292).
O pecado venial diminui a caridade. Quando Jesus Cristo vem até às nossas almas, traz-nos amor. Assim, a chama da caridade cresce e o pecado venial desaparece. Crescer em caridade – amor a Deus e aos outros – ajuda-nos a evitar as ocasiões propícias para pecar, incluindo os pecados graves ou mortais.
Na Sagrada Comunhão, Jesus Cristo cumpre o que prometeu por intermédio do profeta Ezequiel (36: 25-28): «Então aspergirei água fresca e límpida, e ficareis purificados; Eu mesmo vos purificarei de todas as vossas impurezas e de todos os vossos ídolos. E vos darei um novo coração e derramarei um espírito novo dentro de cada um de vós; arrancarei de vós o coração de pedra e vos abençoarei com um coração de carne. Eis que depositarei o meu Espírito no interior de cada pessoa e vos capacitarei para agires de acordo com as minhas leis e princípios; e assim obedecereis fielmente aos meus mandamentos! Habitareis, portanto, na terra que Eu, pessoalmente, outorguei a vossos pais e antepassados, e sereis, de facto, o meu povo, e Eu serei o vosso Deus». Em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ 131, explicámos porque é preciso ser católico baptizado e estar em plena comunhão com a Igreja para receber a Comunhão, passe a redundância.
Mas, e os cristãos não católicos podem receber a Comunhão? O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica refere duas situações, no ponto 293, em que tal é possível: “[1] Os ministros católicos administram licitamente a sagrada comunhão aos membros das Igrejas orientais que não têm plena comunhão com a Igreja católica, sempre que estes espontaneamente a peçam e com as devidas disposições. [2] No que se refere aos membros doutras Comunidades eclesiais, os ministros católicos administram licitamente a sagrada comunhão aos fiéis, que, por motivos graves, a peçam espontaneamente, tenham as devidas disposições e manifestem a fé católica acerca do sacramento”.
E por que razão dizemos que a Eucaristia é uma “promessa de futura glória”? A Eucaristia é uma promessa de futura glória porque “nos enche das graças e bênçãos do Céu, fortalece-nos para a peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo, sentado à direita do Pai, à Igreja do Céu, à santíssima Virgem e a todos os santos” (CCIC nº 294). Esta promessa foi feita pelo próprio Jesus Cristo: «Todo aquele que comer a minha carne e beber o meu sangue tem vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia. […]Aquele que comer deste Pão viverá para sempre (João 6: 54,58)».
Pe. José Mario Mandía